"Me apaixonei por você desde aquele primeiro encontro,
sonhei estar ao seu lado e só agora o sonho se tornou real.
Já nem posso imaginar minha vida sem você. "
Região de Alentejo - Portugal, 2012
Helena olhava atenta ao movimento das crianças que corriam de um lado para o outro em brincadeiras infantis, eles pareciam tão alegres e completamente alheias ao mundo e seus problemas. Isso fez com que ela recordasse a sua infância, durante o tempo que nunca pôde ter um momento alegre como aquele.
Na realidade nem agora durante a vida adulta sabia o que era aquela felicidade já que desde pequena sua vida foi muito limitada.
Viveu até seus dez anos no orfanato e depois foi adotada com a promessa de que teria uma nova família que a amaria muito, na verdade aquela era a promessa para todos que saiam dali. Mas tudo o que ela ganhou foi uma vida de tristeza, trabalhando como escrava para uma mulher que se dizia "mãe", mas que nunca a amou.
Ao pensar em Maura, foi como se tivesse voltando no tempo e ouviu a voz dela lhe chamando.
"_ Helena volta pra cá! Para de perder tempo com essas coisas e vem cuidar dessa casa!"
Ela sempre gritava quando Helena ficava olhando as crianças brincarem no parque. Nunca pôde chamar Maura de mãe, pois tudo o que ganhava era uma tapa no rosto. E abraços então? Nunca soube o que era isso. Sua vida era limitada a cuidar da casa e de sua irmã pequena, enquanto sua "mãe" ganhava dinheiro nas noites da cidade oferecendo seu serviço de prostituta. Seu interesse em adotá-la nunca foi o amor, mas sim para ter uma empregada!
Durante seus dezoito anos de vida tudo o que ela sempre teve foi desprezo, mas esperava que um dia a vida fosse boa com ela. Esse era seu grande sonho! Voltando ao presente, Helena sentiu quando lágrimas se formavam então suspirou fundo para afastar aquela tristeza e se voltou para prestar atenção em Marcela que acompanhava seu pai Antônio que tinha entrado no quarto.
_ Helena, tudo pronto pra nós irmos?
Ela olhou para as malas que estavam repousadas ao lado da cama, então disse:
_ Acho que sim, seu Antônio.
Antonio a encarou com seu olhar firme, sinal de que não gostava nada de ouvir aquele "senhor", mas era difícil tratá-lo de outra forma já que eram quase 40 anos de diferença de idade. Certas vezes se perguntava como havia saído de uma prisão e entrado em outra? A diferença era que nessa atual ela possuía uma casa grande e muitos bens, mas em compensação o resto não compensava já que seu marido era um homem muito ciumento e certas vezes violento demais.
Então tomando uma postura diferente ela respondeu:
_ Sim Antonio, as malas estão prontas.
Olhando o jeito altivo dela ele apenas ignorou dizendo em tom autoritário:
_ Ótimo! Espero vocês lá em baixo.
Dizendo isso ele desceu com sua postura firme de homem decidido, como de fato ele era. Antonio era um grande empresário dono de grandes fazendas onde era produzido o carro chefe de sua empresa: o azeite extra virgem e alguns outros produtos industrializados.
_ Helena.
_ Oi querida _ ela se dirigiu a pequena Marcela que apesar de não ser sua filha, sentia muita afeição pela garota. _ Diga, meu anjo!
_ O papai disse que o Rafael vai está lá.
_ O Rafael?
_ Sim.
Quando ouviu aquele nome sentiu sua pulsação acelerar e uma ansiedade lhe atingiu, pois sentia medo de encontrar novamente com filho de Antonio que em nenhum momento escondeu que a detestava e nunca aceitaria aquela união.
No dia do casamento, Rafael apareceu somente para jogá-la contra a parede com suas acusações. E outra vez voltou ao tempo com suas lembranças...
"Era uma tarde de sábado e Helena se vestia no quarto para o seu casamento. Não seria uma festa grande e nem se casariam no religioso, mas ela usaria um vestido branco simples, mas bonito.
Por alguns minutos ficou olhando a peça branca que estava posta sobre a cama então quando decidiu colocar o vestido ouviu o barulho da porta sendo aberta e quando ela virou o corpo viu entrar no quarto um homem alto, moreno e muito bonito, mas que tinha um olhar agressivo. Seu primeiro movimento foi colocar a roupa sobre o corpo, porém isso não impediu que ele a visse.
_ Quem é você? Saia daqui! Você não está vendo que estou me vestindo?!
_ Oi "mamãe", prazer em conhecê-la.
O jeito que ele falava não era nada amigável, isso ficou perceptível! Ela ficou confusa ao o ouvir falar aquilo foi então se atentou de que aquele seria o filho de seu futuro esposo.
_ Você é o filho do Antonio?
_ O próprio Rafael em sua frente, minha querida.
Aquela voz de cinismo era irritante, pensou Helena vendo quando ele caminhou em sua direção e antes que ela pudesse se desviar ele puxou o vestido de sua mão revelando a sua delicada lingerie e ele deu um leve sorriso.
_ Agora entendo porque meu pai enlouqueceu quando te conheceu.
Helena sentiu o rosto enrubescer ao ver olhar penetrante daquele homem em seu corpo e quando tentou gritar ele se adiantou e colocou a mão sobre sua boca pressionando-a contra a parede. Tudo o que ela conseguia fazer era se debater na angústia de querer sair daqueles braços que a prendiam com força.
Rafael pressionando seu queixo para cima fez com que ela o encarasse fixamente e disse:
_ Não fique aflita, apesar de você ser bonita eu sei muito bem quem tu és! Jamais olharia para uma vagabunda que se meteu no casamento do meu pai! Mas fique sabendo de uma coisa, desejo que você seja imensamente infeliz!
Dizendo essas palavras ele a empurrou e jogou o vestido em suas mãos, apesar do nervosismo ela se adiantou e antes dele sair comentou:
_ Você está enganado Rafael, eu não sou...
_ Não me interessa ouvir tua voz! Fique sabendo de uma coisa, se depender de mim vou fazer de tudo pra que vocês sejam infelizes!
Ele já ter uma opinião formada acerca dela e nada parecia mudar aquela opinião de que ela era uma mulher leviana. Apesar dela tentar falar algo ele não quis ouvir e saiu deixando-a assustada por aquele encontro."
Depois daquele dia não encontrou mais com Rafael já que ele fez questão de deixar claro sua empatia com ela. O fato dele ter ido à Espanha terminar sua pós-graduação em Marketing tinha contribuído muito para essa distância , mas agora depois de todos aqueles meses ele estava de volta e seria inevitável que se encontrassem.
Pensar naquilo fez com ela se sentisse nervosa!
Preferiu não contar para Antonio o que havia se passado, pois não queria começar aquele casamento com uma grande briga de família já que se tratava de pai e filho. Quando entrou naquele casamento de contrato, seu marido estava saindo de um divórcio e isso tinha gerado muita briga no tribunal por causa dos bens do casal. Por isso era preferível manter a paz e não começar outra briga por causa de Rafael!
***
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O Nosso Amor
RomanceHelena sonhava encontrar o amor, mas não podia imaginar que seria dessa maneira. Afinal, tudo o que tinha era um casamento forçado com um homem que não amava e para completar, tinha que enfrentar a ira de seu enteado que, a odiava mais que tudo. Ra...