XII

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Depois de semanas tentando lidar com a ausência de Edward, Bella decidiu tentar fazer algo diferente. Para desviar um pouco da dor constante que sentia, ela convidou Jéssica e Anne para uma noite de cinema, esperando que a distração fosse ajudá-la a não pensar tanto na partida de Edward. Embora a ideia de sair com as amigas fosse reconfortante, uma parte dela ainda se sentia vazia e perdida.

No caminho de volta para casa, as três estavam conversando animadas sobre o filme, com Jéssica fazendo piadas sobre as cenas engraçadas, e Anne comentando sobre a trilha sonora. Bella caminhava ao lado delas, mas sua mente ainda estava longe. Ela estava tentando aproveitar o momento, mas a falta de Edward parecia pesar em cada passo que ela dava.

Foi então que, ao virar a esquina para a rua onde morava, Bella avistou um grupo de motoboys. O som dos motores acelerando cortou o ar, e Bella não pôde deixar de notar o perigo e a adrenalina em jogo. Ela parou por um momento, observando os homens, suas motocicletas brilhando sob a luz da lua.

Nesse momento, uma voz suave, mas intensa, ecoou em sua mente. Era a voz de Edward, como se ele estivesse ali, ao seu lado, dizendo:

- "Bella, volte para casa. Isso não é o que você quer."

Mas algo dentro de Bella, algo que ela não compreendia completamente, a impulsionou a se aproximar mais. Ela olhou para Jéssica e Anne, que ainda conversavam, distraídas, e tomou a decisão. Sem pensar, ela caminhou até um dos motoboys, que a olhou com um sorriso desafiador.

- "Você quer uma carona?" - ele perguntou, com uma risada insolente, e Bella, sem hesitar, subiu na garupa da motocicleta.

A voz de Edward, mais uma vez, sussurrou em sua mente, mais urgente agora:

- "Bella, não faça isso. Volte agora."

Mas Bella ignorou. Talvez fosse a vontade de sentir algo diferente, talvez fosse a necessidade de se sentir viva de novo, ou quem sabe, uma simples rebeldia contra a dor que ela estava carregando. O motoboy acelerou, e Bella sentiu o vento forte em seu rosto. Era arriscado, era proibido, mas naquele momento, parecia exatamente o que ela precisava.

Por alguns minutos, Bella sentiu-se em liberdade, como se estivesse quebrando todas as regras que a prendiam. Mas então, algo no fundo de sua mente a fez desacelerar. A sensação de que aquilo não era certo, de que ela estava fugindo para um lugar que não era a solução para sua dor, veio com força. Ela pediu ao motoboy para parar, e antes que ele pudesse protestar, Bella desceu da moto com pressa.

Ela olhou ao redor, o coração batendo forte, e rapidamente viu Jéssica e Anne ao longe. Elas a observavam com expressões preocupadas, mas ao mesmo tempo, parecia que a reprovação estava estampada nos rostos delas.

- "Bella! O que você estava pensando?" - Anne gritou, se aproximando rapidamente, enquanto Jéssica, com o semblante sério, balançava a cabeça.

- "O que foi isso? Você estava... você estava com um motoboy!" - Jéssica exclamou, visivelmente irritada. - "Bella, você não pode sair fazendo esse tipo de coisa!"

Bella ficou sem palavras por um momento, olhando para suas amigas. Ela sabia que elas estavam preocupadas, mas, de algum modo, a ação parecia mais uma fuga do que uma simples impulsividade.

- "Eu... eu não sei o que estava fazendo. Eu... eu ouvi a voz dele, Edward. Ele estava pedindo para eu voltar." - Bella disse, com a voz baixa, quase como se estivesse tentando justificar sua decisão.

Anne franziu a testa, confusa, mas também preocupada com Bella. Ela sabia que a dor da amiga estava mais profunda do que ela gostaria de admitir, e a ação impulsiva de Bella parecia ser mais uma manifestação disso.

- "Bella, você não pode fazer isso, não pode tentar escapar de tudo de uma vez." - Anne falou com mais calma, tentando trazer um pouco de sensatez para a situação. - "Eu sei que você sente falta dele, mas sair por aí tentando se perder em algo perigoso não vai ajudar."

Jéssica, embora visivelmente irritada, também parecia entender que Bella estava passando por algo muito difícil.

- "Eu concordo com a Anne. Eu sei que você está sofrendo, mas... não é assim que você vai superar isso, Bella."

Bella olhou para as duas, sentindo-se um pouco perdida. As palavras delas faziam sentido, mas algo dentro dela ainda não conseguia se libertar da obsessão por Edward, da necessidade de estar perto dele, mesmo que fosse de forma errada.

- "Eu... eu só queria sentir alguma coisa, qualquer coisa, que me fizesse esquecer... tudo o que aconteceu." - Bella sussurrou, a dor transparecendo em sua voz.

Anne colocou uma mão no ombro de Bella, com um gesto de apoio.

- "Eu entendo, Bella. Mas não é assim que você vai encontrar paz. Vamos voltar para casa. Juntas." - ela disse, com um sorriso suave, tentando reconfortar Bella, mesmo que as palavras parecessem pequenas diante do que ela estava sentindo.

Jéssica também se aproximou, com um olhar mais gentil, embora ainda com um toque de preocupação.

- "E você não vai fazer mais isso, certo?"

Bella olhou para suas amigas e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma sensação de aconchego. Mesmo com a dor imensa no coração, ela não estava sozinha.

- "Não." - Bella respondeu, com um suspiro pesado. - "Eu não vou mais fazer isso."

Ela sentiu que, apesar de tudo, ainda havia um caminho para seguir em frente. Não seria fácil, mas estava começando a entender que, talvez, a cura não estivesse em fugir para longe, mas em aceitar o apoio das pessoas que estavam ao seu lado, como Anne e Jéssica.

E, talvez, no final das contas, fosse isso que ela realmente precisasse: as pessoas que a amavam, para lembrá-la de que ainda havia algo para viver, mesmo sem Edward.

Meu amado - Paul lahoteOnde histórias criam vida. Descubra agora