Capítulo 2- A primeira coisa que odeio

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 Finalmente haviam chegado, o sol já estava quase desaparecendo, Alicia trouxera mais livros que roupas, observou o lugar, a casa que realmente era linda e ela tinha que concordar,cercada por uma belíssima praia,mas isso ela nem observou já que não apreciava,ou pelo menos fingia que não.

  - Bem vinda ao paraíso. – Disse a mãe

  - Bem vinda ao inferno, você quer dizer.

  Melissa apenas sorriu, sugerindo que antes de se instalarem,fossem dar uma volta pela praia. Ambas caminhavam em silêncio, Alicia apenas olhava para o chão durante todo o percurso. Até que decidiu sentar- se a beira da água, olhando o horizonte, pensativa enquanto as ondas molhavam seus pés, a mãe a observou por alguns segundos, e sentou- se ao seu lado.

  - Lindo lugar... – A mãe tentava começar um diálogo, porém a menina, nem a olhava. Esta não desistiu e continuou. – Anjo por que você nunca quer conversar comigo? Sou sua mãe e amiga, estou sempre pronta a te ouvir, a te dar colo quando precisar.

  - Não acredito que esteja me falando essas coisas. Logo você que está sempre em seu mundinho. Sempre importando- se com seus livrinhos, com o trabalho com esses benditos animais... Legal, um animal vale mais que eu. – completou, agora chorando, as lágrimas desciam insistentemente, quanto mais ela enxugava e tentava disfarçar mais elas rolavam em seu belo rosto. Parou um pouco de falar e logo recomeçou outra vez, agora mais calma. – Por que me trouxe aqui? Para não me deixar sozinha em casa, para não sujar seu tapete, quebrar seus vasos ou levar meus amigos em uma festinha? Mexer em seus livros e arquivos? Não... Já sei a resposta, você precisava vir fazer suas benditas pesquisas,neste maldito lugar, e como é sozinha, não tem com quem me deixar, dai me trouxe junto...

  - Chega Alicia, isso não é verdade e você sabe disso, sabe o quanto eu te amo e me importo com você.

  - Está certo... E você sabe o que tenho tatuado em minhas costas? Há lembrei que nem sabe que eu fiz.

  - Que história é essa de tatuagem?

  - Te pedir, lembra?

  - Mas eu não dei permissão.

  - É... Mas você é tão "presente" em minha vida, que não percebeu que mesmo sem sua permissão eu fiz. – Dizia Alicia começando a chorar novamente.

  Melissa a abraçou enxugando suas lágrimas, e deixando as dela rolarem, pedindo desculpas desesperadamente. – Anjo, mas eu quero me aproximar de você, está presente nos momentos mais difíceis de sua vida, faço de tudo pra me aproximar, como estou fazendo agora, mas você...

  - Mas eu não quero? – Interrompeu a menina, saindo dos braços da mãe. – É... Não quero mesmo, se é pra viver em seu mundinho medíocre, prefiro o meu...Agora vamos voltar, estou com fome.

  A menina ficou ainda mais indignada, ao saber que a mãe não havia feito compras e que havia de contentar- se apenas com batatas fritas e refrigerante. E olhando ao longe disse : - Vamos comer aqueles peixes ali.

  - Você sabe que eles não são peixes, e sim golfinhos.

  - O fato de eu ser filha de uma pesquisadora, não me faz saber sobre essas criaturinhas barulhentas. – E voltando- se para a mãe completou. – Essas coisinhas são os verdadeiros motivos, de sua vinda até aqui, não eu. Acabo de descobrir a segunda coisa que eu odeio.

  - Eles? E a primeira? – Perguntou a mãe amavelmente.

  - É são eles... E você... Você é a primeira. – Dizendo isso saiu correndo em direção a casa.

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