O interior da Guilda tinha um ar acolhedor e jovial, com algumas mesas em um canto, próximas a um bar. No lado oposto ficava o balcão de atendimento, próximo ao escritório. No andar superior havia quartos disponíveis para Caçadores de fora, que estavam em missões longe de suas cidades.
Quem comandava esta unidade da Guilda era Barthos, um Cavaleiro muito grande, com a voz alta e retumbante, que ostentava uma barba ruiva volumosa e muito bem cuidada. Ele já havia vivido seu auge, tendo se ferido gravemente em uma caçada e, por conta disso, achou melhor se aposentar e cuidar da Guilda. Valorizava muito o trabalho dos seus colegas, realizando seu ofício com entusiasmo, tentando sempre atrair novos Caçadores.
— Aestus, Orkan! Finalmente vocês dois apareceram! — bradou Barthos, abrindo os braços. Era possível ouvir sua voz facilmente em todo o prédio, talvez até fora dele. — Então, hoje é o grande dia?
Os dois rapazes confirmaram, timidamente, ainda sentindo-se perdidos. Barthos era uma figura intimidadora, apesar de ser muito simpático. Aestus estufou o peito e disse:
— Estamos prontos pra ajudar a população de Comanse! — e bateu no balcão com uma mão, fingindo confiança.
— E juntar uma grana — acrescentou Orkan, em voz baixa.
— Esse é o espírito! — Barthos respondeu orgulhoso, com as mãos na cintura. Orkan suspeitou que o grandalhão não ouviu seu comentário. — Vocês trouxeram dinheiro para a taxa de inscrição e para seus Materializadores?
Os dois responderam que sim, colocando cada um deles uma sacola pesada, cheia de cristais, sobre o balcão. Barthos começou a passar o conteúdo das bolsas em uma máquina que contabilizou o valor energético de cada cristal e somou o total posteriormente.
— Eu fico realmente contente em ver jovens virando Caçadores, sabia? — Barthos disse, enquanto terminava de fazer a contabilidade dos cristais. — O número de Caçadores de Comanse tem reduzido bastante desde que instalaram aquela mina pro norte. Eu não entendo, mas também não julgo. Ser Caçador é arriscado, acho que trabalhar nas minas deve ser muito mais seguro.
Aestus ficou visivelmente abalado ao ouvir isso, mas logo se recompôs e disse, tentando soar natural:
— Mas é muito chato. Eu até tentei trabalhar lá por um tempo, mas não consegui — e ele começou a bater os dedos no balcão, um misto de ansiedade e nervosismo.
Barthos terminou o serviço e virou para Aestus, dizendo:
— Vou ter que concordar com você, meu colega Cavaleiro. É um serviço bem entediante, mas, por outro lado, tenho que dar o braço a torcer: aquele Baruc mudou nossas vidas... Mas a que custo?
— A que custo? Como assim? — Orkan se contrapôs, de maneira enérgica. — Sem o Baruc a gente não teria nem metade das facilidades que a gente tem hoje. Esse seu contador de cristais aí é invenção dele, essas luminárias da Guilda funcionam por tanto tempo por conta da tecnologia que ele desenvolveu, os trens que correm por todo nosso continente são investimento dele...
— Sim, mas ninguém mais quer caçar Criaturas, meu jovem. As pessoas acham que só a extração das jazidas vai dar conta de tudo. A gente nem sabe que efeito essa exploração tem no nosso planeta.
— Barthos, o Baruc é um gênio! — continuou Orkan. — Eu quero ser Caçador porque gosto de um pouco de adrenalina e acho que deve ser mais lucrativo do que esses empreguinhos normais.
— Liga não, Barthos. O Orkan é meio que fã do Baruc.
— Eu entendo... — o ruivo concedeu, soando até um pouco triste. — Eu sei como era o mundo antes das invenções e descobertas desse cara. A gente já usava os cristais, mas não era tão eficiente igual é hoje. Faz tão pouco tempo, mas já não consigo mais imaginar viver sem essas facilidades todas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Guerreiros do Destino
Fantasy🧙 RPG 🦖 Batalhas ✨ Magia 💥 Aventura Seis improváveis companheiros são unidos pelo destino, aventurando-se pelo planeta no que, ao início, parece ser somente uma busca por emoção e novas experiências. No entanto, conforme novas informações são des...