Begin Again | Tayvis

Capítulo 28

Assim que passei o batom, borrifei meu perfume novo.

Que, na verdade, não era tão novo assim.

Era aquele que eu tinha ganhado de Travis e que já havia terminado há um tempo, por isso, fiz questão de recomprá-lo.

O aroma nostálgico invadiu o ar, trazendo de volta as lembranças de um jeito diferente do dia da loja.

Momentos que, na época, pareciam simples, mas agora carregavam um peso diferente.

Sorri sozinha, balançando a cabeça.

Eu estava mesmo começando a ver tudo de outra forma, não estava?

Talvez eu estivesse vivendo tudo aquilo com Travis mais uma vez, mas dessa vez era tudo diferente.

Respirei fundo e dei uma última olhada no espelho antes de pegar minha bolsa e sair do quarto.

Com passos mais confiantes, caminhei até a sala, onde a música Sweet Child O' Mine, do Guns N' Roses, tocava alto.

Quando entrei, encontrei Travis sentado no sofá, curtindo a música.

Assim que me viu, seu sorriso se alargou, e por um momento, parecia que o tempo havia parado entre nós dois.

Fui até ele, tentando disfarçar a confusão de emoções que eu sentia.

– Pronta para a melhor noite da sua vida? – ele perguntou, com aquele tom descontraído, mas com um brilho nos olhos que parecia dizer muito mais do que as palavras.

– Acho que sim. – respondi, mais confiante do que realmente me sentia.

Ele se aproximou, colocando a mão na minha cintura de uma forma tão natural, como se fosse o gesto mais simples do mundo.

– Vai ser incrível. – ele disse, e algo na sua voz fez com que eu sentisse que ele estava se referindo a muito mais do que apenas a balada daquela noite.

– Com certeza! – sorri, sentindo uma sensação de antecipação crescer dentro de mim.

– Vou pedir o Uber, ok?

– Achei que fôssemos de carro.

– Pois é, mas nossas mães vão precisar dele.

– Sério? Pra onde elas vão?

Travis riu, balançando a cabeça.

– Você não vai acreditar! Elas vão para o bingo.

– O quê?! – arregalei os olhos, segurando o riso.

– Bingo? Sério?

Travis assentiu, ainda rindo.

– Sim! Elas disseram que estavam precisando de uma "noite de diversão".

Soltei uma gargalhada, imaginando nossas mães animadas jogando bingo como se fosse um evento imperdível.

– Bom, então acho que a gente também merece uma noite de diversão, né?

– Exatamente! – ele pegou o celular.

– Vamos lá para a porta, o Uber chega em dois minutos. – ele disse, entrelaçando seus dedos nos meus em um gesto simples, mas que fez meu coração disparar.

Saímos juntos, ainda de mãos dadas, e ficamos na calçada esperando o carro.

A brisa noturna que vinha da praia era fresca, e a rua, quase vazia, era iluminada pelas luzes dos postes.

De vez em quando, eu sentia Travis passar o polegar de leve sobre minha mão, como se fosse um gesto involuntário, mas que me fazia sentir um calor estranho no peito.