28 - Jantar

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Assim que Isabela e Júlia chegaram ao restaurante, as duas se sentaram em uma mesa perto da janela que dava para a vista do campo.

Rapidamente um garçom apareceu com dois cardápios e os ofereceu ao casal, que acabou optando pela mesma coisa, somente as bebidas eram diferentes, suco para Isabela e vinho branco para Júlia.

Após fazerem os pedidos, o garçom se retirou deixando as duas sozinhas.

Isabela tomou um pouco de água e olhou para a vista e em seguida para Júlia.

— Vamos lá, quero saber uma curiosidade. — Isabela disse sorrindo e Júlia a olhou confusa.

— Curiosidade sobre quem? — Ela perguntou e Isabela sorriu largo.

— Sobre você boba. — Isabela disse e Júlia a olhou meio perdida.

— Ah. — Disse simplesmente.

— Então, quando foi que você começou com essa ideia louca de querer morar sozinha? — Isabela perguntou.

— Desde os meus dezoito anos. Eu já tinha o sonho de trabalhar na empresa dos meus pais e depois de dois meses eles deixaram. — Júlia disse, se sentindo meio estranha por estar sendo tão aberta com Isabela.

— Entendo, e muito legal saber que você sempre quis trabalhar na empresa do seus pais desde cedo. — Isabela disse sorrindo e Júlia tomou mais um pouco do vinho de sua taça.

— Mas, porque você não tem seu próprio dinheiro? É tudo controlado pelos seus pais, seus cartões, sua casa, tudo. Porque você não abre uma conta pra você e cuida você mesma do seu próprio dinheiro. — Isabela falou e Júlia a olhou curiosa.

— Eu sempre fui irresponsável desde nova, meus pais sabiam que dinheiro na minha mão ia embora rapidinho. Então, eles começaram a cuidar de tudo em relação a mim. Os cartões que eu tenho, estão no meu nome, mas quem deposita dinheiro e paga a fatura e o meu pai. — Júlia disse suspirando.

— É você não tem vontade de ter seu próprio dinheiro? — Isabela perguntou.

— Eu não sei se quero isso. Sou dependente dos meus pais mesmo sendo maior de idade e isso não é um problema pra mim. Ah não ser quando eu desobedeço meu pai. Aí ele bloqueia meus cartões e eu sou obrigada a viver apenas do que ele manda até eu entrar na linha. — Júlia disse parecendo triste.

— Sinceramente, seria muito melhor se você cuidasse do seu próprio dinheiro, você se sentiria mais a vontade. — Isabela falou e sorriu levemente.

— Meus pais não vão confiar em mim pra cuidar do meu próprio dinheiro e pra colocar o apartamento no meu nome. — Júlia diz com desesperança e Isabela nega com a cabeça.

— Você deveria confiar mais em você, mas se você não quer isso, ninguém pode obrigar você. — Isabela disse e Júlia apenas suspirou.

O jantar seguiu com assuntos amenos e as vezes as duas sorriam uma pra outra, como se fossem íntimas a um bom tempo.

Pela primeira vez, Júlia se sentiu leve e olhou para Isabela sorrindo, e as vezes alternava o olhar entre Isabela e a barriga que já está comecando a aparecer.

— Essa vista é linda. — Isabela disse observando a paisagem e Júlia apenas tinha o olhar direcionado a ela.

Mas o que estava acontecendo com ela? Porque do nada ela começou a olhar para Isabela com um interesse oculto?

Como do nada ela começou a fazer as coisas em menos de tres semanas sem que sua esposa pedisse? Será que ela estava apaixonada?

Não, seria impossível. Ela não podia se apaixonar tão rápido assim, ou podia?

Em meio a essas perguntas rondando a cabeca dela, o jantar passou e Júlia pagou a conta, levando Isabela até a vista.

Enquanto isso, Isabela observava a esposa discretamente. Sua mudança ia acontecendo aos poucos e ela estava gostando dessas pequenas mudanças. Mas será que ainda era cedo pra ela decidir que Júlia também estava se apaixonando?

Observando a vista, Isabela segurou a mão de Júlia e sorriu levemente.

Julia olhou pra ela e rapidamente teve seu olhar retribuído.

Isabela apertou mais a mão dela com carinho e fez um leve carinho com a mão livre.

Olhando diretamente nos olhos, Júlia se aproximou e uniu seus lábios aos de Isabela.

Um beijo comecou calmo e era super apaixonado, o que fez a cabeça de Júlia ficar ainda mais confusa.

Ela estava mesmo se apaixonando?

Presa no beijo da própria esposa, elas aprofundaram o beijo e ficaram perdidas uma na outra por longos minutos.

Com a paisagem de fundo, após encerrarem o beijo em busca de ar, Isabela sorriu e Júlia apenas a olhou incerta do que fazer a seguir.

Isabela começava a sentir uma fisgada na ponta da barriga e sabia que estava com desejo. Mas sera que Júlia seria capaz de acabar com esse desejo dela, ou se negaria?

Ela teria que perguntar pra saber.

— Júlia. A gente podia ir pra casa. Eu tô com, desejo. — Isabela disse tentando conter sua voz.

— Tá com desejo? Desejo de que? — Júlia perguntou e Isabela sorriu envergonhada.

— Desejo, daquilo, sabe, sexual. — Isabela disse sentindo seu rosto queimar de vergonha.

— Mas, você pode fazer, não faz mal? — Júlia perguntou insegura.

— Bom, não, eu acho que não faz mal. — Isabela disse, mostrando insegurança também.

— Bom, eu entendo que você esteja, mas é melhor gente perguntar pro médico antes, se acontecer algo com você, vai me culpar. — Júlia disse, mas ela sabia que no fundo também se culparia.

— Tudo bem, quando a gente retornar pra cidade, perguntamos pro médico na consulta. — Isabela disse.

Em seguida, as duas se levantaram e resolveram ir embora.

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Parece que Júlia já está começando a se apaixonar.... Mas será que uma hora ela vai admitir?

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