𝟒𝟕-𝑮.𝑨

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onde ele te maquia

onde ele te maquia

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maratona 10/15

Seu nome

— Oi, daily — eu dei tchau pra câmera com um sorriso. — Dá oi, amor.

— Oi, gente... — Gabriel acenou pra câmera, meio sem jeito, como se ainda não tivesse acostumado com isso.

— Hoje a gente resolveu que o Gabriel vai tentar me maquiar — eu disse, segurando o riso, já esperando o desastre.

Ele riu também, mas com aquele ar convencido, como se achasse que ia arrasar.

A única certeza que eu tinha era que isso ia ficar horrível. Gabriel não sabe nem o que é um rímel direito, imagina passar uma base sem parecer que me pintou com tinta guache.

— Vou mostrar meus dons de maquiagem — ele disse, pegando um dos pincéis e girando nos dedos, todo confiante.

Eu encarei ele, cruzando os braços, claramente duvidando.

— Duvida mesmo? — ele riu de canto. — Depois não vem pedir pra eu te maquiar de novo, hein, cê vai ficar como? Chapadona de bonita, fi.

Segurei o riso, já sentindo que ia me arrepender de deixar ele fazer isso.

— Tá bom, então. Só não me culpa se no final eu parecer um palhaço.

— Palhaço nada, parça, vai ser obra de arte, esquece.

Peguei a nécessaire e coloquei na frente dele.

— Vai, mestre da maquiagem, começa.

Ele arregalou os olhos, olhando os produtos como se fossem códigos de outro planeta.

— Eita, tem mó cota de bagulho aqui, mano... Qual que passa primeiro?

Eu ri, pegando um primer e mostrando pra ele.

— Isso aqui. Primer. Passa antes de tudo.

Ele pegou o frasquinho, apertou um tanto exagerado na minha cara e espalhou como se estivesse passando hidratante.

— Cê tá esfoliando minha cara ou maquiando? — reclamei, segurando o riso.

— Relaxa, fi, é técnica diferenciada.

Suspirei, aceitando meu destino. Isso ia ser mais engraçado do que eu imaginava.

Ele terminou de espalhar o primer com uma empolgação que me fez questionar se ele realmente achava que estava fazendo um bom trabalho.

— Pronto, já tá como? Pele preparada, tá ligado?

Olhei pra câmera e fiz uma careta.

— Se eu acordar amanhã sem pele, já sabem o motivo.

Gabriel riu e pegou a base.

— Essa aqui passa com o quê? Pincel ou essa paradinha? — ele mostrou a esponja, apertando como se fosse um brinquedo.

— Esponja. Mas você tem que dar batidinhas, não pode arrastar.

— Suave, confia.

Ele colocou um pingo de base na minha testa e espalhou de qualquer jeito, arrastando a esponja com força.

— Ai, Gabriel! Batidinha, caralho—Eu gritei pra vê se dessa vez ele entendia

— Foi mal, fi, achei que era tipo a cera daquela vez—Ele disse—Até hoje minha perna dói

Eu gargalhei, porque claramente ele não tinha noção do que estava fazendo.

— Se liga, tá tudo manchado! Parece que eu peguei sol com óculos de mergulho!

Ele olhou e deu de ombros.

— Ah, tá suave, depois a gente conserta. Agora esse bagulho aqui, ó... — Ele pegou o corretivo e apertou o tubo como se fosse ketchup.

— Gabriel, pelo amor de Deus, não exagera

— Que isso, parça, vi no TikTok que tem que passar mó cotão.

Ele fez dois riscos gigantes abaixo dos meus olhos e ainda desenhou um coração na minha testa.

— Você tá me zoando, né?

Ele segurou a risada.

— Mano, cê vai ficar chavosa, confia

Passei a mão no rosto, já aceitando que eu sairia dali que nem uma palhaça.

— Meu Deus, onde eu fui me meter…—Perguntei baixinho

— No mundo da beleza, bebê, só vem!

Eu ri, olhando pra câmera negando com a cabeça.

— Gente, alguém salva minha dignidade.

Mas, no fundo, eu tava me divertindo mais do que esperava.

Olho no espelho e vejo com eu estou horrível

— Gabriel... você tem certeza que tentou me maquiar e não me transformar num personagem de filme de terror? — Cruzei os braços, olhando pra ele com descrença.

— Que nada, fi, tá pampa! Tá só um conceito diferente, meio vanguarda, tá ligado? — Ele deu de ombros, segurando o riso.

— Eu tô parecendo um Picasso mal feito! — Apontei pro espelho, completamente indignada.

Eu parecia ter levado duas chineladas no lugar do blush

— Ah, dá nada, parça. Na moral, é só esfumar mais um pouco. — Ele pegou o pincel e começou a mexer no meu rosto de qualquer jeito.

— Esfumar o quê, Gabriel?Aqui não tem jeito não— Bufei, sabendo que não tinha mais salvação

— Suave, vou selar tudo agora, vai ficar zero defeitos. — Ele pegou o pó compacto com a maior confiança do mundo.

— Gabriel, espera — Tentei impedir, mas já era tarde.

Ele pegou o pincel, encheu de pó e deu um tapa na minha cara com ele, soltando uma nuvem branca.

— Mano, eu tô inalando pó facial — Rebati, abanando a fumaça.

— Cê tá reclamando de barriga cheia, fi, só os maquiadores profissionais usam essa técnica. — Ele riu, como se estivesse me convencendo.

— Técnica do quê? De matar o cliente sufocado? — Cruzei os braços, tentando me segurar pra não rir.

Ele me olhava orgulhoso da sua maquiagem e eu só torcia pro demaquilante tirar tudo isso facilmente

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