Entre as Ruínas

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O zumbido dos dispositivos preenchia o ar, a tensão crescendo a cada segundo. Sky sentiu o peso da situação, as engrenagens do cérebro tentando pensar em uma solução. O olhar de Ambessa estava fixo na mulher à sua frente, os músculos tensos, prontos para reagir. A presença dessa figura desconhecida não era algo que elas podiam simplesmente ignorar.

A mulher, por sua vez, observou ambas com um sorriso intrigado. Ela parecia confiante, quase desinteressada em qualquer resistência. Os dispositivos ao seu redor pareciam seguir suas ordens, se movendo com precisão, mas não atacando ainda. 

“Eu já vi esse jogo antes.”  A mulher falou calmamente, dando um passo à frente. “Pessoas de Piltover chegando em Zaun com boas intenções, achando que podem mudar tudo. Mas sempre acabam queimando o que tentam salvar.” 

Sky não se intimidou. Seu rosto estava sério, apesar da adrenalina correndo em suas veias. Ela respirou fundo e tentou manter a calma. 

“E você? O que quer? Não se parece com alguém que quer salvar Zaun, muito menos... o que quer destruir.” Sky provocou, tentando medir a mulher à sua frente.

A mulher riu, uma risada baixa e fria. 

“Eu sou uma... idealista. Eu vejo as falhas do sistema, vejo como a Hextech e o poder de Piltover sufocam Zaun. Mas mais do que isso, vejo uma oportunidade de dar a Zaun o que ela merece: liberdade. Não mais controlada por Piltover ou suas alianças.” 

Ambessa deu um passo à frente, mais uma vez, e seus olhos estavam perigosamente focados.  “E para isso você acha que pode destruir tudo? Acha que quebrar Zaun vai resolver algo? Vai fazer com que a cidade tenha o que merece?”

A mulher olhou para Ambessa. “Não é sobre destruir. É sobre reconstruir, Ambessa. Em cinzas, sempre se pode construir algo novo. Mas, para isso, alguns têm que cair. Até mesmo os ‘heróis’.”

Sky sentiu uma onda de raiva misturada com medo. Essa mulher não parecia preocupada com os danos colaterais, nem com o sacrifício das pessoas que sofreriam em nome de uma ideia distorcida de liberdade. Ela sabia que essa conversa estava se tornando mais perigosa a cada palavra.

“Você vai matar todos em Zaun para dar um ‘novo começo’?”  Sky perguntou, a raiva evidente em sua voz.

A mulher sorriu novamente. “Não, não todos. Só aqueles que representam as correntes que prendem Zaun. Eu vou começar com aqueles que ousam se intrometer no que não entendem. Como você.” 

De repente, os dispositivos que a cercavam começaram a se mover mais rápido, seus olhos brilhando intensamente enquanto giravam para uma nova direção. Sky e Ambessa ficaram alertas, cientes de que a situação estava prestes a piorar.

“Ambessa, você tem algum truque na manga?” Sky perguntou, um pouco mais desesperada agora.

Ambessa não respondeu de imediato. Ela estava avaliando a situação, calculando as opções que tinha. Em um movimento rápido, ela puxou um pequeno dispositivo de seu cinto. Ele era simples, mas eficaz. Com um botão pressionado, uma série de pequenas lâminas de energia se projetaram, criando uma defesa temporária.

A mulher observou, com um pequeno sorriso de desdém. “Ah, as ferramentas de um Medarda. Típico. Mas não vai adiantar. Não contra o que está por vir.” 

Antes que Ambessa pudesse responder, os dispositivos dispararam, emitindo ondas elétricas de alta frequência. A lâmina de energia de Ambessa mal teve tempo de ativar sua defesa, mas as ondas de choque estavam se espalhando por toda a sala. Sky foi jogada contra a parede, sentindo a energia percorrendo seu corpo, e ela gritou de dor.

Ambessa, com mais experiência em combate, se recuperou mais rápido, saltando para o lado, mas sabia que elas não tinham muito tempo. Ela olhou para Sky, que tentava se recompor.

“Sky!” Ambessa gritou. “Levanta, precisamos sair daqui agora!”

Sky, ainda atordoada, se levantou com dificuldade, suas mãos tremendo. Ela olhou para a mulher à sua frente e sabia que não podiam continuar nesse confronto. O risco de perder tudo era muito grande. Mas, ao mesmo tempo, não poderiam deixar que aquela ameaça se concretizasse.

Com um último esforço, Sky se levantou, jogando uma série de códigos no painel à sua frente. As luzes piscavam, mas ela conseguiu desativar parte do sistema, fazendo os dispositivos ao redor pararem de se mover momentaneamente. 

“Vamos, agora!”  Ambessa ordenou, puxando Sky para a saída.

Elas correram pelo corredor, tentando escapar dos dispositivos ainda ativos. Cada passo era mais urgente que o anterior. Sky sentia sua energia se esgotando, mas não poderia desistir. Não enquanto Zaun estivesse em perigo.

Ao longe, a figura da mulher os observava, calma como sempre, mas com um brilho predador em seus olhos.

“Não se preocupem, meninas. Tudo a seu tempo.”  Ela murmurou, desaparecendo na escuridão, antes que a última onda de energia a apagasse completamente.

Sky e Ambessa sabiam que a verdadeira batalha estava apenas começando. E Zaun, mais uma vez, estava prestes a ser o palco de algo muito maior. 

O comunicador, oculto sob sua capa, vibrou, emitindo um som baixo. Ela tirou o aparelho com calma e atendeu.

“Silco”  disse ela, sua voz agora mais suave, mas ainda carregada de uma tensão fria.

A voz do outro lado da linha veio firme, com um tom de autoridade inconfundível. 

“Como estão as coisas?” a voz de Silco perguntou, cada palavra pesada com o peso de uma ordem implícita.

“Elas estão mais espertas do que eu imaginava” respondeu a mulher, olhando para a direção em que Sky e Ambessa haviam fugido. “Mas não é nada que eu não possa controlar. Eu apenas queria testa-las  antes de mostrar o que realmente posso fazer.” 

Silco fez uma pausa, claramente avaliando as palavras dela.

“Bom. Não apresse as coisas. Elas precisam ser atraídas, não empurradas. Você sabe disso.”  Silco soou tranquilo, como se estivesse calculando cada movimento, cada detalhe. “Mas a oportunidade que você mencionou... Você tem certeza de que elas são a chave para o que estamos buscando?” 

A mulher olhou para o campo de destroços, pensativa. 

“Sky... Ela é mais valiosa do que parece. Tem laços com Piltover e uma mente afiada. Eu posso manipulá-la. Ela pode ser a chave para a nossa verdadeira revolução. A Hextech... é nossa, Silco. E se as coisas derem certo, vou trazê-la para o nosso lado.”

O silêncio na linha foi profundo. Silco não estava surpreso, mas estava ciente dos riscos. Finalmente, ele falou.

“Eu não subestimo ninguém, mas confio no seu julgamento. Faça o que for necessário para mantê-las debaixo de controle. Não deixe que o destino de Zaun caia nas mãos de Piltover, nem naquelas cientistas que acham que podem mudar tudo.” 

A mulher sorriu, seus olhos brilhando com uma confiança impiedosa.

‘Não se preocupe, Silco. Eu vou fazer isso funcionar. Vamos garantir que Zaun recupere o que é seu, e, dessa vez, sem ninguém interferindo.” 

Ela desligou o comunicador, o sorriso ainda nos lábios enquanto observava a cidade à sua frente. As sombras em Zaun estavam se tornando mais densas, e ela sabia que o caminho à frente não seria fácil. Mas com Silco, ela tinha o que precisava para fazer a revolução acontecer. 

Zaun não seria mais controlada por ninguém. A verdadeira luta estava apenas começando, e ela, mais do que ninguém, estava preparada para moldar seu futuro.

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