O chamado da floresta

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Era uma tarde quente de verão, e o vento ainda trazia o cheiro de terra fresca da floresta. Eu, Rayssa, Felipe e Júlia estávamos reunidos na casa de campo de Júlia, uma velha casa que ficava na borda da cidade. A conversa tinha começado de maneira leve, como sempre, até que alguém mencionou a trilha da velha floresta.

"Já ouviram falar na lenda do caminho perdido?" Felipe perguntou, segurando uma lata de refrigerante enquanto se acomodava na cadeira de balanço.

Júlia olhou para ele com um sorriso cínico. "Claro, todo mundo já ouviu. Dizem que quem entra na floresta nunca mais volta. Ou que o tempo lá não passa como aqui."

"Mas ninguém nunca se atreveu a realmente investigar", Isabela completou, com um brilho curioso nos olhos. "Eu mesma tenho vontade, mas sempre fico com aquele pressentimento de que não é boa ideia."

"Eu já ouvi histórias dos meus avós sobre o lugar", Rayssa disse com um tom de brincadeira, mas também com uma leve tensão na voz. "Dizem que lá é como um portal. Se você entra, nunca sabe o que vai encontrar. E é isso que me atrai."

Todos nós rimos, mas no fundo havia uma sensação estranha, como se o lugar realmente escondesse algo além da imaginação.

"Então, vamos investigar. Vamos fazer uma expedição", eu disse, já me deixando levar pela ideia.

Rayssa sorriu para mim, aquele sorriso travesso que sempre me fazia ficar sem palavras. "É isso aí, Isa. Vamos ver o que o desconhecido nos reserva."

Depois de uma rápida troca de olhares, todos concordaram. Não sabíamos o que estávamos buscando, mas a aventura parecia irresistível.

A noite caiu rápido e a luz da fogueira iluminava os nossos rostos enquanto nos preparávamos para a expedição. Pegamos lanternas, mochilas e alguns mapas antigos da área. Com a lua cheia acima de nós, começamos a andar pela trilha em direção à floresta, nossos passos ecoando no silêncio da noite.

A floresta era densa, as árvores se entrelaçando como se quisessem nos engolir. O caminho era estreito e mal iluminado pela luz das lanternas. À medida que nos aprofundávamos, uma sensação de desconforto foi se formando, mas também havia uma empolgação no ar, uma promessa de algo inesperado.

Felipe, sempre o cético, tentava manter a calma. "Vamos, gente. Não vamos nos deixar levar por superstições. Deve ser só uma história."

Mas algo nos dizia que não era. Cada passo parecia nos afastar mais da realidade. A escuridão parecia mais profunda, o silêncio mais pesado.

Rayssa, que estava na frente, parou de repente. "Algo não está certo", ela murmurou, seu olhar fixo em algo à frente. Nós nos aproximamos, e o que vimos fez o sangue em nossas veias gelar.

À nossa frente, havia uma porta feita de cipós e madeira, uma entrada para algo que não parecia parte deste mundo. A trilha parecia desaparecer ali, como se estivesse nos desafiando a entrar. Não havia como voltar atrás.

"Isso não está no mapa", Júlia disse, sua voz mais baixa do que o normal.

Isabela, ao meu lado, apertou minha mão. "O que a gente faz agora?"

Antes que alguém pudesse responder, a porta se abriu lentamente, como se fosse convidativa, como se estivesse nos chamando.

Eu olhei para Rayssa, que me deu um sorriso nervoso, mas decidido. "Vamos descobrir o que há do outro lado?"

"Sim", eu disse, sentindo um misto de medo e excitação. "Estamos juntos nisso."

A porta se fechou atrás de nós quando cruzamos para o outro lado, e o som das árvores se foi. O mundo à nossa volta estava completamente diferente, como se estivéssemos em outro lugar, ou talvez em outro tempo.

O que começava como uma simples expedição se tornava cada vez mais uma jornada sem volta. A Rota para o Desconhecido havia nos capturado.

Rota para o desconhecido - Rayssa LealOnde histórias criam vida. Descubra agora