a dor que mora em mim

quarenta e sete.

odeio como você joga suas frustrações em mim.
odeio que eu seja o seu alvo quando tudo dá errado.
odeio quando você explode comigo sem que eu tenha te feito explodir.
odeio como você me trata nesses seus "dias ruins".
odeio que você se ache no direito de me maltratar porque o seu coração dói.
odeio quando você acha que sou responsável pelos seus problemas.
odeio que eu volte para perto de você depois de saber que não mereço o que você faz.
odeio que você me odeie.
odeio perceber que você me odeia.
odeio saber que eu percebo.
odeio entender que saber e ficar perto de você, em sequência, são sinais de que não me valorizo.
odeio quando você abre a boca nos dias péssimos.
odeio a lâmina afiada que sua língua é perfurando meu peito.
odeio ser castigada por erros que não cometi.
odeio a injustiça desse seu amor cruel.
odeio o seu olhar que me atravessa como fogo que me queima de dentro para fora.
odeio ser insignificante para você, como se eu fosse o único animal do mundo que merecesse e pudesse ser maltratado até sua carne ser comida viva por vermes que valem mais que eu.