Ela se sentia emocionalmente esgotada. Não conseguia pensar com clareza, e não entendia porque. Katie sabia de onde tinha saído mas não sabia para onde estava indo. Ian tinha aos mãos nela, na cabeça dela e ela não sabia o que isso significava. O que ele significava. Como ela se sentia tão fragilizada perto dele, e como ele tinha conseguido desmontar tanto ela, em tão pouco tempo?
Quando ela se sentou na cama, sem entender como havia dormido e por quanto tempo havia dormido, ela ficou constrangida. Sua vontade era de estar forte de novo. De se recompor... mas como? Como quando Ian estava ali, cuidando de todo detalhe? Ela deveria lutar contra ele? Ela deveria traçar uma linha?
Quando Ian entrou no quarto, com um prato do que parecia ser sopa, seu coração desmontou. Seu olhar duro, firme, forte, de quem poderia mover montanhas com a mão, e ele estava ali, segurando um prato de porcelana.
- Boa tarde, bela adormecida. Como está se sentindo?
Katie passou a mão pelo cabelo, incerta. Ele atravessou o quarto, com o prato e se sentou na frente dela.
- Obrigada. - Ela falou com a garganta seca. - Eu dormi demais.
- Você vai dormir o quanto precisar dormir. - Ele falou, se ajustando na cama, e mergulhando a colher no prato.
O movimento foi muito forte, intenso. Ele queria cuidar de tudo mesmo. Alimentar ela. E ela se sentiu... fraca.
- Acho que estamos indo rápido demais, Ian.
- E porque acha isso? - Ele curvou a sobrancelha, como fazia sempre que ficava doido para dar umas palmadas naquela bunda dela.
- Eu não sou sua.
- Você está nas minhas terras, Katie. E tudo que está nas minhas terras, me pertence. - Declarou.
- Ian...
- Abra a boca.
- Eu não estou com fome.
- Eu não estou pedindo. Abra.
Ela se sentia batendo de frente com uma parede. E ela não sabia até onde podia ir. Ela era grata a ele, claro que era, mas isso significava que ela ia abrir mão de si? De seus desejos?
- Eu disse que não estou com fome.
- Você passou por um choque grande. Adrenalina e tudo mais. Você precisa comer. E eu decidi que vai. Boca. Agora.
Katie suspirou, virou o rosto e ficou olhando o nada. Pensando. Encarar alguém que ela não mais gostava era uma coisa... encarar Ian, era outra.
- Ian. Eu não vou comer.
- Você vai. Por favor, não me faça ser duro com você. É só uma sopa.
- Você entra aqui... Você cuidou de mim. Você me olhou, quando eu não queria... - Suspirou, sentida. - Eu não quero comer, Ian. Não quero. Não acho que posso ou que devo ceder aqui.
- E lutar comigo vai te dar paz? - Ele questionou. - O que você quer provar com isso? Que consegue ficar sem meus cuidados. Você é uma mulher adulta, eu sei disso. Você sabe. O que você quer? Quer me testar? Teste. Não vai gostar do resultado, e eu certamente vou ficar bem puto de ter que ser duro com você hoje.
- Mas seria. - Ela falou amarga.
- A decisão é sua.
- Não. Não é.
Ian levantou a colher, e aproximou dela. Katie aceitou, e sentiu a primeira lágrima voltar.
A viagem para a submissão não era suave. E Ian sabia disso. Ela precisaria sentir, chorar e ele tinha que ser um espaço seguro para ela processar seus sentimentos.
E ele deixou ela chorar. Não interrompeu. Não falou. Apenas fez seu papel. Alimentou-a, como disse que faria. Em um silêncio mórbido, cortante.
Quando a sopa acabou, ele recolheu o prato para si e olhou para ela.
- Muito bem. - Elogiou. - Tire a roupa, vou te dar um banho e vamos passar algumas pomadas em você.
Katie se sentiu sufocada. E explodiu.
O choro veio violento, rompendo a superfície no momento em que entendeu que não haveria espaço. Ele tiraria mais dela, e mais, e mais... e quando ela estivesse vulnerável, ele tiraria ainda mais.
- Por favor. - Ela chorou desesperada, colocando as mãos no rosto. - Por favor!
- Segure em mim. - Ele falou, apertando o braço dela, com carinho. - Olhe para mim. Você é minha! Segure em mim.
- Não. - Ela negou. - Eu preciso respirar. Ian... por favor. Eu preciso de espaço. Eu preciso....
- Não vai ter. - Falou firme, pensando nas marcas de corte nas pernas dela. - Segure em mim. Sou eu, o que você tem. Segure em mim! Em mim, Katie! Esqueça o resto! É a mim que você tem!
- Não! - Ela negou de novo com a cabeça, agora mais determinada. - Por favor! Saia.
- Não.
- SAIA! - Ela gritou.
- Não. - Ele falou com calma.
Katie se irritou, e começou a arremessar os travesseiros da cama. E ele compreendeu. Toda aquela energia tinha que sair, de alguma forma. Ele lamentava que tinha que ser de uma forma tão afiada emocionalmente, mas ela, mais do que ninguém tinha direito de se comunicar daquela forma. Depois do último relacionamento dela, Ian sabia que ele não seria a pessoa a impedir ela de sentir o que quer que ela precisasse sentir.
Quando ela acabou de jogar os travesseiros, chorando, a cena ficou deprimente. Ela ainda chorava e se sentia ridícula. Mas ele... ele ainda estava ali.
- Vem. - Ele abriu os braços.
E sem ter outro lugar para onde ir, ou onde quisesse estar, ela se agarrou nele. Atravessou a cama de joelhos e pulou no colo dele, se enfiando entre seus braços e suas pernas.
- Não me solte por favor. - Implorou.
- Nunca. - Prometeu, a apertando mais ali. - Você é minha princesa, e eu cuido do que é meu.
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Sedução em Montana
ChickLit"Eu acho que estamos indo rápido demais, Ian" Reclamou Katie. "E porque acha isso?" Ele curvou a sobrancelha quando fazia sempre que ficava doido para dar umas palmadas naquela bunda dela. "Eu não sou sua". "Você está nas minhas terras, Katie. E...