Capítulo 18

11 1 0
                                    

Patrícia estava com os olhos abertos, antes mesmo do despertador tocar. Como andava tão preocupada com Milena, não tinha conseguido dormir durante os últimos dias. Queria tanto saber como ela estava. Mas o que é que podia fazer? Já tinha ligado várias vezes para o telemóvel de Milena. E também já tinha ido a casa dela. O que mais poderia fazer para voltar a falar com a amiga? Revirou-se na cama. Estava sem vontade de ir trabalhar. Mas por outro lado se ela não fosse, podia ser despedida. Já lhe bastava os dias em que ela ia trabalhar e chegava quase sempre atrasada. O telemóvel que estava em cima da cabeceira começou a tocar. Patrícia pegou-o rapidamente esperando que fosse Milena.

- Estou.- atendeu ansiosa.

- Bom dia Patrícia.- Nicole cumprimentou.- Estavas à espera da chamada de outra pessoa?

- Pensei que fosse a Milena.- respondeu desapontada.

- Só liguei para saber se estás bem.- fez uma pausa.- Patrícia não faças nenhuma loucura, Ok?

- Estás a dizer-me isso a mim?- ela riu.- Eu é que devia dizer-te isso.

- Eu sei. Mas é que às vezes quando as pessoas estão desesperadas podem acabar por fazer loucuras. E eu não quero que te aconteça algo.

- Fica descansada. Eu não vou fazer nada.

- Hoje estás de folga?

- Não. É que não me apetece ir trabalhar.- Patrícia admitiu.

- Isso não pode ser Patrícia. Se tu não fores trabalhar, vais ficar aí em casa a pensar na Milena. Tens de distrair-te com algo. Nem que seja o trabalho, que é uma chatice.

- Provavelmente tens razão. Obrigada por me ligares Nicole.

- De nada. Beijos e fica bem.

- Beijos. Adeus.- Patrícia desligou a chamada.

Nicole tinha razão. Patrícia devia ir trabalhar, para ver se pensava noutras coisas a não ser em Milena. Levantou-se da cama e foi tomar um banho rápido. A sua casa como era habitual estava uma confusão. Voltou ao quarto. Vestiu umas calças de ganga e uma camisola branca. Foi procurar os seus ténis. E encontrou-os debaixo da mesa da cozinha. Pegou a sua mala e saiu de casa.
Andava com passos largos. Era mais um dia em que ela iria chegar atrasada. Apôs meia hora de caminho, chegou ao cabeleireiro. Mal entrou, viu que a sua gerente olhava para ela com raiva.

- Deixa-me adivinhar: o teu despertador estava novamente com problemas.- a gerente disse com ironia.

- Não. Eu simplesmente não consegui dormir.

- Pois nota-se pela tua cara. Estás à espera do quê? Começa a trabalhar.

Patrícia foi para a sala dos funcionários. Colocou o avental e os seus óculos. Apôs uns minutos ela ficou a pensar. Respirou fundo e saiu da sala.
Depois de Nicole ter falado com Patrícia, adormeceu novamente. Revirou-se na cama, estava a ter um pesadelo com a amiga. O telemóvel que estava em cima da cama começa a tocar. Nicole acordou do pesadelo, pega o telemóvel. Respira fundo e atende.

- Estou.- ouve alguém a chorar do outro lado da linha.- Mas que raios? O que é que vocês querem?- falou irritada. A pessoa ainda continuava a chorar. Nicole desligou a chamada.- Um dia vou dar uma lição a esses miúdos insuportáveis.

Deixou a cabeça cair na almofada. Não entendia o que é que se passava. Já era a segunda vez que recebia essa chamada anónima. O que será que queriam com ela? Será que era só uma brincadeira? Pegou o telemóvel e digitou o número de Milena. Chamou uma, duas, três e alguém desligou a chamada. Achou estranho. Desta vez não deixaram tocar, simplesmente desligaram a chamada. Algo lhe dizia que não era Milena que havia desligado a chamada. Levantou-se da cama. Foi à casa de banho e passou o rosto por água. Depois foi para a sala. Deitou-se no sofá e cobriu-se com o cobertor. Hoje estava sem fome, o que era de estranhar. Miguel pegou a chave de Nicole dentro do vaso e entrou na sua casa.

O ServiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora