O infortúnio muitas vezes traz consigo trauma e medo, até mesmo solidão. Sakura estava passando por um drama, um acidente fez com que sua rotina mudasse completamente. A dor da perda e os sentimentos confusos da separação tiraram o brilho e a imagin...
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Em meio a escuridão que dominava ao fechar meus olhos, os cabelos rosas eram soprados por uma brisa. Os fios se espalharam e o perfume permeia todo o lugar. Contudo, aquele aroma não era o seu. A voz calma cantarolando próximo de mim também não era.
Não tinha outra imagem, somente a sua que me assombra e me faz querer gritar de saudade a cada momento que tento refletir com os olhos fechados. Sakura estava dominando minha mente, e mesmo que eu não queira, não havia como fugir.
Espremi mais os olhos no segundo em que as massagens de minha mãe se intensificaram em meu ombro. Sua mão deslizava sobre a minha pele com a ajuda de uma pomada para dor. Aparentemente acordei com ele dolorido e aqui estamos; com ela mais uma vez cuidando de mim.
⏤ Tenha paciência com o seu pai, filho. Uma das moças que foi limpar o escritório me disse que ele está bêbado. Eu não sei do que ele pode ser capaz de fazer estando tão descontrolado. ⏤ Respirou profundamente antes de se afastar limpando as mãos. ⏤ Então... só não caia nas provocações dele.
Mesmo que Sakura seja a responsável por tomar de conta de todos os meus pensamentos, era inevitável que parte dele não seja consumido pelos problemas restantes ao meu redor. Minha mãe me disse que meu pai não foi dormir em seu quarto na noite anterior. Provavelmente deve ter ficado em um dos quartos de hóspedes da casa ou até mesmo em seu escritório.
⏤ Faz ideia do que ele possa querer dessa vez, mãe? ⏤ Indaguei, conforme passava os braços pelas mangas da camisa e logo a vestindo.
Seu olhar se dirigiu ao chão, vasculhando o piso, e, em seguida, voltou, enquanto seus braços acariciavam seu próprio corpo. Ao que parece, ambos estávamos confusos e perdidos. Minha mãe, há tempos, não parecia saber muito sobre seu próprio marido, como se fossem completos estranhos compartilhando uma cama à noite; diante das câmeras, eram o casal ideal.
Pelo menos era isso que todos achavam.
⏤ Eu não sei meu filho. Saber coisas do seu pai me assustava, pelas escolhas tão cegas por poder e dinheiro que ele sempre tomava. No entanto... não saber completamente nada me assusta muito mais. ⏤ relatou, seus olhos escuros me fitando com apreensão.
Passei a mão pelo rosto, esfregando, na esperança de encontrar algo que iluminasse essa confusa escuridão. Nada parecia capaz de trazer alívio, exceto, talvez, a presença de alguém. Senti um certo alívio ao puxar e expelir o ar, levantando-me quase como se fosse um sacrifício.
⏤ Bom, então acho que está na hora de eu descobrir alguma coisa daquele velho. ⏤ informo, beijando a sua testa com carinho antes de passar pela porta, ouvindo um "boa sorte".
A cada passo era como se algo em mim formigasse por dentro, me causando ânsia. Eu não sabia o que de fato enfrentaria assim que pusesse os meus pés dentro daquela sala. Eu não sabia o que esperar do meu genitor. Uma outra tentativa de casamento arranjado, talvez? De qualquer forma, é ridículo.