Soro Biológico

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As palavras saíram quase como um sussurro, mas eram firmes e carregadas de um peso que Jayce não pôde ignorar, ele abriu a boca para falar, mas se conteve. Ele não sabia como lidar com aquela situação. Em vezd de falar, um silêncio pesado caiu entre eles. Jayce sabia que as palavras não seriam suficientes, Jayce foi um tolo e compreendia isso, sentia que estava perdendo o parceiro e a culpa disso tudo era só dele.Ele jamais sonharia em colocar a culpa em Viktor.

"Viktor, eu só quero que você se cuide", disse Jayce finalmente, sua voz suavizada pela preocupação genuína. "Eu... eu não quero que você se perca por causa disso."

Viktor olhou para ele, e por um momento, parecia que ele iria dizer algo. Mas em vez disso, ele apenas virou as costas e caminhou em direção à sua mesa de trabalho. O ignorando completamente.

"Eu sei o que preciso fazer, Jayce", Viktor disse, sua voz agora firme.

Jayce permaneceu parado por um momento, observando Viktor, e, por fim, soltou um suspiro pesado. Ele sabia que não havia mais o que fazer, que Viktor já havia tomado sua decisão. E, de certa forma, ele sabia que não conseguiria mudá-la.

"Se você mudar de ideia, você sabe onde me encontrar", Jayce falou, antes de sair, deixando Viktor sozinho no laboratório, fechando a porta com cuidado, mas o som ainda ecoou suavemente pelo espaço vazio. Viktor não se moveu até que seus passos desaparecessem por completo. Só então ele deixou escapar um suspiro longo e cansado, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros.

Seus olhos escanearam rapidamente a sala, mas não para encontrar inspiração. Ele já sabia o que precisava fazer. Pegava de seu bolso um pequeno recipiente de vidro com um líquido brilhante e levemente pulsante em tons esverdeados. O soro biológico que ele havia conseguido na Subferia estava ali, intacto.

Viktor segurou o frasco com cuidado. Ele havia obtido aquilo em segredo. O risco de tê-lo em mãos era incalculável, mas ele sabia que a ciência não avançava sem sacrifícios. E, se para isso ele tivesse que arriscar sua própria vida, que assim fosse.

Ele colocou o frasco no centro de sua mesa e sentou-se lentamente, observando-o como se tentasse absorver toda a complexidade daquela substância apenas com o olhar. Em sua mente, ecos de sua conversa com Jayce ainda ressoavam, mas ele os afastou rapidamente. Sentimentos não tinham lugar ali. Não agora.

"Eu sou da Subferia..."  murmurou para si mesmo, repetindo as palavras que havia dito antes, com o tom baixo e decepcionado, não consigo  mesmo mas sim com Jayce.

deixando um suspiro pesado escapar, o rapaz pegava uma pequena seringa e preparou cuidadosamente uma amostra do soro, conectando-a a uma série de tubos e dispositivos em sua bancada. Ele começou a injetar o líquido em uma célula viva, observando como ela reagia através do microscópio. O processo era fascinante e aterrorizante ao mesmo tempo. As células começavam a se dividir de maneira incomum, mais rápido do que ele jamais havia visto. Porém, essa aceleração vinha com um custo. Algumas células pareciam instáveis, quase se autodestruindo antes de se recompor. Era um equilíbrio delicado, e Viktor sabia que era exatamente isso que ele teria que controlar.

"Perfeito... mas instável," murmurou enquanto fazia anotações frenéticas. Ele sabia que, para estabilizar o soro, precisaria testá-lo em um organismo vivo. E ele sabia que não podia confiar essa responsabilidade a mais ninguém.

Viktor se levantou, caminhando lentamente até outro equipamento em sua bancada. Era uma máquina que ele mesmo projetara, algo que ele chamava de "conversor biológico". Ela era capaz de integrar substâncias diretamente em seu corpo, ampliando suas capacidades físicas e reparando os danos que sua doença havia causado ao longo dos anos.

Ele hesitou por um breve momento, segurando o frasco com o soro próximo ao conversor. Sabia que o risco era enorme. Qualquer erro, por menor que fosse, poderia custar-lhe a vida. Mas ele também sabia que, sem isso, ele não teria tempo suficiente para alcançar seus objetivos. O mundo precisava de suas descobertas..mas apesar de tudo ele também queria viver uma vida longa junto ao homem que lhe causou decepção.

Sem mais hesitação, Viktor inseriu o soro no conversor e ativou a máquina. O som de energia pulsando preencheu o laboratório, e ele fechou os olhos, sentindo o calor do dispositivo envolver seu corpo. A dor foi imediata e intensa, como se cada célula de seu corpo estivesse sendo recriada. Ele segurou a mesa com força, seus dedos ficando brancos com a pressão.

Minutos que pareciam horas se passaram, e então a máquina se desligou. Viktor estava ofegante, mas vivo. Ele se levantou lentamente, sentindo algo diferente. Seus movimentos pareciam mais fáceis, sua respiração menos pesada. Ele olhou para suas mãos, observando como os pequenos tremores que sempre o atormentaram haviam desaparecido.

Ele se sentou novamente, começando a registrar tudo o que havia acontecido, cada detalhe, cada sensação. O soro era perigoso, mas era um avanço que poderia mudar o mundo, e ele estava disposto a levar isso adiante, mesmo que o custo fosse sua própria humanidade.

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