Rota para o desconhecido - Rayssa Leal

Entre verdades e silêncios

Os dias passaram, e o ambiente começou a mudar. Ainda estávamos presos nessa busca incessante por respostas, mas agora havia algo mais entre nós. Eu sentia cada olhar de Rayssa, cada toque breve, como se fossem pequenos lembretes de tudo o que confessamos. E mesmo que a tensão dos mundos paralelos continuasse a nos cercar, eu me sentia mais conectada a ela do que nunca.

Júlia e Felipe não estavam deixando passar despercebido. Eles lançavam olhares cúmplices e, de vez em quando, deixavam escapar comentários que me faziam corar. "Vocês duas estão mais próximas do que nunca, hein?" Felipe brincou certa manhã enquanto caminhávamos pela floresta.

Rayssa apenas riu, mas eu senti minhas bochechas queimarem. "Talvez," ela respondeu de forma enigmática, seu tom brincalhão, mas com um subtexto que só eu podia entender.

Júlia, claro, não perdeu a oportunidade. "Olha, Felipe, eu acho que estamos presenciando um romance épico aqui. Melhor do que qualquer filme que já vimos."

"Vocês dois vão ficar quietos algum dia?" Rayssa disse, tentando soar irritada, mas não conseguindo esconder o sorriso.

Mas, por mais que esses momentos fossem leves, havia algo que me incomodava. Rayssa parecia preocupada. À noite, enquanto todos descansavam, eu a via sentada, olhando fixamente para o mapa que estávamos seguindo. Sua expressão era um misto de determinação e medo.

"Você está pensando em algo, não está?" perguntei uma noite, sentando ao seu lado.

Ela suspirou, não desviando os olhos do mapa. "Sempre. Mas agora... estou pensando se estamos preparados para o que vem a seguir. E se algo acontecer com você, Isa..." Sua voz falhou, e ela finalmente olhou para mim. "Eu não sei se conseguiria suportar."

Meu coração apertou. Rayssa sempre teve essa fachada de força, mas eu sabia que por dentro ela carregava seus próprios medos. Eu peguei sua mão, apertando suavemente. "Nós vamos enfrentar isso juntas, lembra? Você não está sozinha, Rayssa. E eu não vou a lugar nenhum."

Ela deu um pequeno sorriso, mas seus olhos ainda mostravam preocupação. "Eu só quero que você saiba que... eu faria qualquer coisa por você, Isa. Qualquer coisa."

"Eu sei," respondi, minha voz baixa, mas cheia de sinceridade. "E eu faria o mesmo."

Ficamos assim por um tempo, apenas apreciando a presença uma da outra. Mas, no fundo, eu sabia que algo grande estava se aproximando. E, juntos, teríamos que enfrentar o que quer que fosse.