54 - Não Vai Ser Fácil Assim

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Júlia Pov

Foi uma noite mal dormida, estava me sentindo muito mal pela discussão que eu tive mais cedo.

Sei que provavelmente meu pai não merecia que eu estivesse chorando por causa dele, mas eu não consegui evitar.

Fiquei mal e acabei chorando de madrugada.

Isabela acabou acordando com meus soluços e me consolou, me deixando mais tranquila.

Eu a amava muito, e ela era minha base, sem ela eu não era nada.

Pela manhã, conversei com ela e tomei café enquanto conversávamos.

Logo após, sai de casa e fui para o trabalho, tentando não deixar que minhas emoções influenciassem no meu trabalho.

Cheguei a empresa junto com alguns funcionários e fui direto para a minha mesa.

Cumprimentei alguns colegas que passaram por mim e iniciei o trabalho.

Enquanto eu estava tentando me concentrar, a discussão sempre vinha na minha cabeça e eu tentava não pensar nisso.

Em meio a alguns dos meus devaneios, senti uma mão carinhosa no meu ombro e olhei pra cima, vendo Gustavo olhando pra mim com um sorriso leve.

— Está tudo bem com você Júlia? — Ele perguntou com uma voz amigável e preocupada.

— Estou um pouco sensível, mas vou ficar bem. — Eu disse e ele assentiu, colocando uma xícara de café na minha mesa.

— Tudo vai ficar bem, te aguardo na hora do almoço. Não esqueça que você é uma ótima profissional e eu tenho orgulho de você. — Ele disse e me abraçou levemente.

Alguns dos meus colegas sorriram pra mim e conversaram um pouco.

Mesmo o Gustavo tendo sido completamente prestativo comigo, surpreendentemente isso não causou nenhum burburinho ou olhares desagradáveis. Confesso que fiquei surpresa.

A hora do almoço chegou bem rápido, me encontrei com Gustavo na entrada e fomos a um restaurante.

Nos sentamos na mesa reservada, e eu evitei conversar sobre a discussão com o meu pai.

Gustavo não me questionou, apenas disse que quando eu estivesse pronta, ele estaria pronto pra me ouvir.

Agradeci as palavras dele. Ele estava agindo como um pai pra mim.

Retornei pra empresa após o almoço e me senti mais leve depois do almoço com Gustavo.

Encerrei o trabalho do dia e fui pra casa um pouco melhor.

Quando cheguei ao condomínio, fui direto para o elevador.

E assim que ele chegou ao meu andar, escutei vozes alteradas, e uma delas, era da minha esposa.

Sai do elevador apressada e vi Isabela, o menino que encontramos no parque e a mulher furiosa.

Cheguei perto e elas me olharam.

— O que tá acontecendo? — Perguntei e Isabela suspirou.

— Você conhece bem essa mulherzinha não é? Então pede pra ela soltar o menino. — A mulher disse furiosa.

Olhei para baixo e ele estava chorando compulsivamente.

— Eu acho que ele não quer ir com você. — Falei e ela sorriu debochada.

— A minha filha, ele não tem escolha, ou ele vem comigo, ou ele vem comigo. — Ela disse furiosa.

O menino que até então estava agarrada a Isabela, se soltou dela e tateou a maozinha até encostar nas minhas pernas.

O peguei no colo e fiz carinho nas costas dele.

— Você não vai levar ele. Acho que tá bem claro que ele não quer ir com você. — Falei no mesmo tom.

— Você tá querendo tirar ele de mim? — Ela perguntou como se duvidasse.

— Eu acho que ele vai ficar muito melhor longe de você. — Eu disse e ela se segurou para não fazer nada.

— Não vai ser fácil você tirar ele de mim. Você só vai perder tempo. — Ela disse com certeza.

— Você acha difícil eu tirar ele de você? Realmente você não me conhece. — Falei e sorri.

— Você vai ver que vai perder tempo. Mas eu espero, estarei aguardando com prazer você me devolver o menino. Já que você mesma vai fazer isso por não aguentar essa peste. — Ela disse e recebeu um tapa furioso de Isabela.

— Você não fala assim dele. Não se preocupa, você vai ver que além de não devolvermos ele, vamos fazer ele mais feliz do que você. — Ela disse e a mulher a olhou com a mão no rosto.

— Você fala isso porque não convive com ele. Mas eu vou esperar, sei que vão devolvê-lo. — Ela disse e se afastou indo em direção ao elevador.

Entrei em casa com ele e o coloquei no sofá.

— Você tá bem bebê? — Perguntei e ele acenou positivamente enquanto continuava soluçando.

Isabela colocou Lara no bercinho e foi até o armário para fazer um leite pra ele.

— A gente precisa de umas roupinhas pra ele amor. — Falei e ela me olhou.

— Precisamos de roupas e um advogado. Não quero mais ele perto daquela mulher de novo. — Isabela falou decidida e eu concordei.

Estava a noite e ele ainda não tinha outras roupas, eu não queria, mas teria que pedir um adiantamento de salário pro Gustavo pra comprar roupas pra ele.

— Vou pedir um adiantamento pro Gustavo. — Falei e ela me olhou.

Ela fez uma careta e se aproximou de mim.

— Porquê você não pede pra ele te arrumar um advogado? — Ela perguntou e eu olhei pra ela.

— Pedir pra ele me arrumar um advogado é demais Bela. — Falei e ela segurou minha mão.

— Ele disse que te ajudaria, pelo menos tenta, a gente precisa de um advogado pra tirar ele daquela mulher e conseguir a guarda dele. — Ela disse e eu sorri olhando de volta pra ele.

— Você quer adotar ele? — Perguntei e ela assentiu com um sorriso.

— Acho que a Lara ia gostar de ter um irmãozinho. — Ela disse sorrindo e eu concordei.

— E como se chama esse bebê lindo? — Perguntei olhando pra ele que tateou o sofá subindo no meu colo.

— João Miguel. — Ele disse com uma vizinha fofa.

— E um nome lindo. — Falei e ele sorriu.

Isabela foi até a cozinha novamente e trouxe uma caneca com um pouco de leite.

O ajudei a tomar e em questão de alguns minutos, ele havia dormido.

O coloquei na nossa cama e o analisei com cuidado.

Ele era uma criança linda e havia conquistado o meu coração e o coração da minha esposa.

E nós iríamos sim lutar por ele.

Ele seria nosso filho.

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