Capítulo 7

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"A festa estava animada e Ethan parecia conhecer muito mais gente daquela minúscula cidade do que eu. Cumprimentava a todos e todos lhe sorriam de volta. Ele sempre foi muito simpático e isso sempre me alegrou, mas naquele instante eu queria desaparecer, queria ser invisível, e de fato eu quase estava, de tão magra.

Pedi para que nos sentássemos, pois já estava sentindo meus pulmões arderem devido ao esforço, não tinha basicamente nada no estomago e mesmo assim me sentia enjoada. Ethan me oferecia sua comida pela quarta vez quando me levantei para ir ao banheiro, eu precisava por pra fora o que não tinha no meu estômago. Mas foi aí que as coisas ficaram estranhas, senti minhas mãos formigarem e a minha visão ficou turva, me agachei imediatamente, a alguns metros do salão onde estava lotado de pessoas dançando e cantando, lá ficava o banheiro, mas não tive tempo de chegar até lá. As vozes sumiram e as imagens ficaram distorcidas, eu via pessoas correndo ao meu encontro, mas não conseguia reagir, então senti o chão atingir violentamente as minhas costas.

Adivinhe! Acordei em um maldito hospital, com uma profunda dificuldade em respirar, sentindo meu estômago queimar de fome, e ainda via as coisas a minha frente em tanto embaçadas. Puxei o ar, tentando preencher meus pulmões que pareciam vazios, então senti sua mão apertar a minha com cuidado. Ethan estava cochilando na cadeira do meu lado, com uma das mãos segurando a minha, com meu movimento ele teve o reflexo de me apertar um pouquinho, fiquei chocada com aquilo, não tinha a menor noção das horas, e imaginava pela escuridão do quarto que ainda estávamos na mesma noite da festa.

Além de meu corpo estar todo dolorido, parecia que as enfermeiras levaram um tempo para encontrar alguma veia em mim, pois havia vários adesivos daqueles que colocam em você após retirar um tubo de sangue, nas mãos, braços e até o meu pescoço. Eu me sentia em um pesadelo, nada era pior do que estar em um hospital.

- Como se sente? – Ethan disse se espreguiçando.

- Com uma fome de leão. – afirmei. – Há quanto tempo está aqui?

- Eu? Desde que chegamos, por quê? – ele disse colocando meu cabelo atrás da minha orelha.

- E isso faz exatamente quanto tempo?

- Um dia, acredito eu. – apenas o olhei, fechando os olhos, desejando que tudo fosse mesmo um sonho, um sonho terrível do qual eu não conseguia acordar. – Estou esperando os exames saírem antes de ir para casa tomar um banho e trocar de roupa. – ele cheirou o colarinho da própria camisa e fez uma careta.

- Exames? – perguntei amedrontada.

- Sim, te reviraram de ponta cabeça procurando a causa desse desmaio... – ele suspirou – vamos ser positivos, provavelmente seja uma hipoglicemia apenas.

Mal sabíamos o quão pior seria.

Aparentemente eu não podia comer, somente o soro me mantinha consciente, afinal, eu estava a quase três dias de estomago vazio. E como ele doía.

Foram horas desesperadoras, eu sentia que não era tão simples, os exames estavam demorando demais, Ethan estava aparentemente nervoso, não conseguia esconder sua ansiedade. Ele tentou cantar pra mim, ler pra mim, contar piadas pra mim e até mesmo tentou fazer um Streep (infelizmente interrompido por uma enfermeira mal humorada, era lógico que ele não ficaria nu, mas ver seu abdômen me fez sentir minha pulsação subir ligeiramente, talvez a enfermeira só quisesse evitar um infarto da minha parte), porém, nada conseguia nos tirar daquele sentimento de desanimo.

- Odeio essa angustia. – confessei sentindo uma lagrima escorrer pelo canto do olho. Então Ethan deitou-se ao meu lado na maca, seu corpo emanando vida, diferente do meu, acendeu uma fagulha no meu peito. Ficamos ali, deitados em silencio, apenas aproveitando a companhia um do outro até que o nosso chão viesse a desmoronar."

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Romeu, Julieta & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora