VI

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Ok, tinha tudo para dar errado. Tudo mesmo.

Nosso primeiro dever em grupo foi a prova viva disso. O professor, provavelmente inspirado pelo próprio demônio, achou que seria uma ótima ideia nos obrigar a trabalhar juntos. E lá estava eu, sentado com Tweek, Cartman e Marjorine, tentando fazer o maldito trabalho enquanto segurava minha paciência por um fio.

Estava tentando escrever a introdução, focado nas ideias principais e ignorando os cochichos irritantes ao meu redor, quando Cartman decidiu abrir a boca, como sempre.

"Isso tá tudo errado," ele disse, apontando para o papel com um sorriso sarcástico. "Quem te ensinou a escrever, hein? Um chimpanzé bêbado? Porque parece que você tá tentando inventar um novo idioma."

Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo. "Se você acha que tá ruim, por que não tenta fazer melhor?" rebati, empurrando o papel na direção dele.

Ele pegou a caneta com um ar arrogante e começou a rabiscar no meu texto. Rabiscos, literalmente. A letra dele parecia mais garranchos do que palavras. Era tão carrancuda e horrorosa que eu precisei inclinar a cabeça para entender o que ele tinha escrito.

"Isso aqui é uma letra ou um acidente de carro?" perguntei, levantando uma sobrancelha. Cartman apenas deu de ombros. "É melhor que o lixo que você tava fazendo, Tucker."

Do outro lado da mesa, Marjorine suspirou dramaticamente, cruzando os braços enquanto olhava para o texto com olhos críticos. "Ai, gente, não tá certo. O sentido disso aqui tá todo errado!" Ela começou a falar de estrutura, coerência, e mais algumas coisas que pareciam complicar o dobro do que já era difícil.

"Perfeccionista, eu não tô escrevendo um poema," murmurei, tentando manter a calma enquanto puxava o papel de volta. Ela fez uma careta, como se eu tivesse insultado a rainha da Inglaterra, mas não respondeu.

E o Tweek? Estava fazendo em OUTRA FOLHA, porque não quis nem se dar ao trabalho de fazer com a gente. Quando eu perguntei pra ele, ele me respondeu da pior forma possível. Esse cuzão não sabe o que fazer e eu é que tô tentando AJUDAR ELE!

"Tá bom, chega," declarei, batendo a mão na mesa. "Se todo mundo vai reclamar e ninguém vai fazer nada, eu vou fazer sozinho. Melhor isso do que ficar ouvindo vocês."

Cartman riu. "Boa sorte com isso, Craig. Quando o professor te der um F, não diga que eu não avisei."

Marjorine suspirou de novo, como se estivesse participando de um drama de novela. E Tweek... Ele só murmurou algo que não consegui ouvir, mas parecia ser algo como: "Isso não vai acabar bem."

E ele estava certo. Nada naquele grupo tinha chance de acabar bem.

"Por que a gente não separa em partes?" Tweek finalmente quebrou o silêncio, sua voz carregada de impaciência. Ele olhou para todos nós, mas principalmente para Cartman, como se já estivesse prevendo a resistência. "Cada um faz uma parte, não é mais fácil? Mas com uma condição: todo mundo tem que ficar CALADO. Principalmente você, Cartman. Porque criticar não vai fazer o trabalho magicamente aparecer."

Todos nós ficamos em silêncio por um momento, surpresos. Tweek, normalmente tão nervoso e retraído, tinha finalmente perdido a paciência e colocado ordem no caos. E, honestamente? Não era uma ideia ruim. Pela primeira vez, ele tinha feito algo que prestava.

"Tá bom, beleza," falei, dando de ombros. "Dividir as partes é melhor do que continuar nesse inferno."

Marjorine concordou com um aceno de cabeça, ajustando os cabelos loiros cintilantes e finalmente soltando a postura crítica. "Desde que cada um faça direito a sua parte, eu concordo."

the constellations unite usWhere stories live. Discover now