3 - A primeira caçada

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O espaçamento entre as árvores ali naquele bosque não limitava muito a movimentação, mas era o suficiente para impedir a visão de alcance. Os dois rapazes seguiam adiante, sem saber muito aonde ir. Aestus já ia pedir alguma sugestão a Orkan, quando o Ladino segurou seu ombro.

Orkan levou um dedo aos lábios e, em seguida, o apontou para o ouvido, como se pedisse para que Aestus prestasse atenção ao som. Este não ouviu nada, no entanto. O Ladino lembrou que os sentidos de sua Classe eram muito mais aguçados que os dos Cavaleiros. O loiro apontou a direção para onde deviam seguir e assim eles o fizeram, mais cuidadosamente.

Após alguns metros, foi possível ver uma clareira à frente. Aestus agora conseguia ouvir um leve, porém constante, zumbido. Havia um grupo de aproximadamente 20 Moscas Gigantes. Aestus já havia visto esses insetos antes, pois alguns escapavam das florestas e invadiam Comanse. Ele viu seu vizinho derrotar uma, quando era bem mais jovem, portanto achava que estava preparado.

Seria fácil, não? Não tinha como falharem.

— São 17 — Orkan disse, acordando Aestus de seus pensamentos. — A gente dá conta delas fácil, fácil. — Orkan soava confiante, como sempre, mesmo nunca tendo entrado em combate antes.

— Ok, qual o plano?

Orkan olhou confuso para Aestus. Como assim plano?

— Não é só chegar matando? — o Ladino perguntou, estendendo os braços na direção dos inimigos. Sua confiança havia sido abalada.

— Se três dessas te atacarem ao mesmo tempo, elas fazem um estrago bem grande. — Aestus agachou e desenhou um círculo imaginário no chão. — Eu sugiro essa estratégia: eu entro por aqui, começando o ataque, e você entra por esse lado, pegando algumas pelas costas. Elas são bem ágeis, mas acho que você deve conseguir pegar várias.

Resolveram se aproximar um pouco mais, para visualizar melhor a estratégia. As Moscas eram maiores do que Orkan esperava, medindo aproximadamente 70cm de altura. Elas possuíam uma carapaça iridescente, cobertas quase que em sua totalidade por dois pares de asas translúcidas, que não paravam de bater para mantê-las no ar. O melhor lugar para atacá-las era na conexão entre o tórax e abdômen, onde seu corpo era bem mais fino e frágil.

Orkan concordou com o plano, tentando transparecer calma, quando seu interior era uma confusão de emoções conflitantes.

Depois de acertarem os detalhes do ataque, Aestus ficou em sua posição, enquanto esperava Orkan chegar ao local combinado. Resolveu testar seu Materializador, para não ser pego desprevenido sem sua espada. Ele fez um gesto com a mão direita, onde o Materializador estava equipado, virando-a para fora, concentrando-se e enviando energia para a palma da mão.

Instantaneamente, sua espada se materializou, surgindo do ar em um flash sutil. Mesmo acontecendo o que era esperado, Aestus ficou maravilhado em ver que tinha funcionado. Essa invenção era realmente muito útil, livrando os Caçadores de ficarem carregando suas armas pesadas para cima e para baixo.

Aestus olhou sua arma de cima a baixo, com orgulho. Era uma espada de duas mãos, pesada, com os gumes bem afiados. Na base do cabo da espada, havia incrustado um cristal azul herdado de sua mãe. Ela dizia que era um cristal sem nenhuma energia mágica, sendo apenas em enfeite, sem muito valor comercial. Depois que seus pais morreram, foi um modo que Aestus arranjou para se lembrar deles, para poder honrar tudo o que fizeram por ele.

— "O gentil de coração ilumina a escuridão" — murmurou. Toda vez que precisava de encorajamento, recitava o lema que sua mãe sempre repetia.

Enquanto se perdia em reminiscências, algo em sua arma chamou sua atenção. Podia jurar que a pequena pedra na base havia emitido um brilho, piscando brevemente uma luz azulada.

Os Guerreiros do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora