Cap. 7: Anjo caído de cabelos ruivos

332 22 4
                                    

Mais um dia, mais um anjo morto, mais desespero e mais confusão no que diz respeito ao coração. Foi assim que comecei mais uma manhã. Levantei-me, enquanto Tomás ainda se encontrava a dormir. Fiquei ali, durante bastante tempo, a olhar para ele e a tentar descobri o que sentia. Cada dia ficava mais confusa... Prometi uma coisa a mim mesma: hoje iria falar com Chase e Tomás. Não podia estar sempre a sentir-me culpada por esconder o que sentia... Na verdade, não sabia ao certo o que sentia.

Vesti uma roupa e desci as escadas.

James encontrava-se na cozinha.

-Bom dia.- disse eu.

-Credo mulher! Parece que viste um fantasma...estás cá com uma cara.- disse James.

-Antes ter visto um fantasma. Passei a noite quase toda acordada.

-Problemas amorosos?

-E não só...

-O que se passa.

-Morreu mais um anjo esta noite. Já são 14 desde que voltei à terra. Cada vez morrem mais rápido. E ainda não encontrei a cura.

-Lamento. Se quiseres posso cancelar o concerto que tinhas hoje no bar.

-Não, não é preciso. Quanto mais rápido me enquadrar na terra, mais rápido me concentrarei na cura.

-Tu é que sabes. E quanto ao outro assunto. Já pensaste?

-Sim...

-E?

-E nada. Ainda estou mais confusa do que antes.

-Não te posso ajudar nisso Juliet...Adorava mas não posso...

-Eu tenho que decidir o que quero da minha vida. Não posso estar casada com Tomás quando duvido do que sinto por ele. Mas também não posso terminar com ele sem ter a certeza do que sinto por Chase. Por outro lado, o Chase já me magoou muito..., um deveria odiá-lo e em vez disso...

-Em vez disso ama-lo.

-Não sei...Não sei se o que sinto por ele supera a dor...

Entretanto, Tomás entra na cozinha:

-Bom dia.- disse Tomás.

-Bom dia.- disse eu e James.

-Levantaste-te cedo. Alguma razão em especial?- disse Tomás.

-Na verdade sim.- disse eu.

Chase entrou na cozinha.

-Bom dia.- disse Chase.

-Precisamos de falar.- disse eu.

-Bom dia para ti também.- disse Chase.

-Estou a falar a sério...- disse eu.

-O que é tão importante que não pode esperar dois segundos? - disse Chase a brincar.

-Morreu mais um anjo...- disse eu.

Chase e Tomás baixaram a cabeça.

-Tens a certeza?- perguntou Chase.

-Claro que tem a certeza meu grande idiota.- gritou Tomás.

-A quem é que chamas idiota?- gritou ainda mais Chase.

Ambos começaram a berrar um para o outro.

-Parem! São ambos idiotas. Eu estava a falar de uma coisa importante mas parece que a vossa discussão é mais importante. Os anjos continuam a morrer e vocês só sabem discutir? Cresçam rapazes! - gritei eu.

De seguida, sai a porta de casa e James seguiu-me. Entrámos no carro e James olhou para mim.

-Nem uma palavra.- disse eu.

-Eu não ia dizer nada.- disse James dirigindo-se para o estúdio de gravação.

Quando chegámos, vesti a minha roupa, coloquei a minha peruca e maquilharam-me.

-Bem. Hoje vamos lançar o teu CD e vais atuar no bar. Mas falta uma coisa.- disse James.

-O quê?- disse eu.

-Um nome artístico. Não podemos usar o teu nome porque assim descobriam-te...Temos de pensar noutro.

Olhei para o espelho e vi o meu reflexo. Não parecia eu: o meu cabelo loiro era agora vermelho, o meu rosto natural estava coberto de maquilhagem e as minhas roupas brancas eram agora escuras. Parecia outra versão de mim. Uma versão mais escura, uma versão que demostrava o que eu sentia por dentro: desespero e escuridão.

Olhei para James e disse-lhe, com olhos tristes:

-Já sei. Já tenho um nome.

-Qual é?- disse James.

-Anjo Caído.

James fez um sorriso que, apesar de ser um sorriso, demostrava a sua tristeza. Ele sabia o que o nome significava... tudo o que ele me tinha trazido...

James abraçou-me e disse:

-Tens a certeza?

Deixei escorrer algumas lágrimas e disse:

-Sim. Afinal, foi assim que tudo começou...Quero que seja assim que tudo isto acabe.

Anjo Caído II: RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora