6 - Briga

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Aestus e Orkan voltaram à Guilda no fim do dia, com o sol baixo no céu arroxeado, as lâmpadas da rua já acesas. Era possível ver filetes de fumaça saindo de várias chaminés das casas, com o perfume de jantares sendo preparados exalando pelas janelas. Estavam exaustos, porém com a sensação de dever cumprido. Até mesmo os contratos de coletar ervas e achar o gatinho foram cansativos, já que as áreas exploradas apresentavam algumas Criaturas para serem eliminadas.

Tiveram que lutar contra Lesmas Ácidas, Doninhas Raivosas e mais Moscas Gigantes. Pelo jeito, se havia um contrato na Guilda, havia Criaturas para serem combatidas. O que fazia sentido, já que, caso contrário, qualquer pessoa poderia fazer o serviço. Isso serviu de muito aprendizado para os dois, mas principalmente para Orkan.

A dupla abriu a porta da Guilda juntos e adentraram aquele ambiente acolhedor. Um Bardo tocava uma música em um piano, o que criava uma atmosfera agradável. As mesas estavam mais cheias nesse momento, já que a Guilda servia também de local para encontrar amigos e ter uma boa refeição, como uma taverna.

Só quando pararam no saguão de entrada que perceberam o estado em que estavam. As roupas sujas e rasgadas em vários pontos; a armadura de Aestus em frangalhos; o cabelo de Orkan todo bagunçado, com algumas folhas presas; seus rostos com manchas de terra; a mão esquerda de Aestus com uma queimadura feia causada por uma das Lesmas.

No entanto, ainda que tão maltrapilhos, não ligavam. Era assim que um verdadeiro Caçador terminava o dia (ou pelo menos era assim que eles imaginavam). Dirigiram-se ao balcão, onde Barthos já se preparava para encerrar suas atividades.

— Chegaram na hora, meninos. Pelo jeito vocês encontraram uma Lesma Ácida — Barthos supôs, corretamente, ao olhar para a mão de Aestus. O barbudo deu um assovio e fez um sinal para o responsável pelo bar, que se dirigiu ao balcão. — Esse é Waru, nosso Químico. Ele é responsável pelo bar e por fazer nossas poções. Nunca saiam para uma caçada sem um bom estoque de poções. — Ele se virou para o Químico e disse: — Waru, você teria algo pra dar um jeito nessa queimadura?

O rapaz magro e baixo ajustou seus óculos e analisou o ferimento com atenção. Sem dizer uma palavra, pegou rapidamente um frasco de seu cinto e despejou seu conteúdo sobre a mão de Aestus. Um líquido azul turquesa envolveu a área, retirando imediatamente o ardor e qualquer resquício daquela gosma que ainda o queimava. Não sobrou qualquer sinal de ferimento na pele.

— Essa é por conta da casa — Waru disse, em tom amigável, e retornou para o bar após Aestus agradecê-lo.

— Parça, se essas poções são tão potentes, por que você não usa elas pra consertar seu joelho? — Orkan dirigiu-se ao representante da Guila, um pouco mais à vontade naquele ambiente. Ele nunca tinha visto um Químico em ação.

Barthos ia dar uma resposta atravessada, mas percebeu que o garoto realmente não estava perguntando com más intenções. Ladinos eram conhecidos por serem ácidos, metidos a engraçadinhos, porém Orkan ainda era muito inexperiente.

— Depois que um ferimento já cicatrizou naturalmente, não tem magia que resolva. Eu não consegui ajuda a tempo quando meu joelho foi destruído. Por isso é sempre bom ter um Mago da Luz no seu grupo. Ou pelo menos um bom estoque das poções do Waru. — Barthos fez um sinal para o Químico, que deu tapinhas no seu cinto cheio de frascos. — Não cometam o mesmo erro que eu, meninos.

Os rapazes entregaram os contratos completos e assinados para o Cavaleiro grandalhão, que, após conferir rapidamente as informações, expressou sua surpresa:

— Nunca vi Caçadores novatos completarem quatro caçadas em um dia. Ora, é até difícil ver Caçadores experientes fazerem isso. Acho que vocês encontraram o chamado de vocês.

Os Guerreiros do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora