CAPÍTULO ONZE: ESFINGES PODEM REALMENTE ESTRAGAR O SEU DIA

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Eu acordei com a sensação excruciante de estar com todos meus ossos quebrados. Minha pele parecia estar mergulhada em lava derretida e meus tendões aparentavam estar todos soltos.

Cogitei se não estaria morto, mas sabia que não. Eu já estivera na Terra dos Mortos, e lá não era tão aconchegante.

Eu fiz uma tentativa de me sentar. Tinha uma sensação de que meus músculos estavam derretendo lentamente. Tombei em direção à minha cama. Vi paredes girando e um ponto de luz brilhando acima de mim. Também ouvi uma fonte gorgolejando e senti o forte cheiro de canela.

Quando minha visão se assentou, eu examinei o cômodo com atenção.

Estava em uma espécie de dormitório, e tinha uma acomodação bem simples. Era formado por paredes de pedras úmidas e com imagens de monstros horrorizantes gravadas no teto. Um lampião empoeirado pendia no ar suspenso com arame torcido e lançava uma luz fantasmagórica pelo dormitório.

Perfeito. Eu me sentia aprisionado em uma masmorra.

Eu tinha um pano molhado em minha testa e estava deitado em um ninho de feno. Puxa, eu me enganei à beça. Assistindo em milhares de filmes, sempre acreditei que o feno era macio e confortável, mas na verdade, arranhava bastante.

Uma pequena tigela de bronze com um liquido avermelhado pairava ao meu lado. Acho que havia tomado daquele líquido, pois minha garganta estava com um agradável sabor caramelado.

Sem forças para levantar, fiquei encarando a claridade do lampião dançando pelas paredes.

Estava pensando em minha conversa com ser:

Sua mãe foi a primeira em séculos a chegar a ligar-se à mim. Foi perigoso e contra as leis da Sociedade, mas sua mãe era especial. Ela teve a premonição que o Caos estava se erguendo. Vocês precisam de mim.

O Caos estava se erguendo? O quê isso significava? Minha mãe previa o futuro? E o mais importante: quem era o ser em minha cabeça?

Fiz uma tentativa: Têm alguém em casa?

O ser não me respondeu, provavelmente ainda ocupado tentando reconstruir o meu mundo interior.

Ou talvez o Sinal Telepático De Seres Divinos estivesse fora do ar.

Fiz uma anotação mental para me lembrar de pedir o seu WhatsApp. Mas, naquele momento, não estando mais sobre o efeito da adrenalina e desespero da arena e minha vida não corria risco, pensei na idéia de alguém além de mim mesmo na própria cabeça, se manifestando à qualquer momento que desejasse.

Imaginei me em um restaurante:

Eu: - Gostaria de um chessburger e...

Ser: - Eu também quero!

Eu: Nunca!

Ser: Fique calmo!

Eu: Não me diga para ficar calmo!

Recepcionista: Eu não disse.

Eu: Estou falando com um ser divino que vive apenas na minha cabeça! Acredite! Eu não sou louco! Não ligue para a policia!

Seria desagradável.

Mas, eu meio que, tipo, queria que ele tivesse me respondido.

Encostei minha cabeça em meu ninho de feno, confuso. Uma urgência incomodava minha mente, e eu não conseguia me livrar dessa sensação.

Quase surtando, eu me levantei da cama de feno e tirei o pano molhada da minha testa. Estava de pé com dificuldade. O chão de pedra era frio. Eu me virei e me vi diante de um espelho de bronze empoeirado.

Sociedade dos Cinco e a Jornada pela CidadelaOnde histórias criam vida. Descubra agora