XIX

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Bella estava sentada à mesa da cozinha, com o telefone preso entre as mãos trêmulas. Anne estava ao seu lado, consultando no balcão, perguntando distraidamente na pulseira que usava. Ambos estavam em silêncio, mas a preocupação nos olhos delas era evidente.

– Ainda nada? – Anne Corte o silêncio, olhando para Bella.

–Nada. Billy só diz que ele está doente... mas ele não me deixa falar com o Jacob. É estranho, Anne. Eu sinto que tem algo errado – Bella respondeu, a voz compartilhada de angústia.

Anne franziu o cenho, claramente desconfortável com a situação. Ela conhecia Billy o suficiente para saber que ele era protetor, mas isso parecia exagerado.

– Já pensei em ir até lá? – sugeriu Anne, inclinando-se levemente para a frente. – Digo, você sabe onde ele mora. Não é como se Billy pudesse te expulsar.

Bella hesitou. – Eu já pensei nisso, mas... e ele realmente está doente? Não quero invadir o espaço dele.

Anne revirou os olhos. – Ah, por favor. Você acha que ele está com uma queixa ou algo assim? Isso é estranho, Bella. E quando algo está estranho... – Anne parou, pensativa, antes de concluir. – Bem, normalmente é porque tem algo mais profundo.

Bella lançou um olhar curioso para Anne. – Você acha que pode ser algo... sobrenatural?

Anne deu de ombros. – Não estou descartando a possibilidade. Você conhece minha vida, não é exatamente um padrão de normalidade. Mas Jacob... – Ela suspirou. – Ele é forte, Bella. Se fosse só uma febre, ele estaria bem. Talvez tenha algo mais aí.

Bella mordeu as férias inferiores, claramente dividida entre o medo e a curiosidade. – Vamos amanhã? Você vai comigo?

– Claro. Não vou deixar você sozinho. Billy pode ser teimoso, mas eu sou bem persistente.

Bella riu fraco. – Obrigada, Ana. Eu realmente não sei o que faria sem você agora.

Anne transmitiu. – Relaxa. Vamos resolver isso. Só espero que Jacob tenha uma boa explicação quando o encontrarmos.

Na manhã seguinte, Anne e Bella pegaram o velho caminhão e foram até La Push. Quando chegou, o frio da praia parecia mais pesado, quase sufocante. Anne sentiu algo estranho no ar, uma energia pulsante, quase como se algo estivesse acontecendo à espreita. Ela trocou um olhar rápido com Bella, mas manteve-se calma.

– Vamos entrar – disse Bella, determinada, enquanto saía do caminhão. Anne a seguir, os sentidos aguçados para qualquer sinal de perigo.

Billy estava sentado na varanda, e seu rosto suportou assim que o viu. – Bella, Anne... o que está fazendo aqui?

Bella foi direta. – Quero ver o Jacob. Ele não atende minhas ligações e está preocupado.

Billy suspirou, claramente incomodado. – Eu já disse, Bella. Ele está doente. Precisa de descanso.

– Que tipo de doença, Billy? – Anne interveio, cruzando os braços. – Não somos bobas. Tem algo que você não está contando, e você sabe disso.

Billy ficou em silêncio por um momento, os olhos estreitos. – É melhor vocês voltarem para casa.

Anne deu um passo à frente, uma expressão determinada. –Escuta, Billy. Jacob é importante para Bella. Se você acha que vai afastá-la com essa história mal contada, é muito enganador.

Antes que Billy pudesse responder, um barulho veio de dentro da casa. Era como um rosnado, baixo, mas profundo o suficiente para fazer o coração de Bella acelerar. Anne transparente uma sobrancelha, mas manteve a calma.

– O que foi isso? – Bella disse, com voz trêmula.

Billy fechou os olhos, claramente frustrado. – Vocês precisam ir embora. Agora.

Anne e Bella se entreolharam, mas antes que pudessem insistir, a porta da casa se abriu com um rangido. Jacob apareceu, mas ele estava... diferente. Seus olhos brilhavam de um jeito intenso, quase animalesco, e sua expressão era uma mistura de dor e algo primal.

–Bela? Ana? O que está fazendo aqui? – ele disse, a voz rouca, mas ainda inconfundível.

Bella deu um passo à frente, os olhos arregalados. – Jacob, o que aconteceu com você?

Jacob bufou, cruzando os braços com um movimento quase agressivo. Ele estava claramente incomodado com a presença de Bella e Anne.

– Vocês não deveriam estar aqui – começou ele, com voz firme e áspera. – Principalmente você, Bella. Achei que já tinha deixado bem claro que não queria falar com você.

Bella deu um passo à frente, confusa e magoada. – Jacob, o que está acontecendo? Por que você está satisfeito assim? Nós somos amigos... Você não precisa que eu trate desse jeito.

Jacob soltou uma risada amarga, balançando a cabeça. – Amigos? Bella, você não entende nada. Eu sei sobre eles. Ó vampiros. A sua nova "família". – Ele lançou um olhar gelado para Anne. – E você, a princesinha híbrida, acha que pode aparecer aqui como se fosse dona da verdade? Vocês não pertencem a este lugar. Vocês são um problema.

Anne arqueou as sobrancelhas, surpresa com a hostilidade. – O que diabos deu em você, Jacob? Eu só vim ajudar, mas pelo jeito você não quer ajuda nenhuma, quer? Quer ficar se afogando nesse comportamento patético.

Jacob Rosnou, aproximando-se de Anne com o rosto carregado de confiança. – Você acha que entende alguma coisa? Sua família é a razão de tudo isso. Eles são monstros, e você não é melhor do que eles.

Anne sentiu o impacto das palavras como um soco, mas não declarado. Ela respirava fundo, controlando a raiva que começava a surgir. – Sabe, Jacob, eu realmente esperava mais de você. Você sempre foi alguém em quem eu pensei que Bella pudesse confiar. Mas agora... agora você só parece um garoto perdido, tentando culpar os outros pelos seus próprios problemas.

Ela virou o rosto, visivelmente decepcionada, enquanto Bella olhava para Jacob com os olhos marejados, sem saber o que dizer.

– Vamos embora, Bella – Anne disse, sem olhar para Jacob. – Não vale a pena.

Anne deu meia-volta e começou a se afastar, mas algo fez parar. Quando virou seu corpo, seu olhar foi atraído por um grupo de rapazes que estavam ali perto, sem camisa, observando uma cena com olhares intensos. Era evidente que fazia parte da matilha de Jacob, mas um deles chamava sua atenção como um raio.

Seus olhos se fixaram em Paul.

Paul estava encostado em uma árvore, os braços cruzados e um meio sorriso debochado nos lábios. Mas havia algo no olhar dele, algo que fez o tempo parecer parar por um momento. Era intenso, penetrante, como se ele pudesse enxergar direto através dela. Anne tentou desviar o olhar, mas não conseguiu. Seus corações, humanos e vampiros, lutam entre si naquele instante.

Paul, por sua vez, inclinou-se a avançar a cabeça, analisando-a com curiosidade. O sorriso desapareceu, e ele endireitou o corpo, como se tivesse acabado de perceber algo que nem ele mesmo entendia completamente.

– Ana? – Bella chamou, puxando-a de volta à realidade.

Anne piscou algumas vezes e virou-se para Bella, tentando esconder o tumulto que acontecia dentro dela. – Estou bem – respondi rapidamente. Mas, enquanto caminhavam de volta ao caminhão, ela podia sentir os olhos de Paulo seguindo cada movimento seu.

E, no fundo, algo lhe dizia que aquele não seria o último encontro entre os dois.

Meu amado - Paul lahoteOnde histórias criam vida. Descubra agora