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ok, agora temos um contexto

Ok, agora temos um contexto. Tweek se transformou em um rebelde cheio de rancor, e aparentemente todo esse ódio é direcionado a mim... sendo que eu nem fiz nada para merecer isso. Ou será que fiz? Não consigo evitar que essa dúvida me consuma, porque o Tweek que eu conhecia—aquele garoto ansioso, com as mãos sempre tremendo e as palavras saindo atropeladas—não era assim.

O que aconteceu com ele? Quando foi que ele se tornou essa versão completamente diferente, tão distante do garoto que costumava conhecer? Será que fui eu quem provocou isso? Será que, de alguma forma, eu sou responsável por essa mudança?

A forma como ele me olhou, como se eu fosse o próprio motivo de sua raiva, ficou gravada na minha mente. Não era só o ódio evidente; havia algo mais profundo. Mágoa? Dor? Talvez até algo que ele mesmo não conseguia explicar.

E então havia a maneira como ele se portava: as roupas exóticas, o cabelo pintado, a atitude desafiadora. Parecia que ele estava tentando gritar ao mundo que não era mais o mesmo. Mas por quê? O que aconteceu durante esses anos para ele mudar tanto?

Respiro fundo, tentando organizar os pensamentos enquanto encaro o vazio. Mesmo que eu tente ignorar, algo dentro de mim quer entender. Quer saber por que Tweek carrega tanto rancor, especialmente contra mim. Porque, no fundo, por mais que ele tente esconder, eu sei que ainda existe algo daquele velho Tweek ali. Algo que está sufocado, enterrado sob camadas de dor e revolta.

Eu quero entender. Preciso entender. Mesmo que isso signifique revisitar memórias que eu talvez prefira esquecer.

Quer saber? Um foda-se bem dado para ele. Se o Tweek quer agir como um babaca rancoroso, então que fique assim. Eu não tenho tempo nem paciência para lidar com esse tipo de atitude. Ele pode carregar essa raiva sozinho, já que claramente não quer resolver nada comigo. Não sou eu quem vai correr atrás de alguém que só sabe ser escroto.

Suspirei fundo, tentando afastar o peso daquela interação bizarra, mas, antes que pudesse realmente processar, eis que surge o glorioso filho da puta do meu primo Stan. Ele vinha pelo corredor com aquele andar despreocupado de sempre, provavelmente já tendo conversado o suficiente com o inseparável Kyle.

O Stan estava radiante, é claro. Era óbvio que, depois de ver o "namoradinho" dele, o Kyle, ele ficaria todo animado. Bastava um olhar de longe para notar o brilho nos olhos e o sorriso bobo estampado no rosto. É quase patético, para ser sincero. Ele age como se o mundo inteiro desaparecesse quando está perto do Kyle. É sempre a mesma coisa: um Stan feliz demais e completamente alheio ao resto ao redor.

Mas, sério, dá pra perceber de longe que esses dois têm algo mais do que só amizade. Não importa o quanto neguem ou façam questão de disfarçar, é evidente. O Stan não fica assim com mais ninguém. Quando o Kyle está por perto, ele praticamente flutua, como se tivesse ganhado na loteria ou algo assim. E, enquanto ele vive nessa bolha de felicidade, eu fico aqui, lidando com minhas próprias complicações e sem paciência para assistir esse show de sorrisos apaixonados.

Depois de um dia tão exaustivo, o cansaço começou a pesar em cada músculo do meu corpo. A noite já estava caindo e, com isso, a sensação de que eu realmente precisava de um descanso. O Stan, por outro lado, já estava completamente alucinado. Ele não parava de falar sobre o Kyle e, francamente, minha paciência estava no limite. Eu sabia que, se eu continuasse ali, iria explodir de raiva. O maldito não percebia o quanto estava me irritando com aquele comportamento infantil e exagerado.

Não pensei duas vezes. Puxei ele pelo cabelo, de forma que ele se assustou, mas também parou de falar por um momento. Ele olhou para mim com uma expressão confusa, mas não disse nada. Sem querer perder mais tempo, comecei a arrastar ele para o nosso quarto. Eu não me importava com o que ele pensava naquele momento; eu só queria que ele calasse a boca e que a noite finalmente acabasse.

the constellations unite usWhere stories live. Discover now