Capítulo 11- Ver estrelas

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  As crianças chegaram animadas em muralha, mas suas feições mudaram ao verem que o lugar estava aberto, havia homens dentro, parecia medir o lugar, tamanha surpresa ao saberem que o lugar que tanto amavam estava prestes a acabar. Voltaram para casa, tristes.

  O dia da grande apresentação estava chegando, e com ela a expectativa, de quem iria ser a primeira bailarina, Marcela não negava o quão grande era seu desejo de ser escolhida. Já estava quase anoitecendo, a decepção e a ideia de ficarem sem muralha, despertaram total desânimo nas crianças, que resolveram cada um voltar para suas casas.

  Mel estava quase chorando, não aceitava ficar sem seu lugar preferido, enquanto Marcela estava pensando em se destacar na apresentação. As duas vinham caladas, conversando consigo mesma, enquanto a noite caia cada vez mais.
   Porém, aquela não parecia ser mais uma noite comum, por instantes Mel sentiu um vento frio a envolver, parecia que lhe sussurrava algo.
   Ela olhou para a outra menina, como se quisesse perguntar se ela também estava o sentindo, como percebeu que a resposta ia ser não, decidiu perguntar o porquê de estar tão pensativa, porém foi surpreendida com outra pergunta.

  - Você vai mesmo fazer a apresentação do dia das mães? - Marcela perguntou.

  - Pensei em não participar, mas a professora me convenceu a ir. - Mel respondeu, como se ainda estivesse indecisa.

  - Por que pensou em não participar? - Marcela insistiu, e logo continuou a falar. - Não entendo o porquê querer ir, você não tem mãe, qual seria o sentido de estar apresentando- se para as mães alheias? Estou falando isso para o seu bem, não que eu esteja querendo te fazer desistir, é uma questão de lógica, ver todos com suas mães, enquanto a sua não estar, vai te trazer é tristeza...

  Realmente essa era a razão para que a menina não quisesse participar, mas lhe doeu muito ouvir tudo aquilo. Porém ela não quis deixar transparecer, o quanto isso a tinha afetado, e ao invés de revelar tristeza, sem querer despertou a ira.

  - O que isso tem haver? Você também não tem pai, e mesmo assim faz suas apresentações na escola, confecciona cartões inúteis para ele, e quem te garante que ele os ler? Já que te abandonou não iria querer perder tempo com bobagens, já que talvez pense que basta a bobagem já feita, que foi contribuir para te trazer ao mundo. - A menina respondeu calmamente, mas totalmente irônica.

  - Mas meu pai está vivo, enquanto sua mamãe está completamente morta... E... Ele se importa sim comigo, e até vem me visitar sempre, participa de todas as minhas apresentações e recebi meus cartões. - Respondeu Marcela já soluçando, e correu para casa.

  Ao chegar em casa Mel, foi direto ao quarto, gostava de ler quando estava triste, então pegou um de seus livros, seu livro que estava escrevendo, e uma lanterna, foi para o quintal da casa, estava escuro, sentou- se embaixo da árvore que costuma sempre ficar, olhou para o céu, que estava muito estrelado, havia chegado bem a tempo para o grande espetáculo, uma enorme bola laranja surgia no horizonte, iluminando todo o lugar, era o nascer da lua cheia.

  Após minutos observando aquela bela cena, a menina pegou seu livro, iluminou com a lanterna, começando mais uma de suas leituras, mais uma de suas fugas da realidade.

                     *** *** ***

  Aprendi a voltar para casa, assim como aprendi a retornar aquele lugar mágico, dessa vez, não irei mais chorar... Já podia até sentir o perfume das rosas. Havia orquídeas as quais não tinha visto antes, azuis as mais raras. Nem me surpreendi quando o belo cavalo alado retornou a meu encontro, parecia que realmente pertencia aquele mundo e que já vivia lá á tempos.
  Então subi, toquei pela primeira vez em sua bela plumagem, e voei junto com ele, do alto parecia muito mais lindo.

  Avistei um belo castelo, não sei como, mais era como se lá fosse meu lar, para minha surpresa, levemente o alado pousou, então desci,podia ver as águas furiosas batendo nas pedras logo abaixo, já tinha visto tudo isso em meus sonhos, ou será que estava no próprio sonho, mas parecia tudo real.

  A noite caia, não fiquei com medo, a lua cheia surgia por traz do grande muro que cercava todo castelo, e quão linda ficou quando ficou pouco acima da torre maior,que se destacava,enquanto nuvens tentavam a esconder.
   Uma linda mulher, alta, cabelos longos e pretos que pareciam brilhar ao ser tocado pelo vento, vestia um belo vestido um pouco solto, de cor preta, olhos castanhos esverdeados, sua pele pouco clara e diferente, parecia dourada, na verdade parecia até um ser angelical.

  - Está entregue... - Disse alado à mulher, que segurou minhas mãos me conduzindo para dentro do castelo, fez uma saudação despedindo- se e completou. - Até breve Angel, se precisar é só chamar.

  O céu claro iluminava os lados do castelo, estilo medieval, dava para ver perfeitamente cada canto, principalmente o belo jardim, não perdia uma só parte, era como se tivesse viajado a muito tempo,e voltasse para casa, mas que parecia tudo igual.
  No centro do grande salão, um enorme lustre, o chão material de madeira, enormes escadas, que davam para vários cômodos, me perderia facilmente.
  Então subimos a escada principal, tudo parecia tão antigo, mas totalmente bem conservado e luxuoso, quanto mais andávamos mais parecia ficar enorme e silencioso, passamos por vários corredores, por fim ela parou em um quarto e entramos.

  Ao abrir a porta, formos recebidas por um forte vento, haviam deixado as janelas abertas, a brisa do mar estava em todo o quarto, e aquele cheiro me fascinava.
  Fui até a janela, olhei para baixo, só conseguia ouvir o barulho das águas que agora pareciam bater com mais força nas pedras.

  - Não se preocupe você vai conseguir ver o mar batendo nelas. - A moça disse sorrindo.

                *** *** ***

  Mel olhava as estrelas gostava de imaginar que a mais brilhante, era sua mãe a observando e cuidando dela, e talvez fosse mesmo. Assustou- se ao notar que sua tutora estava em silencio, a olhando, esta aproximou- se, sentando- se ao seu lado.

  - Ela é a mais linda, e mais brilhante, afinal sempre brilhou. - Disse enquanto abraçava a garota, enxugando suas lágrimas. - sabia que além de ser minha melhor amiga, ou melhor, irmã o que já te faz minha sobrinha, ela ainda me deu você como afilhada, o que já me faz ser sua segunda mãe. - Completou tentando disfarçar a emoção e lágrimas ao lembrar-se de sua amiga, ao olhar para a menina, e ver que eram tão parecidas, em todos os aspectos.

  Mel entendeu o que ela estava querendo dizer, á abraçou, iria sim participar em homenagem á sua mãe que estaria presente em seu coração, e sua segunda mãe que também estaria para a aplaudir, ambas recebendo a homenagem, a mais sincera de todas as outras que fizera anteriormente, algo a dizia, que ia ser verdadeiramente diferente porém a mais especial.

  Marcela caminhava em direção a elas, sentou- se ao lado da mãe, que ainda tinha Mel nos braços, ela não pareceu importar- se, surpreendeu inesperadamente ao acariciar os cabelos da irmã, enquanto esta respondeu com um sorriso.
  As três permaneceram ali, sorrindo, conversando, enquanto observavam o céu. É importante parar e ver estrelas.

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Olá pessoinhas obrigada por ler + um capítulo... O que acharam? Se gostaram der estrelinhas... Resolvi postar 2 capítulos hj ^^

Até quarta... Abraços fraternos e fui...

O Livro de AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora