O término da reunião, uma barreira emocional começando a se formar.

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A reunião foi longa, e os dois inventores estavam exaustos quando retornaram ao laboratório. Viktor estava novamente sozinho, trabalhando silenciosamente enquanto as luzes fracas do laboratório iluminavam seu rosto cansado. Ele não sabia o que o estava consumindo mais: a doença que enfraquecia seu corpo a cada dia, ou a dor invisível de estar cada vez mais afastado de Jayce.

Jayce entrou, com Mel ao seu lado. Havia uma energia diferente agora. Mel olhou rapidamente para Viktor, mas logo desviou o olhar. Era claro que ela sabia que algo estava em jogo ali, algo que ela não podia controlar.

Jayce lançou um olhar rápido a Viktor antes de falar. "Estamos quase lá, Viktor. Acho que estamos perto de uma revolução." Mas sua voz estava tensa, como se estivesse tentando esconder algo. Ele parecia inseguro, talvez porque soubesse que Viktor não compartilhava da mesma visão de sucesso. Não por orgulho, mas por cansaço.

"Revolução," Viktor murmurou, seu olhar fixo em sua invenção. "Estamos brincando com forças que não compreendemos. Talvez seja isso que você não vê, Jayce. O que estamos fazendo pode destruir tudo ao nosso redor."

Jayce franziu o cenho. "Não fale assim. Precisamos continuar, e você sabe disso. Não podemos parar agora."

Viktor deu um suspiro longo, o peso da doença e da dor interna o sufocando por um momento. Ele não queria que Jayce soubesse o quão quebrado ele realmente estava. Mas as palavras saíram sem que ele pudesse evitar. "Eu sei que você tem Mel. E eu... bem, eu tenho minhas muletas." Ele olhou para sua perna, que começava a doer de novo.

Jayce ficou em silêncio por um momento, seus olhos se suavizando, mas com um toque de confusão. "Viktor... Eu nunca quis te deixar para trás."

Viktor se levantou lentamente, apoiando-se com força na muleta, seu rosto em um misto de raiva e tristeza. "Eu sei o que você quer, Jayce. Mas não posso mais ser sua sombra. Você e Mel têm algo que... não há espaço para mim."

Mel olhou de relance entre os dois, sem saber exatamente o que estava acontecendo. Mas sabia que havia algo mais entre Viktor e Jayce do que simples amizade. Ela podia ver isso, apesar das palavras não ditas.

Jayce se aproximou de Viktor, sua mão quase tocando o ombro do cientista de Zaun. "Você nunca foi uma sombra, Viktor. Você foi sempre mais do que isso. Não se afaste agora."

Mas Viktor afastou-se, seus olhos sombrios. "Acho que é tarde demais para isso, Jayce."

O silêncio pairou no ar. Ambos estavam presos em seus próprios labirintos emocionais, cada um mais distante do outro, mas ao mesmo tempo, incapazes de se libertar dessa conexão silenciosa. A revolução que eles criavam poderia mudar Piltover, mas também estava destruindo a própria aliança que os havia unido.

E, na solidão de sua oficina, Viktor finalmente se permitiu sentir o peso de sua própria dor - não apenas a física, mas a dor de um coração que, em segredo, havia se apaixonado por seu parceiro, mas que jamais teria coragem de admitir.

Quebra de tempo, dias seguintes.

O silêncio no laboratório tornara-se sufocante nos dias que se seguiram. Jayce tentava, de todas as formas, trazer de volta a camaradagem entre ele e Viktor, mas parecia que uma barreira invisível havia se erguido. Viktor estava mais reservado do que nunca, falando apenas o essencial e evitando qualquer troca que fosse além de trabalho.

Jayce sentia o vazio de forma quase física. Ele lembrava-se dos primeiros dias de sua parceria, quando as conversas fluíam naturalmente e as ideias surgiam como uma correnteza impossível de conter. Agora, Viktor parecia distante, como se estivesse a quilômetros de distância, mesmo estando a poucos metros.

Certa noite, quando Jayce chegou mais tarde ao laboratório, encontrou Viktor sentado em sua cadeira usual, os olhos fixos na pequena pedra Hextech que brilhava suavemente na bancada. O rosto dele estava pálido, ainda mais do que o normal, e havia um cansaço profundo que não podia ser explicado apenas pela doença.

"Você ainda está aqui?" Jayce perguntou, aproximando-se hesitante. Ele segurava um copo de café na mão, como uma desculpa para iniciar uma conversa.

"Alguém precisa estar," Viktor respondeu sem levantar os olhos.

Jayce soltou um suspiro e sentou-se ao lado dele, colocando o café na mesa. "Olha, Viktor... Eu sei que você está frustrado comigo. Sei que não tenho sido o parceiro que você merece ultimamente."

Viktor finalmente olhou para ele, seus olhos dourados queimando com uma intensidade que fez Jayce se encolher. "Você não entende, Jayce. Não é sobre *você*. É sobre o que estamos fazendo, o que estamos sacrificando. E, no fundo, talvez eu esteja apenas tentando entender... o que você realmente quer disso tudo."

A sinceridade na voz de Viktor atingiu Jayce como um golpe. Ele abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. Ele sabia o que Viktor queria dizer, mas não sabia como abordar o que estava realmente acontecendo entre eles.

"Eu quero o mesmo que você, Viktor. Quero criar algo que mude o mundo para melhor."

Viktor riu, um som curto e amargo que não tinha nada de humorístico. "E o que seria melhor para o mundo? Você já parou para pensar que sua definição de 'melhor' pode não ser a mesma que a minha?"

Jayce sentiu o peso das palavras de Viktor. Ele queria dizer algo, qualquer coisa, para aliviar a tensão entre eles, mas Viktor continuou, sua voz ficando mais suave, mas cheia de dor:

"Eu vi como você olha para Mel, como você se deixa guiar por ela. Eu sei que você acha que ela é o futuro, mas... talvez o futuro esteja bem na sua frente e você esteja ignorando-o."

Jayce ficou sem reação. Ele queria negar, queria dizer que aquilo não era verdade, mas as palavras de Viktor o atingiram profundamente. Havia algo na maneira como Viktor falava, algo que ele nunca tinha notado ou, talvez, nunca quis notar.

"Viktor..." Jayce começou, mas foi interrompido.

"Não precisa dizer nada," Viktor disse, levantando-se com dificuldade. "Eu não espero que você entenda. Só... me deixe terminar o que comecei antes que seja tarde demais."

Jayce sentiu um nó na garganta enquanto via Viktor se afastar, apoiando-se na muleta com cada passo. Ele queria alcançá-lo, segurá-lo, dizer que entendia, mas não conseguia encontrar a coragem. Porque, no fundo, ele sabia que talvez Viktor tivesse razão.

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