A noite não foi muito boa. Sabia que amanhã não estaria mais com Tobias. Então passei a noite andando pelo quarto, contemplando Tobias dormindo e me envolvendo em suas camisas para pegar seu cheiro.
De manhã, pegamos o trem, que nos levamos para a sede da Audácia. Não falei muito. Estava mais concentrada em Melanie, Tobias e todo o resto que estava pra trás. Fomos para uma grande sala com várias camas de solteiro. Abri minha mala procurando uma jaqueta de manga. Ali era muito frio. Dentro de minha mala tinha uma jaqueta maior que as outras. Era a de Tobias. Coloquei inalando o cheiro forte dele. Não sei como descrever, é um cheiro único.
Fiquei sentada na minha cama pensando nele. Escutei um grupo de nascidos na Audácia vindo em minha direção. Me levantei e andei sem rumo, para fugir deles.
-Ei! Espera aí! - gritou um deles correndo. Ele segurou meu ombro, e por instinto, virei meu cotovelo que atingiu sua garganta. Outro me segurou.
-Calma! Calma! Não vamos te atacar. Viemos te convidar pra fazer um passeio, no estilo Audácia! Você parecia bem depressiva ali. - parei de me debater. Ele me soltou.
-Tudo bem. Mas eu não estava depressiva. - disse fazendo uma careta. -Só vou trocar de casaco e vou. - guardei o Tobias e os segui.
Eles riam e empurravam um ao outro pelo caminho. Conversei com um garoto tão grande quanto Tobias. Ele me disse que se chama Uriah.
Chegamos em um prédio, aparentemente abandonado. Suabimos as escadas correndo. Alguns gritavam. Quando chegamos ao topo, o vento bagunça algumas mechas soltas de meu cabelo. Havia um cabo com um colete pendurado. Uns garotos amarraram Uriah e o lançaram para o vento. Ele gritava e ria ao mesmo tempo. Após alguns minutos o colete voltou.
-Tris! - chamou o garoto segurando o colete, me estendendo a mão.
-Vai! - todos gritavam, como uma torcida. Antes de eu conseguir pegar a mão do garoto, alguém me puxou pelo braço para trás. Tobias me encarava severamente.
-Toma cuidado. - disse ele abrindo um sorriso. Assenti com a cabeça. O garoto me prendeu ao colete. Ele segura um objeto de metal.
-Puxe o freio quando chegar lá em baixo! - ele gritava por conta do vento. Ele me entregou o freio.
-Okay. - me inclinei para frente afinal, vou de cabeça.
Ele segurou minha cintura e me arremessou. Gritei no primeiro momento, comecei a rir de mim mesma. Abri os braços como um pássaro deixando o vento fluir. Ao chegar perto de um prédio espelhado, vi meu reflexo e depois a roda gigante. Observei as luzes. O fim do cabo estava perto. O cabo estava perto. O cabo se enclinou bruscamente, e meu corpo deu um tranco no colete. Vi a parede do fim e vários membros da Audácia lá gritando "Puxa o freio!". Me esforcei e puxei o freio. Até que meu rosto parou a centímetros do muro. Todoas gritavam dando socos no ar. Eu os imitei rindo.
Me soltei do colete e cai nos braços deles, que me levaram para longe. Um dos braços me desceu. Tobias. Eu o abracei e ele me beijou. Todos em volta ficaram paralisados. Boquiabertos.