Primeiros olhares

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A rotina no colégio começava a se formar, mas a sensação de ser a novata ainda me acompanhava. Caminhar pelos corredores era sempre uma mistura de curiosidade e tensão.

Naquela manhã, como de costume, sentei-me no pátio enquanto aguardava o início da aula. Júlia apareceu com seu sorriso radiante e uma energia que parecia nunca acabar.

— Ei, Lanna! Posso sentar? — ela perguntou, sem esperar pela resposta e já ocupando o lugar ao meu lado.

— Claro, Júlia — respondi, rindo de sua espontaneidade.

Ela começou a falar sobre um vídeo viral que havia assistido na noite anterior, suas mãos gesticulando exageradamente enquanto ela ria sozinha. Era fácil me sentir confortável com ela.

Foi quando Rayssa passou, seu skate debaixo do braço, rindo c9m os amigos e com a blusa do colégio. seus olhos brilhavam intensamente. Ela me viu e, por um breve segundo, parecia que o tempo havia desacelerado. Rayssa deu um leve aceno de cabeça e um sorriso discreto antes de seguir seu caminho.

— Rayssa é meio extrovertida né? — perguntei, quebrando o silêncio que ficou no ar.

Júlia deu de ombros.
— É o jeito dela. Mas, quando ela confia em alguém, é super legal. Quem sabe você não seja uma dessas pessoas? — ela piscou, divertida.

A conversa foi interrompida pelo sinal que anunciava o início das aulas. Enquanto caminhávamos para a sala, percebi que o olhar de Rayssa me seguia à distância. E não era o único.

***
Ao longo do dia, as interações foram se acumulando. Júlia me ajudava com os materiais, inventava desculpas para passar o tempo comigo, enquanto Rayssa, mais sutil, parecia estar em todos os lugares onde eu ia, sempre com aquele olhar observador.

No final da aula, Rayssa se aproximou, encostando-se na parede perto de mim.
— Você se adaptou rápido — ela disse, a voz baixa e calma.

— Ainda estou me acostumando, mas acho que está indo bem — respondi, tentando ignorar o leve nervosismo que surgia sempre que ela estava por perto.

Ela sorriu de lado e deu um passo para trás.
— Se precisar de algo, sabe onde me encontrar.

E assim, ela se foi, deixando-me sozinha com meus pensamentos e um coração que começava a acelerar de forma preocupante.

***
Mais tarde, Júlia me puxou para uma cafeteria próxima ao colégio. Ela insistiu que eu precisava experimentar o milk-shake de lá.

— Então, Lanna... — ela começou, após o primeiro gole. — Já percebeu que tem gente interessada em você?

Fiquei sem reação por um momento, tentando disfarçar o rubor que subia em meu rosto.
— O quê? Do que você está falando?

Ela riu.
— Só estou dizendo que tem gente que está te observando mais do que deveria. E, olha, eu mesma não sou imune — ela brincou, piscando novamente.

Meu coração parecia uma montanha-russa. Entre Júlia e Rayssa, era difícil ignorar o fato de que ambas estavam me deixando cada vez mais confusa.

A briga entre corações- Rayssa LealOnde histórias criam vida. Descubra agora