Nicole tinha ficado a noite toda acordada, sentada no jardim perto de sua casa. Quando saiu do hospital foi caminhando até avistar um táxi. Depois de dar a morada ao taxista, pagou-lhe e foi andando para o jardim. Ela não era burra. Sabia que Miguel iria andar à sua procura. E com toda a certeza, iria à casa de Milena ver se ela estaria lá. Olhou o relógio, ainda eram 6h da manhã. Nicole olhou o céu que ainda estava sem sol. Só pensava em como iria apanhar o FMMM. Apesar de que agora ele já não iria ser mais marido de Milena. Era estranho Nicole não estar com sono. Já que em casa ela levantava-se da cama para ir deitar no sofá. Olhou o telemóvel, que tinha muitas chamadas não atendidas. Ao seu lado sentou-se André.
- Já acordado?- Nicole disse olhando para o céu.
- Sim. Eu tenho hábito de acordar cedo.
- Não vais à escola?
- Ainda é muito cedo para isso.
- Se tu o dizes.- ela deu um leve sorriso.
- Tu estás triste, não é?- André olhou para ela.
- Não. Quer dizer, já estive mas agora estou melhor.
- O que é que se passou?- questionou curioso.- Tu e o Miguel estão chateados?
- Não. Isso é um pouco difícil.- admitiu.- Porque mesmo que nós fiquemos chateados, no dia seguinte ou até mesmo no próprio dia, falamos normalmente um com o outro. É como se não tivesse havido uma discussão entre nós.
- Isso é bom.
- É, sim. Quer dizer que nós podemos contar com essa pessoa.
- Então porque tiveste triste?- André voltou ao assunto.
- Uma amiga minha esteve quase para morrer.- respondeu sentindo um nó na garganta.
- Desculpe.- André baixou a cabeça.
- Porquê?- Nicole encarou-o.
- Não devia ter feito essa pergunta.
- Não faz mal. Às vezes faz bem as pessoas desabafarem nem que seja com crianças.- eles riram.- Aliás tu não devias saber dessas coisas, até porque ainda és um pirralho.
- Eu não sou pirralho.- ele disse chateado. Nicole riu.
- És sim. Porque adulto tu ainda não és.
André continuou a falar com Nicole sobre muitas coisas. Apesar de ser uma criança, sabia que Nicole ainda estava triste. Por isso tentou animá-la, mas descobriu que era mais difícil do que imaginava. Nicole às vezes podia ser uma pessoa muito difícil. Mas sabia ter os seus momentos de brincadeira. Sabia que André estava a tentar animá-la, mas era em vão. Nicole ria, mas não era aquele rir de felicidade. Ainda estava mal com o que tinha acontecido a Milena. Era uma coisa que provavelmente nunca esqueceria. André despediu-se de Nicole, dando um beijo na sua testa e fez o seu caminho para a escola. Ela ficou novamente sozinha. Olhava agora para o céu que estava com sol e algumas nuvens. Viu o relógio, eram 8h.
Miguel chegou a casa por volta das 4h da madrugada. Mal entrou foi direto ao quarto deitar-se. Apesar de estar muito cansado, não conseguiu dormir muito. Dormiu por pelo menos quatro horas. Levantou-se da cama e foi à casa de banho. Passou o rosto por água. Saiu de casa indo à casa da frente. Entrou, viu que a casa continuava vazia. Nicole certamente não havia passado por ali. Saiu do prédio. Caminhava pela rua distraídamente. Só queria saber onde Nicole estava. Caminhou pelo jardim até avistar a sua vizinha sentada num dos bancos. Ao vê-la, Miguel sentiu um alívio percorrer o seu corpo. Foi até ela e sentou-se.- Estás bem?- questionou preocupado.
- Sim.
Sem pensar Miguel abraçou Nicole, que ficou confusa. Não queria que nada acontecesse com ela. Só queria tê-la nos seus braços. E se pudesse para sempre. Desde que ela tivera desaparecido, havia ficado muito preocupado. Não saberia como ficar, se algo tivesse acontecido à sua vizinha. Nicole afastou-se.
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O Serviço
AléatoireNicole é uma jovem de 25 anos, que mora sozinha. Um certo dia, ela vai a um restaurante onde conhece Alexandre, que é um homem charmoso. Logo fica interessada nele. As amigas ficam contentes por ela, já o seu vizinho Miguel não concorda com o seu na...