𝟐𝟔-𝑲𝒂𝒃𝒓𝒊𝒏𝒉𝒂²

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onde ele acha que vai revoar sozinho
(parte²)

onde ele acha que vai revoar sozinho (parte²)

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Seu nome

Eu fingia que não tava com medo enquanto ele pilotava a moto daquele jeito. Ele acelerava sem dó, o vento batendo no meu rosto, mas eu me recusava a demonstrar qualquer coisa.

Meu coração tava disparado, mas o orgulho falava mais alto. Quando ele colocou a mão na minha coxa, foi automático: tirei na hora, sem nem olhar pra ele. Gustavo não falou nada, mas eu senti que ele percebeu.

Quando finalmente chegamos em casa, desci da moto sem falar nada, abri o portão e entrei direto, deixando ele lá pra guardar a moto. Não fiz questão de olhar pra trás.

Joguei minha bolsa no sofá de qualquer jeito e fui direto pro banheiro. O silêncio da casa só deixava meus pensamentos mais barulhentos. Assim que a água quente começou a cair no meu corpo, eu não consegui segurar.

Algumas lágrimas escaparam, e por mais que eu quisesse ser forte, naquele momento foi impossível. Era raiva, mágoa e cansaço tudo misturado. Por que ele tinha que ser assim?

Saí do banho, vestindo o pijama mais confortável que encontrei. Ao voltar pro quarto, lá estava Gustavo, deitado na cama, mexendo no celular como se nada tivesse acontecido. A paciência que eu não tinha mais foi pro ralo. Fui direto pegar o travesseiro e a coberta dele.

— Tá levando pra onde, amor? — ele perguntou, a voz cheia de uma tranquilidade que me deixou ainda mais irritada.

— Sofá — respondi seca, sem olhar pra ele, já saindo do quarto.

Ouvi ele suspirar atrás de mim, mas não me importei. Desci as escadas, joguei a coberta e o travesseiro no sofá e me joguei na poltrona por um instante, respirando fundo. Minha cabeça tava a mil, mas eu sabia que não ia conseguir resolver nada com ele ali, agindo como se nada tivesse acontecido.

Levantei no meio da madrugada porque a sede tava me matando. Fui até a cozinha pra pegar água, mas no caminho vi Gustavo no sofá, jogado de qualquer jeito. Ele tinha virado pra um lado e a coberta tava mais no chão do que nele.Dei uma risada fraca e me aproximei dele

Peguei a coberta e cobri ele. Quando tava saindo da sala, ouvi a voz dele:

— Cê ainda tá brava comigo?

Parei no corredor, sem me virar, e cruzei os braços.

— Tô, Gustavo. Tô puta, na real.

Ele deu um suspiro alto, como se já soubesse que eu ia responder isso.

— Amor, eu juro que não quis te magoar. Eu só pensei que você ia ficar de boa com isso...

Me virei, agora olhando direto pra ele.

— De boa? Gustavo, você mentiu pra mim. Não é sobre onde você foi, é sobre como você agiu. Achei que a gente tinha combinado de ser sincero um com o outro, mas parece que esse só foi um combinado meu.

Ele sentou no sofá, passou a mão no rosto e ficou encarando o chão por alguns segundos antes de falar

— Cê tem razão. Vacilei. Não devia ter feito isso. Foi mal, de verdade. Só que eu não queria te deixar bolada, só queria um rolê com os caras...

— E acha que esconder é o jeito certo de fazer isso? - rebati.

Ele olhou pra mim, com um daqueles olhares que pareciam pedir desculpa sem palavras.

— Eu tô tentando aprender, tá? Eu sou cheio de erro, mas não quero perder você. Se eu soubesse que ia dar esse rolo, nem tinha ido, juro.

Revirei os olhos, cansada.

— Não é sobre o que você fez ontem, Gustavo. É sobre você ser transparente comigo. Isso cansa, sabe? Ficar toda hora tendo que lidar com mentira boba.

— E você acha que eu não fico mal quando cê fica bolada comigo? - ele retrucou, com o tom de voz mais baixo, quase um sussurro. — Eu sinto que eu nunca faço nada certo pra você.

Soltei um suspiro longo, me sentindo esgotada.

— Eu não quero que você faça tudo certo, Gustavo. Só quero que você seja honesto comigo. Será que isso é tão difícil assim?

Ele ficou em silêncio, como se as palavras estivessem pesando. Não sabia se ele ia responder ou se o assunto tinha acabado ali.

— Vem cá - ele pediu, estendendo a mão pra mim.

Olhei pra ele, hesitei por um segundo, mas acabei me aproximando.

— Eu sou um otário às vezes, mas juro que vou tentar melhorar. Só não desiste de mim, tá?

Sentei ao lado dele e encostei a cabeça no encosto do sofá, sem responder de imediato.

— Tenta mesmo, Gustavo. Porque uma hora a paciência acaba.

Ele assentiu, me olhando com aquela cara de arrependido. Antes que ele tentasse qualquer outra coisa, me levantei e voltei pro quarto.

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