Andrei lançou um olhar gelado a Aleksi assim que o atendeu na porta da casa. O outro, por sua vez, percebeu que ele tinha os olhos inchados, provavelmente depois de ter chorado na noite anterior.
–O que você quer? – disse com irritação.
–Vim me desculpar por ter te batido ontem. – a expressão no rosto de Andrei não mudou, para o remorso de Aleksi.
–Você não vai consertar o vaso que eu fiz, que você quebrou. Aliás, eu estou refazendo-o nesse exato momento. Claro que não está tão bom quanto o outro, já que eu estou muito estressado com tudo o que vem acontecendo.
O moreno não disse nada, apenas pousou a mão no ombro do amigo, dando um sorrisinho. O mais novo suspirou.
–Você quer entrar, não é? Pois entre logo.
Andrei entrou de volta na casa, indo diretamente para sua roda onde estava sendo moldado o novo vaso. Parecia mais grosso do que o antigo e tinha muitas marcas de dedos, coisa que ele nunca deixava aparecer. Ele realmente ainda estava estressado, Aleksi notou isso quando ele se sentou novamente para voltar a fazer o vaso, jogando o corpo no banquinho e quase caindo para o lado.
–Andrei, você não está bem. Dormiu direito? – perguntou o rapaz, levantando as sobrancelhas e se sentando em um outro banco.
–Dormi incrivelmente. – respondeu e apertou o barro para que ele atingisse a forma que desejava.
–Você ainda está bravo comigo.
–Só um pouco.
–Eu te perdôo por você ter me traído...
Andrei se levantou abruptamente, chutando o banco no qual estava sentado e respirou profundamente.
–Eu não te traí nenhuma vez, Aleksi. Por que você não acredita em mim?
–Eu...
–Por que eu estou falando com você ainda?! Tenho que terminar o vaso! – dizendo isto, ele deu os últimos toques no vaso, antes de tirá-lo da roda e colocá-lo no forno. Agora tinha que esperar que ficasse pronto para então começar a pintar.
Aleksi caminhou até Andrei e o abraçou por trás. O garoto suspirou tristemente, acariciando os braços do amado ao redor de sua cintura. Ficaram assim por um tempo, O moreno plantava pequenos beijos na nuca do outro, que permanecia imóvel como se tivesse medo que algo acontecesse se ele se mexesse.
–Eu te amo, meu pequeno elfo.
–Também.
Andrei finalmente se virou para encarar Aleksi, que deu um sorriso grande, beijando-o nos lábios em seguida. Assim que o beijo aprofundou, o loiro o puxou para si com mais força, por mais que já não houvesse espaço entre os dois. Sentiu os dedos do outro tentando desajeitadamente tirar o cinto da túnica dele e seu coração bateu mais rápido. Ele quebrou o beijo e olhou para seu amado, ofegando. Aleksi continuou com sua tarefa de tirar seu cinto.
–Aleksi... – Andrei começou, sentindo de repente uma pressão na garganta.
–Calma... – disse, conseguindo finalmente tirar o cinto, jogando o objeto no chão. Antes que ele pudesse fazer mais alguma coisa, Andrei agarrou sua mão. – Você não confia em mim? – ele olhou nos olhos azuis do outro, e lágrimas estavam começando a se formar neles. Aleksi deu uma afrouxada no abraço entre os dois.
–Vai doer, não vai? – o menor sussurrou, engolindo a seco.
–Vai, eu acho. Nunca fiz isso também. – o rapaz deu um sorrisinho.
Ele não era virgem como Andrei, já tinha feito sexo com algumas moças. Aleksi era bonito e rico, no final das contas, claro que as mulheres se interessavam por ele. Algumas paravam de andar sempre que ele passava e davam risadinhas, sentindo suas bochechas esquentarem. Mas de todas elas, de todas as mulheres mais ricas, bonitas e inteligentes da vila, ele havia escolhido Andrei, o artesão de olhos fracos e pulsos finos.
Ele respirou fundo e fechou os olhos, assim que sentiu suas calças serem abaixadas. Então percebeu que não se arrependeria de nada.
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Na Terra Crua
PrzygodoweEra o tempo dos deuses antigos e da conquista de territórios, da espiritualidade e da guerra. Uma pequena e anônima vila russa é ameaçada de ataque por parte do exército turco. Neste meio, a história de Andrei Arhipov é contada; um jovem artesão, de...