Capítulo 16- A queda de um reino

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  Havia vários homens trabalhando em muralha, limpando derrubando árvores, no dia seguinte véspera do dia das mães, os muros altos viriam abaixo e o reino de muralha, já não iria existir mais.

  - Eu quero ir á muralha, quero despedir-me do meu lugar preferido. – Disse Melissa em lágrimas.

  Então as crianças acompanhadas de Láysa foram até muralha, quão surpresas ficaram ao verem o lugar completamente diferente, o grande portão estava aberto, dessa vez estavam entrando como visitantes, e Melissa que antes pulava o grande muro, agora entrara de cadeira de rodas, isso a deixou ainda mais depressiva, lembraram-se da primeira vez que entraram ali, das trepadeiras no muro, das brincadeiras. 

  Caminharam, despedindo de cada canto, cada árvore que ainda estava de pé. A que eles mais gostavam, na qual costumavam ver o sol se pondo ainda permanecia no mesmo lugar, Melissa não queria que a derrubassem, afinal ela os proporcionou alguns dos momentos mais importantes de sua vida, até mesmo sua queda.

  - Por favor, moço, não derrubem essa árvore. – Disse Mel implorando.

  - Sinto muito mocinha... Mas são ordens, temos que respeitar.

  Alguém chegava perto, era Eduardo, ouviu o pedido da garota e também pediu para não cortarem, mas era inútil. Era meio dia do sábado, os trabalhadores pararam para o almoço, após isso terminariam de cortar as últimas árvores e por fim o muro.

  - Não se preocupe Mel, não deixarei corta-la. – E olhando-a nos olhos continuou. – Você me perdoa, por ter sido um covarde?

  Os demais saíram, ficando apenas os dois embaixo da árvore.

  - Tudo bem, eu te perdoou.

  Ele lhe abraçou fortemente, despedindo-se, pois iria embora no fim da tarde.

  - Te trouxe um presente, não sabia se você ia aceitar e muito menos perdoar-me, mas guardei. – Disse Eduardo tirando uma pequena caixinha de madeira do bolso, tinha um formato de uma borboleta de cor azul, ao abrir ouvia-se uma linda melodia, e uma graciosa bailarina começava a dançar. Também havia uma corrente com uma linda medalha, um golfinho saltitando quase tocando a lua, ele colocou no pescoço de Mel. – Amanha é o dia das mães, eu acho que a sua irá ficar muito feliz se você apresentar-se amanha para ela, você tem a luz da lua, a graciosidade da bailarina, asas de borboleta que te levarão onde quiser ir, e inteligência e beleza dos golfinhos, inteligência essa que te levará a se superar.

  Melissa ficou emocionada com o presente e com as palavras, assim pensando em sua mãe decidiu apresentar-se, e aos poucos começou a movimentar a cadeira de rodas, estava dançando enquanto o vento misteriosamente começou a soprar.

  - Está sentindo? Acho que há presença de anjos aqui... Minha mãe. – Uma grande borboleta azul pousou nas orquídeas azuis que estavam a sua frente, então Melissa sentiu o vento a levar até lá.

  Eduardo a segurou, não havia orquídeas, nem borboletas na visão dele, o fato é que Melissa havia dado sozinha, alguns passos.

  - Venham até aqui, gritava ele chamando os outros para contar a novidade, todos ficaram felizes, a abraçando, enquanto Eduardo lhe agradecia por esse grande presente que ele presenciou. Mas os risos foram cessando quando os trabalhadores voltaram a seus serviços.

  - Vocês irão ter que se retirarem. – Disse um dos trabalhadores

  - Você não pode cortar essa árvore, não pertence a vocês. – Disse Eduardo, porém não lhes davam ouvido, ele ouviu uma voz conhecida ao longe. – Meu pai está aqui, ele vai impedir.

  Eduardo chamou o pai, homem alto, olhos verdes, cabelos bem lisos e castanhos, sotaque português um pouco mais forte que o dele, deu-lhe um beijo.

  - Então esses são seus amigos? – O pai falou cumprimentando todos rapidamente, com o olhar, parecia ser bem simpático e educado, porém apressado, estava apenas vendo a movimentação do trabalho.

  - Papai espera. – Eduardo disse impedindo-o de sair. – Por favor, não deixem que corte essa árvore.

  - Mas filho, é preciso.

  - Não é apenas uma árvore. – e apontando para Mel continuou. – Ela é a dona, é por ela.

  Ele a olhou, sentiu uma coisa boa ao olhar para a menina, seu coração acelerou. – Que pena você está assim linda menina. - Então saiu, conversou com os trabalhadores e em seguida voltou. – Sosseguem á arvore fica, mas infelizmente agora o amigo de vocês vai ter que ir comigo. 

Irão demolir o muro agora, então todos iremos ter que sair.

  - Vamos assistir os muros caírem. – Disse Mel, olhando para os lados percebeu a ausência de Láysa.

  - Mamãe teve que ir embora, estávamos todos contentes com seus primeiros passos, quando ela lembrou de algo que havia esquecido no fogo, e nem deu tempo de avisar a todos. – Disse Marcela, todos riram pois lembraram o quanto Láysa era esquecida.

  - Então você deu seus primeiros passos? – Perguntou o pai de Eduardo contente. – E para comemorar isso, e a despedida de meu filho, convido a todos para tomar quanto sorvete quiserem.

  Então olharam os muros pela última vez, e saíram, observaram tristemente um reino cair, o reino de muralha.

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 Olá... Mel deu seus primeiros passos novamente, porém perdeu seu reino e seu grande amigo de uma só vez.. Será que se reencontrarão novamente? Não perca os próximos capítulos, que prometem grandes surpresas... até lá, abraços fraternos, fui...



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