Capítulo Três - Cristiane

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Olá!

As postagens serão feitas as terças e sextas, qualquer alteração eu avisarei.

Obrigada, pelos votos e comentários, isso só aumenta a motivação para escrever.

Espero que gostem

Beijos, JuPSouza

(Grupo do face:  Romances - Juliana Policarpo)


~*~


A dor tem o poder de cegar, de nos tornar egoístas, insensíveis.

Depois da minha crise de choro e uma espécie de libertação na academia. As meninas me levantaram e levaram para os fundos da academia, para sairmos sem chamarmos atenção.

Essa semana eu estava sozinha em casa, pois minha mãe foi para o interior, ajudar a tia Ana, mãe da Ale, num novo projeto para as crianças, que a academia também apoiaria. Por esse motivo, fomos todas para o apartamento que morava com mamãe, as meninas não me deixariam sozinha e não precisavam nem falar nada para eu chegar a essa conclusão.

A Ale foi dirigindo, estávamos em silencio desde que saímos da academia. Não sei se conseguiria me abrir e expressar bem tudo o que estava sentindo, todas as minhas dores, medos e angustias, mas sei que elas entenderiam. Veriam meu choro como uma abertura de minha parte.

Estávamos, eu, Eliz e a Nicke no banco de trás do carro da Ale, as duas seguraram cada uma das minhas mãos como se tivessem medo que eu evaporasse. Só agora me dava conta de suas expressões preocupadas e tristes, o pior era saber que eu era responsável por elas.

Meu porteiro já conhecia o carro da Ale, ao sinal da buzina dela, logo abriu o portão da garagem. Subimos de forma automática pelo elevador. Eu estava, literalmente, sendo carregada por elas. Parecia que todo o choro que reprimi no dia do acidente, no dia da perda do meu filho e no dia que o Will partiu meu coração estavam sendo derramadas hoje. Elas só desciam, eu não emitia nenhum som.

Dizem que o choro reprimido, o deixar de sofrer no momento devido, se torna pior, porque quando vem, derrubam todas as estruturas e o efeito é devastador.

Elas se dividiram. Ale me levou para o banho na suíte da minha mãe, ouvi a Nicke falando algo na cozinha e a Eliz falando que ia ajeitar algo na sala. Só sei que em pouco mais de trinta minutos, eu estava de banho tomado com uma blusa largona, sentada numa cama de edredons que montaram na sala, com duas caixas de pizza, um prato de brigadeiro e copos gigantes de refrigerante. As meninas já haviam tomado banho e estavam vestidas como eu. Elas falavam baixinho entre si, acho que esperando eu falar alguma coisa.

- Eu queria pedir desculpas para vocês. – Comecei. – Desculpas por ter agido como uma vaca estúpida, eu não tinha noção dos meus atos, só fui tentando levar a vida, sem me tornar um peso para vocês.

- Você não tem que pedir desculpas, só não pode esquecer que você tem a gente e que por mais que te doa, falar é sempre melhor do que ficar remoendo tudo sozinha. Você nunca será um peso para a gente. Estaremos sempre aqui, umas pelas outras. – Ale pega em minha mão e fala serenamente.

- Eu sei. Só parece que quando se fala dói mais.

- Isso é porque depois do acontecido você se fechou, mas nunca explorou muito o assunto. A dor foi acumulando dentro de você e ao se fechar e tentar bloqueá-la, vai ter uma hora que ela vai explodir. – A Eliz pondera.

Não dá para enganar o coração (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora