Preocupações crescentes

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Enquanto a casa da Rayssa ainda estava envolta em um clima de tensão, uma nova preocupação começava a se formar: minha família. Eu havia passado a noite ali, e agora o dia seguia sem que eles tivessem notícias de mim. Não era algo comum, e conhecendo minha mãe, ela já devia estar à beira de um ataque de nervos.

Rayssa estava sentada no sofá comigo, sua mão descansando firme sobre minha cintura, me mantendo próxima. Haroldo estava ao telefone, com a testa franzida, tentando resolver alguma coisa enquanto Lillian lavava a louça, mas com o olhar constantemente voltado para mim, como se me vigiasse de longe.

Foi quando meu celular, jogado na mesinha de centro, começou a vibrar incessantemente. Rayssa esticou a mão, pegando-o antes de me entregar.

— É sua mãe... — ela disse baixinho, o tom cauteloso.

Eu encarei a tela, hesitando. Só de pensar em ouvir a voz dela, toda preocupada e provavelmente irritada, minha respiração já começou a acelerar. Rayssa percebeu, claro, e apertou minha mão com mais firmeza.

— Quer que eu atenda? — ela ofereceu, tentando aliviar o peso que parecia crescer em meus ombros.

Eu balancei a cabeça, finalmente tomando coragem para deslizar o dedo na tela e atender.

— Mãe...

— Lanna, onde você está? — a voz dela veio rápida, tensa. — Eu já te liguei mil vezes! Você não voltou pra casa, nem deu notícias!

— Eu... eu tô bem, mãe. Tô na casa da Rayssa — minha voz saiu fraca, quase um sussurro.

Do outro lado da linha, ouvi ela suspirar profundamente, como se tentasse controlar as emoções.

— Na casa da Rayssa? Lanna, você sabe o quanto eu fiquei preocupada? Não é só você que tá nervosa com tudo isso que tá acontecendo! Você deveria ter me avisado! — o tom dela era uma mistura de alívio e frustração.

Rayssa pegou o telefone da minha mão com cuidado.

— Oi, dona Clara, aqui é a Rayssa. Desculpa, foi um erro meu não ter avisado também. Lanna passou mal ontem à noite, e achamos melhor ela ficar aqui com a gente. Prometo que cuidamos dela.

Houve um silêncio do outro lado, e então minha mãe respondeu, com uma voz um pouco mais calma:

— Obrigada, Rayssa. Mas eu preciso ver minha filha. Ela precisa vir pra casa.

Antes que Rayssa pudesse responder, Haroldo, ainda ao telefone, virou-se para nós.

— Clara, é você? — ele perguntou, e Rayssa entregou o telefone para ele. — Sim, sua filha passou por um momento difícil aqui, mas está sendo cuidada. Acho que seria bom ela passar mais um tempo com a gente, até se sentir melhor.

A conversa entre Haroldo e minha mãe continuou, mas eu já não ouvia direito. O peso do que minha mãe tinha dito, a preocupação dela, começou a me consumir. Meu coração disparou, e a sensação familiar de pânico começou a subir novamente.

— Ray... — murmurei, agarrando o braço dela.

— Ei, calma, Lanna, respira — Rayssa sussurrou, me puxando para mais perto.

Arthur, que estava no canto da sala brincando, olhou para mim com preocupação. Ele se aproximou devagar e segurou minha mão pequena.

— Lanna, não precisa ficar triste. A gente gosta muito de você aqui — ele disse, o tom inocente, mas cheio de carinho.

Haroldo terminou a ligação e voltou para a sala.

— Sua mãe concordou em te deixar aqui mais um pouco, mas ela quer que você ligue pra ela todos os dias, Lanna — ele disse, seu tom firme mas gentil.

Lillian entrou na sala com um copo de chá, sentando ao meu lado.

— Vamos lidar com isso um passo de cada vez, tá bom? — ela disse, me entregando o copo. — Sua família só quer o melhor pra você, assim como nós.

Rayssa me segurou com ainda mais firmeza, e eu soube que, pelo menos naquele momento, não estava sozinha.

A briga entre corações- Rayssa LealOnde histórias criam vida. Descubra agora