Com a melhora de Emily, Bianca finalmente conseguiu voltar ao trabalho. Embora ainda estivesse sempre atenta ao telefone, foi um alívio perceber que o café estava em ótimas mãos. Seus funcionários eram extremamente competentes, e sua única tarefa naquele dia era aprovar uma nova ideia de bebida apresentada em uma reunião recente.
Aproveitou a tarde para marcar um encontro com Manu na cafeteria. Precisavam colocar o papo em dia, afinal, com tudo que havia acontecido, Bianca acabou se afastando um pouco. Quando se sentaram, ela começou a desabafar, contando sobre o afastamento de Diogo, o apoio incansável de Rafaella e... o beijo.
— VOCÊS SE BEIJARAM?! — Manu praticamente gritou, atraindo olhares curiosos.
— Shh! Quer que o café inteiro ouça? — retrucou Bianca, constrangida.
— Amiga... como foi? — Manu perguntou, com os olhos brilhando de curiosidade.
— Foi perfeito... — suspirou Bianca, perdida na lembrança. — Os lábios dela são tão macios... E ela é tão carinhosa, gentil, tão linda...
— Uma DEUSA! — interrompeu Manu, teatralmente.
— Estou completamente apaixonada por ela. — As palavras escaparam antes que Bianca pudesse se conter. Ficou surpresa ao ouvi-las em voz alta pela primeira vez.
Manu sorriu, compreensiva.
— Em primeiro lugar, isso é totalmente normal. Ela parece ser uma pessoa incrível, alguém que cuida de você e da Emily com todo o carinho do mundo. Você nunca foi tratada assim antes. Faz sentido que se sinta desse jeito.
— Desde a primeira vez que a vi, eu soube... Não sei nem explicar. — Admitiu Bianca, sentindo-se vulnerável. — Estou parecendo uma adolescente apaixonada.
Manu ficou encarando-a por um instante, avaliando suas expressões como se buscasse alguma certeza no que Bianca havia acabado de confessar.
— Manu, acho que preciso acabar com meu casamento — falou de repente, sentindo um frio percorrer sua espinha. Era a primeira vez que dizia isso em voz alta, e a realidade daquelas palavras a atingiu com força. — Eu não posso continuar vivendo assim, fingindo que está tudo bem quando, na verdade, não está.
Manu assentiu sem hesitar, sua expressão séria, mas cheia de compreensão.
— Amiga, eu concordo com você. Não dá para se manter presa a algo que não te faz feliz. Se você já não sente que existe mais nada ali com o Diogo, você tem todo o direito de buscar sua felicidade. Principalmente depois de tudo que você passou. Emily é muito esperta. Ela vai entender, principalmente se você estiver feliz. Ela merece ver você vivendo uma vida de verdade, uma vida onde você é amada e respeitada. Diogo pode ser o pai dela, mas isso não significa que ele precise ser o seu companheiro.
As palavras de Manu tocaram Bianca profundamente, e pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu como se estivesse no caminho certo. Havia tanto medo e incerteza em seu coração, mas, ao mesmo tempo, algo lhe dizia que essa era a decisão que precisava tomar.
No outro lado da cidade, Rafaella estava sentada em seu consultório, uma xícara de chá esquecida ao lado, enquanto desabafava com Marcela, sua amiga e confidente de longa data.
— O beijo foi perfeito — confessou Rafaella, olhando para as mãos como se revivesse o momento em cada detalhe. — Os lábios dela são incrivelmente macios e... — ela suspirou, sorrindo de leve. — Enfim, não sei o que fazer.
Marcela a observava com um olhar firme, mas compreensivo.
— Termina com o Rodolffo.
— Simples assim? — Rafaella arqueou uma sobrancelha, quase desafiando a lógica da amiga.

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Porque Eu Te Amo
Romance"Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio" William Shakespeare