Capítulo 7

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“Bzzz… Bzzz…” - acabo de virar a esquina da rua de minha casa e já sinto meu celular vibrar no bolso de minha calça.

Saí quarenta minutos antes do horário que estipulei para chegar até o parque, mas algo dentro de mim me incomodava dizendo que eu estava esquecendo de alguma coisa, mas por mais que eu tentasse me lembrar, não conseguia.

Pego meu celular e a palavra Mãe ganhou destaque no visor e a ideia de ignorar a chamada me é válida.

“Fala.” - atendo a ligação com um pingo de interesse em saber do que trata essa ligação repentina.

“É assim que você atende a mulher que te deu a luz?” - faz drama.

“Sim! Até porque eu não pedi para vir à esse mundo…” - respondo, não me importando se ela me esfolaria mais tarde.

“A mulher que te deu a luz pode ser a mesma que vai tirar ela de você!” - ela diz num tom calmo e escuto uma risadinha irônica logo em seguida.

“Tanto faz…” - reviro os olhos.

“Você esqueceu seus livros em cima da mesa.” - avisa - “Te liguei porque pode ser que você precise deles hoje e como a mocinha saiu mais cedo, tem tempo de voltar em casa para pegá-los.”

Ela tem razão, eu irei precisar dos livros que levei para casa há alguns dias atrás. Justo hoje que tenho compromisso, acontece uma dessas…

“Ok. Estou voltando para buscá-los.” - encerro a chamada sem nem dar tempo para ela falar algo mais.

Sete minutos e chego em minha casa. Passo pela cozinha onde Lydia e Daniel tomavam seu café da manhã enquanto conversavam sobre algo que não consegui entender muito bem. Samuel, meu irmão mais novo, corria pela casa arrastando sua mochila de um lado para o outro gritando “Eu tenho a força!”.

“Quem deu doce para essa criança a essa hora da manhã?” - questiono meus dois amigos que até então não haviam notado minha presença.

"Quero doces!" - ele gritou próximo de mim, me fazendo saltar de susto.

“Eu não tenho doce…” - sou sincera, mas parece que minha sinceridade não servirá de nada.

Seus olhos ficaram mais brilhantes e isso é sinal de que uma choradeira com berros de brinde surgirão em poucos instantes.

“Ok. Onde tem doces?” - pergunto para Lydia, já que ela sempre está beliscando algum doce por aí.

“Você jogou todos os meus doces fora, não se lembra?” - indaga me fuzilando com seus olhos.

E agora? Onde irei encontrar doces?

"Tem doce dentro de um potinho azul no alto do guarda-roupa!" - diz ele como se pudesse ler minha mente.

Chego no corredor e olho para a porta do quarto de minha mãe que está entreaberta. Acho que ela não está lá! Eu espero...

Entro devagar, minha mãe está no banho... Cantarolando Oh Happy Day como sempre. Tenho apenas alguns minutos para achar o pote e sair daqui sem deixar nenhum rastro de que alguém esteve aqui!

Pego o pote azul e saio deixando tudo como estava, ou como eu acho que estava. Encosto a porta de seu quarto e foi o timing perfeito para que ela desligasse o chuveiro e perguntasse se havia alguém ali.

Corro até a sala com o pote em mãos. Vejo um sorriso satisfeito surgir nos lábios de meu irmão ao notar que eu conseguira pegar os doces e que logo mais ele estaria com seus dedos açucarados.

“Bom trabalho, Al!” - Dani aplaudia enquanto levantava de seu lugar.

“Obrigada!” - agradeço fazendo algumas reverências - “Agora tenho que ir.” - pego meus livros que estavam em cima da mesa como minha mãe me informara.

“Como eu queria ver como funciona a escola humana…” - Dani comenta antes de eu sair.

“Você se arrependeria, não tem nada demais.” - conto.

“Quem sabe… Talvez meus gostos sejam diferentes dos seus!” - ele fala - “Vou falar com sua mãe a respeito disso…” - avisa.

“Faça o que quiser. Fui!” - arrumo minha mochila em meus ombros e vou - novamente - rumo ao parque.

Vinte e nove minutos para chegar em casa e pegar os benditos livros. Menos tempo para chegar no lugar marcado com Christian. Minha curiosidade já está me matando, agora para completar o pacote, estou ansiosa.

Chego na entrada do Parque Central da cidade. Não sabia que normalmente os jovens estudantes daqui de Clareon se reuniam aqui para irem juntos a escola… Fico um pouco desnorteada no meio da multidão que seguiam rumos variados até que consigo focalizar em um Escrulo loiro que sorria e vinha em minha direção.

Alice, a feiticeira #1 ::RE::Onde histórias criam vida. Descubra agora