No limite da angústia

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A noite não foi fácil. Mesmo com Rayssa ao meu lado, segurando minha mão e me oferecendo conforto, algo dentro de mim não parava de se revirar. O calor da casa da Rayssa não era suficiente para aquecer o turbilhão de emoções que eu estava sentindo. Eu estava cansada, mas não conseguia dormir. O peso do mundo parecia estar sobre mim.

Rayssa não saiu do meu lado. Ela ficou ali, a maior parte da noite, fazendo o possível para me manter tranquila. Mas, no fundo, eu sabia que ela também estava sofrendo. Ela tentava manter a calma para mim, mas as lágrimas eram difíceis de conter. Eu podia sentir o seu coração apertado, como se ela estivesse carregando toda a dor que eu sentia. Isso só fazia tudo piorar, porque não queria que ela sentisse isso por minha causa.

"Lanna..." Ela sussurrou, quebrando o silêncio da noite. Eu estava deitada, olhando para o teto, e ela estava ao meu lado, seus dedos ainda entrelaçados com os meus. "Você sabe que está tudo bem, né? Que a gente vai passar por isso?"

Eu queria acreditar nela. Queria dizer que estava tudo bem, que o pior já tinha passado. Mas não estava. Nada estava bem. Eu estava sentindo como se tivesse perdido o controle de tudo, como se não conseguisse respirar. A pressão no peito era insuportável. O sentimento de ser observada, de ser invadida, não passava. Não importava o que Rayssa dissesse, a dor não diminuía.

"Eu não consigo... Não consigo controlar..." Eu quase sussurrei, a voz falhando no meio do choro. Minhas lágrimas escorriam livremente agora, e eu mal conseguia respirar. "Eu não sei mais o que fazer..."

Rayssa se virou para mim, seus olhos cheios de preocupação, mas ao mesmo tempo com uma força que me fazia querer ser mais forte. Ela não me deixaria desmoronar, eu sabia disso.

"Lanna, olha para mim." Ela falou com uma voz suave, mas firme. "Você vai sair dessa, eu prometo. Eu estou aqui, e eu não vou deixar você ir embora sozinha. Eu te amo, e a gente vai dar um jeito."

As palavras dela, que deveriam ser confortantes, só me fizeram desmoronar mais. Eu não queria fazer com que ela passasse por isso. Queria que tudo fosse mais fácil, mas não era. Eu estava em um limite.

De repente, uma sensação de sufocamento tomou conta de mim. Eu não conseguia mais respirar direito. A pressão no meu peito era tanta que eu quase não conseguia inspirar. Fiquei tensa, os músculos do corpo se contraindo, e eu me agarrei com mais força em Rayssa, como se aquilo fosse me salvar.

"Rayssa..." Eu disse, entre lágrimas, tentando pegar ar. "Não consigo respirar..."

Ela imediatamente se sentou, levantando-me um pouco para ficar mais confortável. "Lanna, calma, calma. Respira devagar. Tenta seguir o meu ritmo." Ela estava desesperada, mas fez de tudo para me acalmar. Não demorou muito para ela perceber que estava perdendo o controle da situação também.

O desespero aumentou ainda mais quando minha visão começou a ficar embaçada. A angústia tomou conta do meu corpo inteiro. Eu sentia que iria desmaiar, mas não queria. Não queria preocupar mais ainda a Rayssa. Mas as palavras e os rostos ao meu redor começaram a se tornar distantes. Tudo girava, e eu mal conseguia manter os olhos abertos.

Rayssa me abraçou forte, tentando me fazer reagir. E eu me agarrei no braço dela como se fosse minha vida. "Lanna, por favor, me escuta! Não me deixe agora!"

E então, tudo escureceu.

Eu não sei quanto tempo se passou até que meus olhos se abriram novamente. A luz da manhã já começava a entrar pela janela, mas ainda estava fraca e nublada. Rayssa estava ao meu lado, me segurando em seus braços ainda. Seus olhos vermelhos, como se tivesse passado a noite acordada. Ela estava com a testa encostada na minha, seus dedos ainda apertando minha mão, como se me manter ali fosse a única coisa que a segurava no lugar.

"Lanna..." Ela disse baixinho, sua voz rouca e frágil. "Você está acordada?"

Eu ainda sentia o peso da noite sobre mim. Meu corpo estava dolorido, e a pressão no peito não havia ido embora. Mas algo nela me trazia um pouco de calma. Eu olhei para ela, tentando entender o que estava acontecendo. O pânico ainda estava ali, mas agora eu sentia o alívio de não estar sozinha.

"Rayssa..." Eu falei, minha voz fraquejando. "Eu não sei se vou conseguir..."

Ela me olhou com uma intensidade que me fez acreditar que talvez, só talvez, eu conseguisse. "Você vai conseguir, Lanna. Eu estou aqui. Sempre estarei."

A dor e a angústia ainda estavam presentes, mas eu sabia que, enquanto ela estivesse comigo, eu tinha uma chance. Uma chance de sair desse buraco escuro onde eu estava me afundando. Mas não seria fácil. E eu ainda não sabia quanto tempo levaria para sair dele. Tudo o que eu sabia era que, ao lado de Rayssa, eu tinha uma esperança. E, por mais que estivesse perdida agora, isso significava algo.

Eu respirei fundo, tentando acalmar a ansiedade que ainda se agitava dentro de mim. O primeiro passo seria ficar. Ficar ao lado de Rayssa, ficar para mim mesma, e tentar seguir em frente. Mesmo que o caminho fosse longo, e a dor ainda me perseguisse

A briga entre corações- Rayssa LealOnde histórias criam vida. Descubra agora