Toques e olhares

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A tensão no ar parecia mais densa, como se algo estivesse prestes a acontecer a qualquer momento. Mas não era apenas o ambiente ao nosso redor que me fazia sentir esse nervosismo crescente. Era Rayssa. Ela estava ao meu lado, sua presença mais forte do que nunca, e cada toque, cada olhar que trocávamos parecia eletrificar o espaço entre nós.

Seguíamos por uma trilha íngreme, o caminho estreito e sinuoso, mas eu só conseguia pensar em uma coisa: Rayssa. O jeito como seus dedos se entrelaçaram nos meus logo antes de começarmos a caminhar, como se quisesse me proteger de algo que eu nem mesmo entendia direito. O calor de sua mão na minha era reconfortante, mas ao mesmo tempo me fazia sentir um turbilhão dentro de mim.

Felipe e Júlia estavam à frente, conversando sobre algo que não me interessava no momento, mas eu sabia que eles estavam nos observando. O jeito como seus olhares se encontravam de vez em quando, como se tentassem entender a dinâmica entre nós. Não ajudava que, a cada vez que eu olhava para Rayssa, eu sentisse um desejo crescente de estar mais perto dela.

Rayssa parecia saber o que se passava dentro de mim. Cada vez que nossos olhares se cruzavam, ela sorria suavemente, e eu sabia que ela estava sentindo o mesmo. Mas havia algo no olhar dela, algo de indecisão. Ela estava hesitando, como se tivesse medo de dar o próximo passo. E eu não sabia se era o medo dela ou o meu, mas estávamos os dois presos em um jogo de toques e olhares.

Em um momento, quando passamos por uma pequena árvore, Rayssa se aproximou de mim, o braço dela roçando no meu. Algo tão simples, mas que me fez parar por um segundo, o coração batendo mais rápido. Ela percebeu o efeito que isso causou em mim e, com um olhar ligeiramente nervoso, olhou para mim como se quisesse dizer algo, mas não encontrou as palavras.

Eu queria dizer algo. Queria gritar que estava me apaixonando por ela, mas as palavras se perderam na minha garganta. Não era o momento, não com nossos amigos por perto, e eu não sabia o que Rayssa sentia. O que eu sabia era que, a cada toque, a cada gesto, aquilo que começava como um simples aconchego estava se transformando em algo mais forte, mais profundo.

Felipe e Júlia estavam mais distantes agora, e eu finalmente consegui me concentrar apenas nela. Rayssa parou por um momento, olhando fixamente para o horizonte, mas eu não conseguia tirar os olhos dela. O brilho em seus olhos, a maneira como seu cabelo balançava com o vento, a suavidade de seu sorriso... tudo parecia tão perfeito, tão perto e ao mesmo tempo tão distante.

"Rayssa..." murmurei, e ela virou a cabeça para me encarar. Os dois ficamos parados por um momento, o som do vento entre nós, e então, sem pensar, dei um passo mais perto dela. A conexão entre nós era palpável, e não pude evitar.

Ela não recuou. Pelo contrário, ela deu um passo à frente também, até que nossos corpos estavam quase colados. O mundo ao nosso redor desapareceu, e só restava aquele instante, aquele espaço pequeno entre nossos rostos.

"Isabela..." Rayssa sussurrou, seus olhos fixos nos meus, tão próximos que pude sentir a respiração dela. Ela parecia prestes a dizer algo, mas então, como se uma força invisível tivesse nos interrompido, ela deu um passo atrás, seu sorriso desconcertado.

Eu queria que ela tivesse ficado. Queria que ela tivesse dado o próximo passo, mas parecia que o medo de ambos ainda estava nos impedindo. Mesmo assim, a proximidade, os toques furtivos e os olhares trocados diziam tudo o que as palavras não podiam expressar.

Júlia e Felipe, que haviam parado um pouco à frente, pareciam perceber a tensão. Eles estavam olhando para nós, como se estivessem tentando entender o que estava acontecendo. Felipe levantou uma sobrancelha, e Júlia, com um sorriso disfarçado, fez um gesto sutil com a cabeça, como se dissesse: "Eu sabia."

Rayssa e eu nos afastamos um pouco, mas o calor da troca ainda estava no ar. Cada vez que ela tocava minha mão ou se aproximava, meu coração disparava. A sensação de que estávamos à beira de algo mais, de algo que não podíamos mais negar, estava ficando cada vez mais forte.

"Vamos seguir em frente. Não estamos sozinhas, lembra?" Rayssa disse, quebrando o silêncio, tentando retomar a normalidade, mas ainda com o olhar fixo em mim.

Eu sorri, mas o sorriso não era o de antes. Havia algo mais ali, algo que não podia ser ignorado. "Sim, vamos. Juntas."

Aquele momento, embora breve, estava gravado na minha mente, como se fosse o prenúncio de algo que não poderia mais ser controlado.

Rota para o desconhecido - Rayssa LealOnde histórias criam vida. Descubra agora