Capítulo 35

22 2 1
                                    

Os dias foram passando. Cada um começava a seguir com a sua vida aos poucos. Aline e Vasco agora estavam bem. Ele nunca mais havia falado de Nicole. Parecia que o aviso dela tinha resultado. O detetive Esteves continuava mergulhado na investigação. Voltou a falar com as pessoas que tinham convivido com Nicole. Alexandre tentava ao máximo concentrar-se no trabalho para não pensar muito na namorada. De vez em quando Leonor passava no trabalho para reconfortá-lo. Milena também já havia voltado ao trabalho. Ela explicou o que havia acontecido e eles a aceitaram de volta. Patrícia agora chegava a horas ao cabeleireiro. A gerente até estranhou. Lúcia continuava na mesma. Não falava com ninguém. Ela tinha se isolado do resto das pessoas. Só conseguia pensar na amiga. Miguel também começava a seguir com a sua vida. Não que ele tivesse esquecido a sua vizinha. Mas sabia que não iria adiantar ficar em casa a chorar. Até porque não iria trazê-la de volta assim. E sabia que Nicole preferia que os amigos continuassem com as suas vidas. Marco, Filipe e Carlos ainda não se conformavam com o desaparecimento de Nicole. Mas já não havia nada que pudessem fazer. Já tinham procurado na casa do suspeito e não a encontraram. Então não sabiam o que fazer mais.
Já era de noite. O detetive Esteves tinha estacionado o carro. Desceu e foi caminhando até o estabelecimento. Entrou indo sentar-se ao balcão. Marco foi até ele.

- Como está a correr a investigação, detetive?

- Mal. Estou sempre a dar as mesmas voltas. Não sei o que fazer.

Pediu um café. Marco foi até à máquina tirar-lhe um. Olhou para o homem à sua frente que estava com as mãos na cabeça. Parecia desesperado. Por muito que ele quisesse ajudar, sabia que não iria dar em nada. Até porque ele mesmo já tinha ido com os amigos procurar por Nicole. E acabaram por não encontrar nada.

- Posso saber o que tem atrás daquela porta?

- Atrás da porta? Não é nada demais. É apenas uns shows. Tipo grupos de dança que vêem cá.- Marco respondeu.

- Posso ir ver?

- Não. Não quer dizer que não possa.- corrigiu-se.- Mas é que hoje não há shows. Estamos encerrados.

- Ok.

- Acha que está muito longe de encontrar a Nicole?

- Parece que sim.- disse desapontado.- Como era a sua relação com a Nicole?

- Nós éramos mais que patrão e empregada. Nós éramos amigos. Eu gostava muito dela.

- Nota-se.- Esteves deu um leve sorriso.- Pode dizer-me o que eu estou a fazer de errado?

- Eu não sei. Já lhe disse que a Nicole era muito reservada. Talvez seja por isso que está a ser muito difícil de resolver. E também há casos de pessoas desaparecidas que nunca mais aparecem. Por muito que os detetives tenham investigado.- Marco comentou.- Às vezes nós não damos valor ao trabalho deles. Mas a verdade é que eles também se esforçam muito para encontrar a pessoa desaparecida. E nós nem damos a mínima. Preferimos culpar-lhes por não terem encontrado a tal pessoa, porque é muito mais fácil. Mas nós também não nos colocamos no lugar deles.

- Obrigado.

- Eu acredito que o detetive fez de tudo para encontrá-la. Já fez tudo o que podia. Já passaram muitos dias até semanas. Tem de seguir com a sua vida. Por muito que seja difícil. Pode não ter conseguido resolver este caso, mas os outros pode ser que consiga. Afinal existem muitos casos desses.

- Tem razão. Mas é difícil largar assim o caso. Se ao menos eu tivesse pistas concretas, poderia ter sido mais fácil.

- Todos sabemos disso. E a Nicole é forte. Eu tenho fé nela.

O ServiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora