Um conto cruel

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- Eu venho do clã de Moira, um pequeno, porém forte, clã do Condado das Montanhas, – Alexia contou. – Durante o inverno,aquela região congela, os animais se escondem e nada cresce. O alimento tem que ser estocado para a época fria, mas sempre há aqueles que não têm sequer o suficiente para o dia, quanto mais para guardar para uma estação.

"Em nosso lar, não havia o suficiente. O pai de Cantra estava em uma missão para o Conde de Moira, há mais de meses, de modo que as coisas só se tornaram mais difíceis e minha mãe não conseguia mantes a ordem. Cantra é a segunda filha nascida, na época tinha oito anos e ela lembra-se bem o suficiente dos fatos para conta-los a mim."

Alexia respirou fundo, ela tinha os olhos nas chamas, falava como se pensassem alto ao invés de está contando sua história a alguém.

"Eles estavam há uma semana sem comer nada mais que um ralo mingau de aveia, quando alguém bateu a porta. Cantra diz quedo lado de fora havia uma terrível tempestade de neve e que a eles duvidaram por muito tempo se o barulho contra a madeira da porta era um som feito por mão humanas, não parecia possível alguém ter saído de casa sobre uma tempestade tão forte, mas quando decidiram averiguar encontraram um homem parado do outro lado da porta."

"Ele pediu a minha mãe para deixa-lo entrar e se aquecer junto ao fogo e ela permitiu, segundo Cantra nossa mãe tinha um coração bondoso demais para deixar alguém sofrer na neve. Ele era um viajante,uma raça, um caçador e tinha um coelho morto pendurado no ombro, no inicio da noite deu o coelho de presente a minha mãe, dormiu no chão da sala e partiu antes de amanhecer."

Nicolas ouvia com atenção, perguntava a sim esmo se ela já havia contado aquela história a alguém além dele. Alexia trocou o bebê de seio para que ele pudesse mamar do outro, enquanto fazia isso Nicolas desviou os olhos respeitosamente e só voltou a concentra-se nela quando ela voltou-se a narração.

- Na noite seguinte ele fez uma oferta a minha mãe e foi embora deixando um punhado de verduras com ela, ela ficou terrivelmente revoltada com qual fosse o que ele tivesse lhe dito, gritou com ele em tom alto e claro e disse que não voltasse. Mas depois que o ensopado de coelho acabou e o resto das verduras se foi não havia mais o que comer então minha mãe deixou a porta de certo modo aberta e o caçador voltou.

"Ele entrou na cabana com um cervo sobre os ombros e o colocou sobre a mesa de jantar, minha mãe preparou sopa com a carne e disse que o pelo serviria para uma ou outra coisa e no fim da noite em vez de dormir no chão da sala ele dormiu no quarto junto com ela. O caçador saia de manhã cedo e voltava durante a noite com alimentos e para dividir a cama com minha mãe. Mas ninguém passou fome naquele inverno, nenhum dos meus irmãos morreram como Cantra diz que todos pensavam que aconteceria. E quando o inverno acabou ele disse que ia embora, e quando minha mãe se recusou ir com ele, ele partiu e a deixou. Grávida. De mim."

Meias-irmãs, Nicolas pensou, por isso elas eram tão diferentes.

- Todo clã tem regras independentes daquelas regidas pelos condados ou trono, apesar de que nenhuma dessas regras possa contraria a lei de regimento de nossos soberanos, isso é algo que você sabe, -Afirmou Alexia.

Nicolas concordou como se ela tivesse feito uma pergunta.

- No meu clã há uma regra que se destaca dentre as outras, e ela é bem clara nos seus dizeres: nenhum filho bastardo é merecedor de vida.

Nicolas sentiu um nó na garganta.

- Nenhuma criança gerada fora de um casamento tem direito a crescer e fazer parte d'O Clã de Moira, - continuou Alexia. – E a mulher responsável por gerar está criança deve pagar com uma escolha entre sua vida e a dela, e o homem responsável por essa criança deve ser julgado de acordo com o contexto em que ambos se envolveram. Se a mulher for solteira ou viúva o casamento deve ser imediato, se a mulher for casada a pena deve ser rígida, e a escolha da vida a seguir posta na mão da mesma.

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⏰ Última atualização: Aug 18, 2015 ⏰

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