Lucy Quinn Fabray

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P.O.V Quinn

Assim que Rachel havia saído de casa, eu cai no choro, poderiam achar que era exagero, mas não era. Havia tantas coisas envolvidas, se eu não conhecesse Rachel tão bem, poderia simplesmente achar que ela inventaria uma mentira, diria que havia entendido errado, mas eu conhecia Rachel, mas infelizmente ela não me conhecia.

-Você tem certeza? Foi apenas uma briguinha Quinn.- ouvia Santana dizer, após eu ter dito o que faria.

-Não posso mais adiar isso... Ela merece a verdade, eu sei que ela não irá me esconder a verdade do que aconteceu, então para que eu continuaria uma mentira para uma pessoa que sempre me disse a verdade?-

-Você tem razão... Espere aí, irei buscar a caixa, já que escondi.- ela disse sorrindo levemente. Demorou alguns minutos até que Santana voltasse a sala, com a caixa vermelha.- Agora só falta esperar e ver o que acontece.- ela disse se sentando na bancada da cozinha. Me afundei na poltrona voltando a chorar em silêncio.

Algumas horas depois ouvi a porta se abrir, era a hora... Toda a verdade seria dita, não havia mais volta, Rachel iria me entender, ou então seria o final daquele sonho, o meu sonho.

-Quinn!- exclamou assim que me viu sentada na poltrona, com a caixa na mão.

-Eu... Chega de mentiras... Me desculpe-  disse sem lhe olhar. Ela sentou no sofá perto de frente para mim, sem entender nada.

-O que é isso?- ela perguntou sem entender, olhando para caixa. Consegui olhar em seus olhos, eu continuava a chorar.

-Essa é toda a verdade sobre mim.- disse colocando a caixa em seu colo.

P.O.V Rachel

Eu encarava a caixa a minha frente, não era pesada, leve, muito leve, eu tinha medo de abri-la, eu tinha medo da verdade, Quinn continuava chorando, aquilo esmagava meu coração. Coloquei a caixa em seu colo novamente, tendo seu olhar confuso.

-Eu não quero saber disso, se isso for nos afetar.- disse seria, ela não me olhava, aquilo estava errado,eu não suportava não ter o contato visual com ela, seus olhos me diziam tudo.

-Eu não...San.- bufei vendo Santana aparecer na sala com um misto de pena e tristeza.

-Rach... Ela não vai ter coragem depois.- ouvi ela dizer.

-Então abre pra mim.- pedi calma. Quinn levantou o rosto, me olhando suplicante, seus olhos já não tinham a cor que eu amava.

-Não faz isso... Por favor, só abra.- ela disse baixo soluçando.

-Para que isso? Por que?- insisti.

-Um relacionamento não pode ser construído através de mentiras, hoje eu vi o que aconteceu, e eu não te culpo por isso, eu sei que você não me esconderia o real motivo, então não posso mais te esconder isso, sendo que a única coisa que você mais detesta são as mentiras.- Peguei suas mãos colocando sobre a caixa, ela tremia como nunca antes... Puxou sua mão, suspirei.

Abri a caixa vendo um uniforme, um uniforme que eu tanto temia. Levantei rapidamente, atordoada, olhei para Santana, cenas corriam minha mente, raspadinhas, o mar vermelho de Cheerios vindo para cima de mim. Uma dor profunda em minha cabeça me deixava zonza, o pavor tomou conta de todo o meu ser, senti seu corpo me puxar, me prendendo em seus braços.

-Diz que... Diz que isso é uma brincadeira de mal gosto... Diz que é mentira... Você não... Você... Não... Quinn... Por favor... Não é... Não pode ser... Você não é Lucy.- mesmo com meu corpo tremendo,  eu conseguia sentir o seu tremer contra o meu, seu choro era continuo, um silêncio esmagador, chorei, me agarrando em Quinn com todas as forças.

-Eu te amo... Eu não queria... Eu não sou ela... Não sou.- ela dizia baixo aos soluços.
Empurrei ela sem forças, olhei Santana que tinha algumas lágrimas no rosto.

-Isso é mais uma brincadeiras de vocês né!?- exclamei, tentando limpar minhas lágrimas, elevando a voz.- Por que Quinn? Ou seria Lucy? Cade as raspadinhas? Anda Quinn! Vai em frente!

-Para! Não é... Não é nada disso... Porque eu te amo! Eu sou Quinn! Para com isso por favor.- ela disse tentando se aproximar, ri nervosa.

-Me ama? Que tipo de amor é esse? Você sai de Lima, vem para cá, para brincar comigo? Para me fazer sofrer de novo!?- gritei em plenos pulmões, empurrando-a sem forças, Quinn cambaleou para trás, segurou meu pulso, me apertando em seus braços.

-Me deixa explicar por favor, vamos conversar- ela pediu me puxando para o quarto, trancando a porta em seguida.

-Você não podia ter feito isso comigo, eu te amei Quinn, eu te amo, por que!?-

-Eu aceitei vir para cá apenas por saber que era você, apenas por saber que tinha uma oportunidade de me aproximar de você... Lucy... Lucy Quinn Fabray,estudamos juntas desde o ensino médio Rachel, você nunca me viu, tão envolvida com aquele Club. Eu já te amava antes mesmo de te conhecer, eu te amei desde o dia do parque, e eu me odiei por isso, odiei sentir isso, doía ver você com Finn, aquele babaca. Eu tive que fazer tudo aquilo, porque eu odiava a sensação de te amar e não receber nem um olhar de volta, era horrível amar sozinha, eu era uma adolescente babaca, tinha que fazer as vontades do meu pai, obedecer a treinadora Sue, ser alguém lá dentro, e mesmo fazendo tudo isso, estando no topo... Eu não era nada, nada sem você... Eu tinha tanta inveja, você sempre foi melhor que todos lá dentro, e eu só queria você.- absorvia tudo aquilo em silêncio, era muita informação.

-Isso tudo por que me amava?- perguntei baixo fechando os olhos com força.

-Sempre foi por te amar... Tudo.- Quinn sussurrou apertando minha mão, ajoelhada em minha frente, seus olhos vermelhos por conta do choro.

-Isso não está certo, não está, eu me entreguei a você, eu te amei, eu entreguei meu corpo a você, a minha vida! Eu fiz tudo, tudo por você.- disse soltando suas mãos, indo até o guarda roupa, retirando algumas peças de roupa, jogando tudo dentro de uma mala. Quinn me chamava aos prantos enquanto eu saia, vi Santana assustada na sala.

-Rach, para, você não está bem... Volta aqui!- ela disse alto enquanto entrava no elevador.

As portas de metal se abriram no térreo, vi as duas descendo as escadas rapidamente me chamando, caminhei rápido saindo do prédio, pessoas esbarravam em mim, minhas lágrimas embaçavam meus olhos, ouvia meu nome ser chamado, olhei para trás vendo Quinn correr quase ao meu alcance, exclamando meu nome.  Olhei para frente o sinal vermelho, algumas pessoas atravessavam correndo, segurei a mala, nenhum carro a vista, atravessei a rua.

-Rachel!- olhei para trás, ultima coisa que vi foi seus olhos verdes, antes de sentir algo bater em meu corpo com força.

Eu nunca havia sentido tanta dor em toda minha vida, eu não enxergava mais ninguém, apenas vozes apavoradas, gritando por socorro, o som da ambulância se aproximando, senti sua mão segurar a minha com força.

-Rach, por favor não me deixa... Eu... Rach acorda! Não me deixa aqui sozinha, você não pode me deixar... Eu amo você... Eu amo... Não desiste de mim...- ouvi sua voz exclamando. Logo depois seus gritos chamando meu nome, em seguida uma escuridão tomou conta de todo o meu ser.

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