A noite parecia interminável. O quarto estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som irregular da minha respiração. Eu estava imóvel, mas por dentro, uma tempestade devastava tudo. Os comentários, as mensagens, os olhares julgadores, tudo isso se repetia na minha cabeça como um eco cruel e incessante.
Deitada ao lado de Rayssa, tentei encontrar conforto, mas o peso no peito só aumentava. De repente, comecei a sentir como se o ar estivesse sendo sugado para fora do quarto. Meu coração disparou, e minhas mãos começaram a tremer descontroladamente. Antes que eu percebesse, minhas unhas estavam arranhando meus braços, tentando desesperadamente aliviar a dor invisível.
— Lanna? — Rayssa sussurrou, a voz ainda sonolenta, mas cheia de preocupação.
Ela rapidamente se sentou, ligando o abajur ao nosso lado. Seus olhos, agora completamente despertos, ficaram arregalados ao me ver naquele estado.
— Amor, o que tá acontecendo? — ela perguntou, a voz falhando levemente.
Eu queria responder, mas as palavras não saíam. Era como se meu corpo estivesse em uma prisão, controlado pelo pânico. Rayssa se aproximou rapidamente, tentando segurar minhas mãos, mas eu continuava me debatendo, arranhando ainda mais meus braços.
— Lanna, para! Por favor, para! — Rayssa suplicava, lágrimas já começando a surgir nos olhos.
O som do meu choro e das minhas tentativas desesperadas de respirar encheu o quarto. Rayssa, em um ato desesperado, me puxou para o seu colo, segurando meus braços com firmeza.
— Por favor, não faz isso. Não se machuca, Lanna. Eu tô aqui, olha pra mim! — ela disse, com a voz trêmula.
Mas eu não conseguia. Minha visão estava turva, os soluços eram incontroláveis, e o pânico só aumentava. Rayssa começou a chorar, sua cabeça encostada na minha enquanto ela tentava manter a calma.
Nesse momento, Arthur apareceu na porta, com os olhos arregalados e a voz hesitante.
— Rayssa... o que tá acontecendo com a Lanna?
— Arthur, chama a mamãe! Agora! — Rayssa gritou, tentando segurar o próprio desespero.
Poucos minutos depois, Lillian e Haroldo entraram correndo. A expressão de Lillian se encheu de preocupação, enquanto Haroldo pegou o telefone, claramente pronto para ligar para a ambulância.
— Haroldo, não! — Rayssa gritou, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Não leva ela!
— Rayssa, olha pra ela! — ele rebateu, segurando o telefone com força. — Ela tá machucada, tá em pânico!
— Eu sei, mas eu posso ajudar! Ela precisa de mim! — Rayssa implorou, sua voz quebrando completamente.
— Rayssa... — Lillian se aproximou, tentando manter a calma. — Vamos todos ajudar.
Lillian sentou ao meu lado, segurando minha mão enquanto Rayssa ainda me mantinha próxima. Haroldo suspirou, abaixando o telefone, mas claramente ainda nervoso. Arthur voltou, trazendo um copo de água, os olhos brilhando de preocupação.
— Lanna, você tá bem? — ele perguntou com a voz inocente, colocando o copo ao meu lado.
Rayssa olhou para ele com um sorriso triste, passando a mão nos cabelos dele.
— Obrigada, Arthur. Fica aqui com a gente, tá?
Arthur assentiu e sentou ao meu lado, segurando minha mão pequena entre as dele.
Julia e Pedro, que estavam na porta, observavam tudo em silêncio. Mas Rayssa, agora tomada pelo desespero, virou-se para eles.
— Isso é culpa de vocês! — ela gritou, apontando com raiva. — Vocês não tinham o direito de pressionar a Lanna daquele jeito!
Julia tentou responder, mas as palavras ficaram presas na garganta. Pedro abaixou a cabeça, claramente arrependido, mas não disse nada.
— Vocês acham que foi só uma brincadeira? Olha pra ela! — Rayssa continuou, o tom de voz subindo. — Vocês quase a destruíram!
Lillian tentou acalmar a situação, colocando a mão no ombro de Rayssa.
— Rayssa, calma. Isso não vai ajudar a Lanna agora.
Mas Rayssa balançou a cabeça, ainda com lágrimas caindo.
— Eu tô com medo, mãe. Medo de perder ela...
Essas palavras saíram baixas, quase inaudíveis, mas o peso nelas era inegável. Rayssa me apertou ainda mais, e foi nesse momento que eu comecei a sentir o ar voltar lentamente. O calor do corpo dela, o som de sua respiração entrecortada e suas palavras cheias de amor começaram a me puxar para fora do abismo.
Finalmente, depois de minutos que pareceram horas, os soluços começaram a diminuir. Mas as lágrimas continuavam caindo. Rayssa beijou minha testa, ainda chorando.
— Eu tô aqui, Lanna. Eu nunca vou sair do seu lado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A briga entre corações- Rayssa Leal
FanficEu me mudei para Imperatriz, uma cidade que, ao que parecia, não tinha nada de diferente das outras. A princípio, o colégio parecia grande demais para uma garota como eu, que ainda tentava se adaptar a tudo. Mas o que realmente me pegou de surpresa...