Estratégias

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Zaun era uma cidade de contradições. Nos becos e indústrias enferrujadas, o caos reinava. Mas para Jinx, aquele caos era como música. O ar estava pesado, cheio de vapor e a constante vibração das máquinas. Ela corria pelas ruas sujas com uma alegria quase contagiante, seu riso espalhando-se entre os edifícios como uma chama prestes a consumir tudo.

Ao lado dela, Sky e Ambessa tentavam não parecer deslocadas. Ambas eram fortes, inteligentes e, por mais que tentassem se manter sérias, sabiam que aquele não era um território fácil de dominar. As duas estavam ali em missão, buscando informações cruciais, e, se necessário, tinham que fazer com que Jinx lhes entregasse o que precisavam — não importava o preço.

“isso é tão...legal!”  Jinx gritou, fazendo uma explosão com um dispositivo que tinha em mãos, deixando pedaços de sucata voando para todos os lados. “Vamos fazer tudo explodir! Vamos, vamos!”

Ambessa trocou um olhar com Sky. Ambas conheciam o temperamento imprevisível de Jinx, mas estavam ali por um motivo maior. Ela sabia o que tinha de fazer. A situação era arriscada, mas era melhor seguir o jogo de Jinx do que ter uma surpresa mais tarde. Não tinham tempo a perder.

“Jinx?” começou Sky, tentando tomar a dianteira da conversa enquanto observava a jovem mulher saltar de um lado para o outro, como uma criança em uma loja de brinquedos. “Você já pensou nas consequências de todas essas suas explosões?”

Jinx parou abruptamente, olhando para Sky como se a tivesse realmente notado pela primeira vez. Seus olhos estavam cheios de um brilho, mas por um momento, algo parecia brilhar de forma mais fria.

“Consequências?”  Jinx riu, sua voz cheia de uma ironia não contida. “Consequências são para quem tem medo, Sky. E eu não tenho medo de nada. Eu sou a explosão, a faísca, a tempestade! Eu sou o que todo mundo teme!” ela disse, e com um gesto teatral, ergueu a mão, como se estivesse chamando uma explosão iminente.

Ambessa manteve-se em silêncio por um momento, observando Jinx com uma expressão que misturava cansaço e curiosidade. Ela sabia o que estava acontecendo ali. Sabia que estava lidando com uma mente instável, mas ao mesmo tempo, era uma mente com informação crucial.

“Silco, então…” Ambessa interveio, seu tom mais sério, sua postura mais ameaçadora.  “O que ele realmente planeja com tudo isso? O que ele quer fazer com o Hextech? Você sabe?”

Jinx parou. Havia uma pausa tensa no ar, a resposta de Jinx não vinda imediatamente. O silêncio se arrastou por um momento que parecia mais longo do que realmente era.

“Silco…” Jinx começou, o tom mais baixo agora, quase um sussurro. “Silco não é como os outros. Ele sabe que Zaun precisa se reerguer, que a cidade vai explodir em poder. Ele não está apenas tentando destruir Piltover... ele quer tomar Piltover. E o Hextech… o Hextech é a chave. Ele sabe o que fazer com isso. Vai fazer todo mundo que duvidou dele pagar. A cidade... vai cair.” 

Sky franziu a testa. O que Jinx estava dizendo fazia sentido, e também aumentava a urgência do que precisavam fazer. Eles tinham que parar o plano de Silco antes que fosse tarde demais.

“Você está dizendo que ele quer dominar Piltover com o Hextech?”  Sky perguntou, tentando não soar tão chocada, mas o peso da revelação era imenso. A cidade de Piltover nunca imaginaria que o submundo de Zaun poderia reunir tanto poder.

Jinx sorriu, um sorriso estranho, meio vago, mas com algo de perigoso. “O poder de Piltover está nas mãos de poucos, mas o de Zaun… o de Zaun está em todos os cantos, nas chamas, nas feridas, no que todos têm em suas mãos, mesmo que não saibam ainda. Silco vai dar isso a todos… vai destruir tudo que eles acham que sabem sobre controle.”  Ela fez uma pausa, e o olhar que lançou para as duas parecia ser de uma espécie de compreensão sombria. “E você vai ver. Vai ver a cidade que eles pensam que conhecem virar cinzas, uma peça de destruição.”

Ambessa mordeu o lábio. Sabia que Jinx estava falando sério. Por mais que sua mente fosse volúvel e imprevisível, ela não estava mentindo sobre isso. Silco tinha grandes planos. E não era só Piltover que corria perigo. Zaun também. O equilíbrio estava prestes a se romper de qualquer forma.

“Eu espero que o Silco saiba o que está fazendo”  Ambessa murmurou, mas seu olhar se endureceu. Ela não estava ali para discutir ideais, mas para proteger o que ainda tinha.

“Ah, ele sabe”  respondeu Jinx com um sorriso enigmático. “Ou talvez ele só goste da diversão. Mas isso é o que dá sabor à vida. A destruição. O caos. Agora vamos fazer mais um pouco disso.”  Ela olhou para Sky e Ambessa, como se estivesse esperando uma aprovação silenciosa.

Elas hesitaram, mas não poderiam mais se dar ao luxo de perder tempo. O jogo estava em andamento, e Jinx era uma peça fundamental. Ambas precisavam dela, mesmo que fosse apenas para entender mais sobre os planos de Silco e como poderiam interrompê-los.

“O que você quer fazer agora?”  Sky perguntou, tentando manter a calma enquanto olhava ao redor para qualquer sinal de perigo.

Jinx fez um gesto amplo, indicando o caos ao seu redor. “Ah, vamos dar uma volta! Vamos brincar mais um pouco! Vai ser divertido! Vamos até a velha fábrica de Shimmer, onde as coisas podem explodir de novo. E quem sabe o que mais vai acontecer?” Disse ela, rindo, enquanto partia para mais uma das suas aventuras destrutivas.

Sky e Ambessa não tinham escolha a não ser segui-la, mesmo que em seus corações soubessem que estavam jogando um jogo perigoso. A explosão de energia de Jinx contagiava, e elas sabiam que sua presença ali estava apenas alimentando o caos de Zaun. Mas elas estavam ali por um propósito maior.

Após uma longa noite de destruição e diversão caótica com Jinx, a situação ficou cada vez mais clara para Sky e Ambessa. As horas passaram voando, e ao final, as duas perceberam que precisavam sair de Zaun antes que as coisas ficassem ainda mais fora de controle.

Com o último estrondo de uma das granadas de Jinx, que fez uma pequena parte do distrito desabar, Sky e Ambessa correram para a saída da zona de festas, com Jinx ainda gritando de alegria atrás delas, mais uma vez esquecendo que sua própria vida estava sendo jogada à deriva. Elas se apressaram, sabendo que não poderiam mais perder tempo. O dia estava amanhecendo e a cidade de Piltover as aguardava.

Ao chegar à cidade alta, Sky não perdeu um segundo. Ela sabia exatamente onde ir. Correu para o laboratório de Viktor e Jayce, encontrando-os no meio de uma conversa acalorada sobre as novas descobertas no Hextech. Ao vê-la entrar, Viktor interrompeu, seus olhos atentos e alertas.

“Sky, o que aconteceu?”  Ele perguntou com urgência, notando a expressão tensa em seu rosto, o mesmo estava olhando as notícias, mas não eram o suficiente. 

Sky respirou fundo, antes de lançar as palavras que mudariam o rumo de tudo. — Zaun está se preparando para um ataque. Silco está por trás de tudo. Ele tem planos grandes, e Jinx… ela sabe de tudo. O Hextech está no centro de tudo isso, e precisamos parar o que ele está planejando agora.

Jayce olhou para ela com um ar de preocupação, enquanto Viktor franziu o cenho. Eles sabiam que o momento de agir estava se aproximando rapidamente. Mas eles também sabiam que não podiam fazer nada sozinhos.

“Então é guerra” Viktor disse finalmente, um tom grave na voz.

Sky assentiu, seu olhar firme. “E nós precisamos nos preparar para ela.”

Enquanto Sky corria para o laboratório, Ambessa seguiu um caminho diferente. Ela precisava ver Mel, sua filha. O peso do futuro do que estava prestes a acontecer parecia insuportável, e ela sabia que cada decisão a partir daquele momento tinha um impacto irreversível. Ela sabia que, apesar de tudo o que estava acontecendo, sua filha não deveria ser deixada à mercê dos ventos da guerra.

Ambessa chegou à sua casa rapidamente, onde Mel a aguardava ansiosamente. Ao ver a filha, um sorriso suave apareceu em seu rosto, mas os olhos de Ambessa estavam cansados, pesados de preocupações.

“Mel…”  Ambessa disse, abraçando a filha com força. O futuro de Zaun e Piltover já não parecia mais tão distante. O que estava por vir seria um teste para todos.

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Nota: Admiro a Jinx. Na minha visão, ela é meio descompensada, não costuma refletir muito e acaba, de fato, revelando os planos sem querer.

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