Havia se passado algumas semanas, Viktor havia voltado em um dia. Sem mencionar a Jayce ou sky.
Viktor sempre foi um homem de ciência, de lógica. Suas decisões, por mais radicais que fossem, sempre se basearam em evidências, em experimentação, na busca incessante por uma verdade que só ele, aparentemente, podia compreender. Mas, naquele momento, em meio à imensidão do laboratório vazio, ele se viu submerso em uma tempestade de dúvidas.
As horas haviam se arrastado enquanto ele revisava suas anotações. Ele sabia que estava perto de algo grande, talvez até maior do que poderia imaginar. Mas ao olhar para os frascos e tubos diante dele, uma sensação de repulsa tomava conta de seu corpo, uma sensação que ele não queria, mas que não podia ignorar. Ele sabia o que aquilo representava – um avanço científico, talvez, mas também uma transformação. O soro que havia utilizado não apenas o curara de sua doença, mas também o mudara de uma forma que ele não podia mais controlar.
Viktor olhou para o espelho à sua frente, seu reflexo deformado e distorcido pela luz fria das lâmpadas do laboratório. A pele roxa, a tonalidade cadavérica que tomava conta de seu corpo, era uma lembrança constante do preço que ele havia pago por sua própria sobrevivência. Ele não era mais o homem que havia entrado naquele laboratório meses antes. A doença que quase o matou agora parecia ser a menor de suas preocupações.
“Eu deveria ter parado antes”, Viktor murmurou para si mesmo, suas palavras quase inaudíveis. Mas elas estavam impregnadas de arrependimento, uma voz que ele raramente deixava surgir em sua mente. Ele sabia o que o soro significava para ele, para sua pesquisa, mas não podia deixar de sentir que havia cruzado uma linha.
O que ele tinha feito com seu próprio corpo? Ele sabia que não havia como voltar atrás. Cada célula de seu ser havia sido alterada por esse composto, transformando-o em algo... diferente. Algo que ele não reconhecia mais. Cada vez que ele se olhava, a distância entre o homem que ele era e o ser que ele se tornava parecia aumentar.
Ele se virou para as prateleiras de frascos e tubos ao redor, a substância que ele tanto buscou agora parecia apenas uma tragédia disfarçada de progresso. Ele pensou nas palavras que Jayce havia lhe dito quando o viu pela primeira vez após a mudança, a preocupação nos olhos de seu amigo – agora muito mais do que apenas um amigo. Jayce não tinha dito nada diretamente, mas Viktor sabia o que ele pensava. Ele sabia que havia algo errado. Jayce sempre foi o oposto de Viktor, com uma visão mais otimista, uma crença na humanidade que Viktor achava cada vez mais distante de sua própria visão.
Mas Viktor não podia se culpar por querer viver. Ele sabia que, ao utilizár o soro, estava fazendo o possível para se salvar. A doença que o corroía havia deixado marcas em seu corpo, mas o soro parecia ser a resposta. Mas quando ele sentiu o progresso acelerado de suas células, quando seus ossos começaram a se solidificar e seus músculos a se expandir, uma sensação de descontrole tomou conta dele. Ele pensou que tudo estava bem, que o que ele fazia era parte de um novo começo. Mas agora, ele não tinha certeza se poderia viver com essa nova versão de si mesmo.
Ele recostou-se em sua cadeira, seus olhos fixos no gráfico que exibia a evolução das células de seu corpo. O progresso acelerado parecia uma solução, mas o preço parecia mais alto do que ele imaginava. O soro estava fazendo seu corpo se regenerar, mas de maneira descontrolada. O que estava acontecendo com ele não parecia mais natural. O que antes eram células quebradas, agora estavam se multiplicando e se dividindo a uma taxa que ele não conseguia controlar. Ele não era mais humano, ou pelo menos, não no sentido que ele conhecia.
A dor que ele sentia não era apenas física, mas mental. Ele estava perdendo a conexão com seu próprio ser. Sua mente estava se fragmentando à medida que seu corpo mudava. Ele sentia como se estivesse se distanciando de tudo o que sempre conheceu, como se estivesse se tornando algo irreconhecível. Ele sentia uma desconexão, como se sua alma estivesse sendo separada de sua carne, como se ele fosse uma máquina tentando entender o que significava ser humano.
Mas o que mais lhe doía era o silêncio de Jayce. O amigo, o companheiro, parecia distante. Viktor sabia que a mudança que ele estava passando não era algo fácil de aceitar, nem para ele e, muito menos, para Jayce. Eles estavam tão próximos, tão alinhados, mas agora, havia uma frieza no ar. Viktor percebeu que, enquanto o soro o curara, ele havia distanciado as pessoas que ele mais amava.
Viktor sentiu sua mão tremer ao pegar um outro frasco contendo o soro, aquele que havia alterado seu destino. Ele olhou para o líquido brilhante e sentiu uma pontada de arrependimento. Ele não sabia mais se queria esse poder, essa cura. Ele sentia que havia jogado sua própria humanidade fora, sem nem perceber. O que ele queria agora era simplesmente voltar, voltar para quando sua vida era simples, quando sua doença ainda era uma preocupação real, mas que ele podia controlar. Agora, ele havia se perdido, e não sabia se poderia se encontrar novamente.
A angústia tomou conta de Viktor, e ele se levantou abruptamente, jogando o frasco na mesa com força. O som do vidro batendo na superfície ecoou pelo laboratório, fazendo com que ele se encolhesse. Viktor sentia o peso da sua decisão esmagando-o. Ele havia criado a cura, mas não havia criado uma maneira de parar de se transformar. Ele havia confiado demais em algo que não entendia completamente.
Ele precisava reverter isso, precisava encontrar uma solução antes que fosse tarde demais. Mas para isso, ele precisaria de ajuda, e isso era algo que ele nunca quis admitir. Viktor sempre acreditou que poderia resolver tudo sozinho, mas agora ele sabia que não seria capaz. Ele precisava voltar atrás, encontrar uma maneira de corrigir o que havia feito com seu corpo, antes que fosse tarde demais.
Ele olhou para a porta do laboratório, como se estivesse esperando que alguém entrasse. Mas ninguém veio. Jayce estava distante, talvez até mesmo assustado com o que Viktor se tornara. Viktor sabia que ele precisava ir atrás da resposta sozinho. Mas o que mais o assustava era o fato de que ele não sabia onde essa jornada o levaria. Ele temia o que poderia se tornar.
Ele se virou, indo até a mesa onde estava o equipamento necessário para preparar a solução que talvez revertesse o que o soro havia causado. Ele sabia que o processo seria complicado e arriscado. Não seria uma simples reversão, mas ele não tinha escolha. Ele estava determinado a encontrar uma maneira de salvar o que restava de sua humanidade.
Enquanto trabalhava, Viktor se perguntou quantas outras pessoas estavam sofrendo como ele, tentando encontrar uma cura para algo que os estava destruindo. Quantas outras almas perdidas estavam buscando um remédio, apenas para descobrir que, no fim, o remédio é que os destruiu? Ele havia sido esse homem, e agora, ele tinha que encontrar uma maneira de corrigir seu erro.
Enquanto misturava os compostos com precisão, ele se perguntava se ainda havia tempo para salvar a si mesmo, ou se o que ele estava fazendo apenas apressaria sua queda. A dúvida pairava em sua mente, mas uma coisa estava clara: ele não poderia mais ignorar o que havia se tornado. A transformação precisava ser revertida, ou ele se perderia para sempre.
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Além da Inovação
Fanfictionpercebo que existem poucas fanfics sobre esses dois, então decidi criar uma para alegrar quem também busca histórias sobre eles. Espero de coração que gostem! Aviso que pode haver alguns erros, e desde já peço desculpas por isso. Algumas personalida...