Desespero

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Bianca Andrade

Acordei atrasada naquela manhã, com a mente já preocupada com a reunião que tinha agendado com os fornecedores do café. Ainda precisava deixar Emily na escola, mas, para minha surpresa, ao levantar, ouvi vozes vindo da cozinha. Quando cheguei lá, vi Emily já tomando café, e Diogo organizando tudo para ela. Ele tinha acordado cedo e cuidado de tudo, o que trouxe um raro alívio à minha rotina.

— Bom dia, princesa! — falei, dando um beijo carinhoso na bochecha dela, enquanto ela me olhava com um sorriso que iluminava o meu dia. — Bom dia, Di. Por que não me acordou?

— Bom dia, mamãe dorminhoca! — respondeu Emily, rindo.

— Você estava dormindo tão tranquila que achei melhor deixar você descansar mais um pouco. — explicou Diogo, com um meio sorriso.

Olhei para o relógio e percebi o quanto já estava atrasada.

— Tenho uma reunião agora e estou super atrasada! — exclamei, apressada. Depois, virei-me para Emily e disse com um tom mais suave: — Vamos, meu amor?

Emily assentiu animada, e em poucos minutos já estávamos prontas para sair. 

Deixei Emily na escola e fui direto para o trabalho, tentando compensar o atraso. Assim que cheguei, os fornecedores já me esperavam com o pedido. Pedi desculpas pela demora e comecei a analisar os grãos, imersa nos detalhes.

Estava no balcão, revisando as anotações dos pedidos da semana, quando o som do telefone interrompeu a conversa com um dos fornecedores. Olhei para a tela e vi o número da escola. Meu coração disparou no mesmo instante — ligações da escola sempre traziam uma carga de ansiedade, mesmo quando eram por motivos triviais. Segurei o aparelho, já sentindo um frio na barriga, antes de atender.

— Alô? — atendi, tentando soar calma, embora um nó começasse a se formar no meu estômago.

— Senhora Bianca? — a voz do outro lado parecia séria. — Aqui é a Sandra, da secretaria da escola da Emily. Ela teve um mal-estar e desmaiou durante a aula. Está na enfermaria agora.

O mundo ao meu redor pareceu parar. Meu corpo ficou tenso, como se todas as minhas funções vitais tivessem sido pausadas.

— Ela desmaiou? Mas... como assim? Ela está bem? — consegui perguntar, a voz saindo trêmula.

— Ela já está acordada, mas está um pouco abatida. Aconselhamos que a senhora venha buscá-la o quanto antes.

Mal ouvi o final da frase antes de responder:

— Estou indo agora! — desliguei, minhas mãos tremendo.

Peguei o celular novamente enquanto saía às pressas do café, discando o número de Diogo. Ele atendeu na segunda tentativa.

— Oi, Bianca. Tudo bem?

— Não! Emily desmaiou na escola, Diogo! Estou indo para lá agora. Você precisa vir também! — minha voz estava alta, quase desesperada.

— O quê? Meu Deus, eu já estou a caminho. Estou saindo do escritório agora. — A voz dele, geralmente controlada, carregava uma urgência que eu raramente ouvia.

Corri para o carro, minhas mãos ainda trêmulas enquanto ligava o motor. O trajeto até a escola foi um borrão de pensamentos confusos e medo esmagador. Minha mente tentava racionalizar: Ela estava bem hoje de manhã. Apenas cansada. Não era nada sério... certo?

Assim que cheguei à escola, estacionei de qualquer jeito e praticamente corri para a enfermaria.

— Sou a mãe da Emily! — disse, ofegante, ao entrar no espaço pequeno e iluminado.

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