Hayley na capa.
Pessimismo leva à fraqueza, otimismo ao poder.
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Meu choro foi abruptamente interrompido por gritos de socorro ecoando pela casa. Com o coração disparado, larguei a carta sobre a mesa e corri na direção do som, apenas para me deparar com uma cena inesperada: Hayley estava encurralada contra a parede, os olhos arregalados de puro pavor.
— Me ajuda, essa louca vai me matar! — ela exclamou, a voz trêmula. Não contive o riso ao perceber o motivo.
— Calma, Hayley. Eu já conversei com Ellen, nós nos acertamos, certo? — falei, lançando um olhar para Ellen. Ela apenas balançou a cabeça afirmativamente, com um ar indiferente.
— Você quase me matou! — Hayley rebateu, indignada.
Ellen cruzou os braços e inclinou a cabeça, seu sorriso era afiado, perigoso... idêntico ao de Lucien.
— Você invadiu a minha casa no meio da noite. O que esperava? Ser recebida com um abraço? — retrucou, arqueando a sobrancelha com desdém.
A mesma ironia, a mesma postura arrogante, a mesma maneira provocativa de se expressar... Meu estômago revirou. Ela não era apenas minha filha. Ela era Lucien.
— Mas já que esse quadro é apenas para Priscila, precisamos de um para exposição. Se não, Lucien vai nos matar. — Hayley resmungou, cruzando os braços.
Ao ouvir aquele nome, Ellen arregalou os olhos, seu corpo ficando tenso de repente. Antes que eu pudesse reagir, ela me puxou para um canto afastado, longe dos ouvidos curiosos de Hayley.
— Lucien... esse Lucien é o mesmo? — sua voz estava carregada de urgência, e seus olhos brilhavam com um misto de ansiedade e descrença. Eu sabia exatamente o que ela queria dizer.
— Você veio de uma realidade alternativa, assim como eu, certo? — questionei, observando atentamente sua reação.
Ellen assentiu, respirando fundo.
— Sim, mas tem algo que você precisa saber. Meu pai... o Lucien da minha realidade... ele fez um acordo com alguém para que viéssemos para este mundo. Mas este mundo é diferente, você não tinha se envolvido com nenhum dos irmãos Campbell. — Ela fez uma pausa, seu rosto tomava uma expressão confusa e levemente frustrada, como se as peças de um quebra-cabeça não se encaixassem. Seus olhos, geralmente tão determinados, estavam agora carregados de uma dúvida quase palpável. — Por isso, sempre achei estranho ele ter tanta certeza de que viria aqui um dia, afinal, quem te traria até aqui?
O ar pareceu se fechar ao redor de mim. Eu engoli em seco, sentindo o peso daquela revelação se espalhar lentamente pelo meu peito, apertando-me de forma implacável. As palavras de Ellen ressoaram na minha mente, mas havia algo ali que eu não conseguia descifrar completamente.
— E nessa realidade... existe um outro Lucien. — Sussurrei, mais para mim mesma do que para ela, como se estivesse tentando entender a magnitude do que aquilo significava. A sensação de uma verdade antiga, algo que eu não queria confrontar, veio à tona. — Mas eu reconheci ele não por conta dessa realidade, mas sim pela minha, onde eu me casei com Nicholas.
O silêncio que seguiu foi denso, quase opressor. Ellen ficou parada, os olhos fixos em mim, mas sua mente parecia estar a milhas de distância. Ela observava cada nuance da minha expressão, como se estivesse tentando encontrar uma resposta nas entrelinhas do meu rosto.
Ela abriu a boca para falar, mas antes que qualquer som escapasse, seus olhos se estreitaram em uma compreensão repentina.
— O acordo que meu pai fez... — Ela disse, as palavras saindo lentamente, como se cada uma delas fosse uma peça a mais para encaixar naquelas revelações desconcertantes.
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REALIDADE PARALELA
RomancePriscila Silva Santos é uma mulher marcada por uma profunda depressão e baixa autoestima, mas encontra no amor de sua vida, Nicholas, sua única razão para viver. Totalmente dependente dele, ela constrói sua felicidade em torno da relação. No entanto...