Capítulo 2

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Estava no meio da pista de dança. Não me parecia ser a mesma pista da SpiceClub. Estava tudo tão mais bonito. Nossa, que cores lindas! Que luzes perfeitas! Violetas e verdes, como eu nunca tinha visto na vida. Tudo estava com um colorido diferente, parecido com aquelas fotos de photoshop. Todos olhando pra mim e sorrindo. Todo mundo feliz, sorrindo e dançando. Eles estavam se divertindo de verdade, sabe? E eu também. Era o máximo! Tava feliz como nunca havia me sentido antes. A música passava pelo meu corpo e eu fluía nesse ritmo. Todos dançando em um mesmo ritmo. A pista de dança era uma só. E de repente todos começaram a se agachar. Quer dizer, nem sei se eles estavam se agachando ou se eu que tava ficando mais alto. Sabe cena de filme? Pois é. Todo mundo à minha volta ficava mais baixo e eu lá todo feliz.

– Guilherme! Acorda meu filho! Já é a terceira vez que tô te chamando!

– Ai, mãe... Pra que acordar cedo, hoje é sábado...

– Primeiro: já passou do meio dia. Segundo: temos o almoço na casa da sua tia. Vâmo, vâmo! Levanta, um, dois!

Desde criança que minha mãe tinha esse jeito de me acordar, "Levanta, um, dois!", eu gostava.

Me levantei, escovei os dentes, tomei um banho correndo, me aprontei e já saímos direto pro carro. No caminho eu ainda estava um pouco sonolento quando meu pai me perguntou.

– Guilherme, onde você foi ontem, que chegou tão tarde?

– Ah, pai, fui pra casa da Marina.

– Sim... E quem tava lá? Só vocês dois?

– Não. Tinha mais gente.

– Quem?

– Você não conhece.

Silêncio.

– E a Marina? Ainda tá namorando?

Sabe, é muito ruim não poder ser você mesmo. Especialmente com quem a gente ama. Mas quando conversava com meus pais, eu não podia falar tudo assim escancarado. Eles ficavam rondando, querendo saber da minha vida. As perguntas sobre as namoradas eram constantes e eu nunca tinha trazido uma garota sequer pra apresentar. Dava pra ver que eles estavam um pouco ansiosos pra ter alguma informação nessa área. E daí que eles faziam essas perguntas sempre. Cada vez que perguntavam se alguma amiga minha era solteira, isso era pretexto pra falar o quanto ela era bonita e educada... Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas eu sentia que cada pergunta era feita com uma segunda pergunta por trás. "E aí, Guilherme, cadê sua namorada?".

– E então, Guilherme? Você não me respondeu. Ela tá solteira?

– Não, pai. Ela e o Pedro ainda tão juntos.

***

O domingo passou e a semana começou. Aulas novamente. Na terça, tinha marcado de almoçar com a Marina no Restaurante Universitário. A gente tinha marcado de se encontrar do lado de fora e eu escolhi um banquinho com sombra pra esperar. Logo a vi, caminhando em minha direção. Seus cabelos vermelhos brilhavam com o sol.

– Que saudade, garoto! Não some mais assim não!

Já tinha umas duas semanas que a gente não se via. Não era uma eternidade, já que desde que entramos na faculdade nossos encontros estavam bem espaçados.

– Tô com saudades também! Como é que você tá?

– Tá tudo ótimo, só esse fim de semestre, que tá uma loucura, né? Tô cheia de provas e trabalhos... E você? Como tá?

– Eu tô bem também! Já fiz mais da metade das minhas provas. – respondi enquanto espiava a entrada do RU – Bora pra fila? É que tá enchendo rápido...

Machos AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora