1."Pilot"

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Primeira semana de Maio, 2019. – Bat City.

"– Estou com sono, vou ficar um pouco no carro. –Disse para minhas amigas, elas estavam descontroladas, felizes demais, sem ao menos terem bebido.

– Vem cá, toma essa pílula para acordar, você vai ficar elétrica rapinho. – disse a morena me mostrando um frasco escrito "love is a pill", ela parecia estranha, falando rápido demais e se movimentando como se não pudesse ficar parada por um segundo.

– Não obrigada, eu não gosto disso, olha o que faz com vocês, estão estranhos. Eu preciso é dormir mesmo.

Distanciei-me delas, andando por toda a festa procurando meu vizinho o qual tinha me trazido aqui, estava em uma roda com alguns meninos e com uma loira grudada em seu pescoço.

– Me empresta a chave do seu carro? Quero dormir um pouco.

– Tudo bem, vamos lá. – Ele se soltou da loira, que me olhou feio apesar do seu sorriso estar enorme, pareciam bem alegres, mas diferentemente das meninas, eles haviam tomado as pílulas e estavam bebendo alguma coisa azul. Acho que qualquer que seja a mistura, se acrescentar álcool, não surge um efeito muito bom. Mas de que adianta tentar dizer a eles que isso não faz bem? Se conselho fosse bom, não seria de graça. A minha vida em festas se resume a ver meus amigos ficarem loucos e ter que segurar a cabeça deles na privada depois, pra que eles não se afoguem na própria meleca. Continuei andando até o carro, balançando a cabeça e sorrindo quando Ethan falava comigo até ele abrir a porta para mim. Entrei e fechei a porta olhando ele voltar para festa, fui para o banco de trás e então dormi.

Ouvi uma freada brusca e umas luzes no meu rosto, senti mãos em cima de mim, de repente ouvi gritos, fiquei desesperada e forçava meus olhos a se abrirem e quando finalmente consegui, eles se fecharam novamente."

Acordei, comecei a abrir os olhos lentamente, sentia dores em varias partes do corpo. Olhei em volta do lugar onde eu estava, isso é um quarto de hospital? Ainda estou em Bat City? Não consigo entender muito bem o que está havendo, vi vários fios em cima de mim, notei que os aparelhos estavam todos desligados, olhei do lado da cama e tinha um vaso de flores murchas, parecem estar aqui um bom tempo, sacanagem não levar as próprias flores embora, sacanagem ainda é não limpar e deixar para o outro paciente... Espera um minuto, e se forem minhas? Que nada, acho que estou pouco tempo aqui, até deligaram o aparelho porque eu não deveria precisar, acho que entrei na onda das pílulas e passei mal. Alcancei a campainha para chamar a enfermeira, eu nem escutei o "alarme" dele tocar, deve tocar só dentro de outro lugar, vai saber. Esperei um tempo e nada. Ninguém veio, tentei me levantar e, ai veio àquela dor em tudo.

Maldita ressaca... Mas calma, eu nem bebi. A única coisa que fiz foi me sentir mal e ir para o carro tentar descansar e melhorar.Comecei a sentir muita sede. Consegui ficar em pé e com dificuldade, me apoiando a parede e consegui caminhar até a janela e olhei para fora piscando mais de cinco vezes, pensando que havia algo de errado com a minha visão. Mas aquela imagem parecia à mesma em todas as piscadas, havia carros abandonados nas ruas, trombados em alguns postes, parecia que havia acontecido uma guerra e transformado Bat City em uma enorme cidade feita de ferro velho. O que mais me intrigava era que não havia ninguém na rua, mas sim moscas por toda parte, havia muitas delas.

Entrei em estado de choque, comecei a tremer e tentei abrir a porta daquele quarto pra sair de lá, mas estava trancada, trancada! Então parti a procura de algo, algo pra abrir aquela porta, meu corpo doía muito e meu desespero só fazia piorar a dor, até que olhei para o chão e uma chave estava lá, não era possível, ou era? Coloquei a chave na fechadura e encaixou perfeitamente, rodei a chave e a maçaneta e me deparei com uma cena me deixou mais assustada, no chão havia muito sangue. Que porra é essa? Entrei no quarto, desorientada, fechei a porta devagar e encostei-me a ela. Se passaram alguns minutos até eu procurar algo pra calçar, vi um chinelo e o calcei. Eu não iria sair pisando em todo aquele sangue, mas qual o motivo de todo aquele sangue? Deve ter alguém se rastejando pelo corredor, não é possível, alguém vai morrer eu não sei limpar ferimentos, isso se a pessoa ainda estiver viva. Afasta esses pensamentos de mim! Preciso ser forte e sair desse lugar logo. Abri a porta e comecei a caminhar lentamente pelos corredores, muita sujeira, macas caídas, e ainda não havia sinal de energia; comecei a procurar alguma saída de emergência, andei mais um corredor e encontrei uma porta. Abri ela lentamente e comecei a descer as escadas encostando na parede para não acabar caindo escada a baixo, minha tremedeira não ajuda, onde eu vim parar? As escadas não acabavam logo e eu precisava sair desse lugar. Continuei descendo as escadas com um pouco mais de pressa, apesar da dor, eu preciso sair. Finalmente cheguei ao térreo e tentei abrir a porta, puxando com o resto de força que me restava, quando consegui abrir, cai de joelhos no chão.

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