Capítulo 13

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– Pode falar, filhão – meu pai já tinha acabado seu segundo pedaço de pizza e estava de olho no terceiro.

Eu olhava pro meu prato.

– Fala, filho – disse minha mãe.

– É que eu não tô tendo problemas na Faculdade não, mãe...

– Alguém vai querer mais um pedaço? – perguntou meu pai.

– Não é na faculdade, filho? – perguntou minha mãe meio curiosa – Mas você tinha me falado...

– Ah, eu inventei mãe... Mas eu não tô chateado por causa disso não.

– Vou pegar só metade... Gui, você come a outra metade, ok?

– Tá, pai.

Minha mãe continuou.

– Então fala pra gente o que tá te chateando tanto.

– Tá precisando de dinheiro? – meu pai perguntou, enquanto mastigava sua pizza.

– Não... Não é isso. – eu olhava no meu prato as azeitonas deixadas de lado.

– Pode falar... – minha mãe me incentivou.

– É que... É que eu tô gostando de alguém. E não sou correspondido.

Os dois ficaram calados.

– Isso acontece, querido... – minha mãe falou depois de uns segundos.

– O nome dele é André.

***

– Mari... – eu só conseguia chorar.

– Gui? É você? Cê tá bem?

– Mari.... Foi...

– Calma, Gui... Só me diz primeiro se você tá bem? Se tá em perigo. Onde você tá?

– Tô bem. Tô no meu quarto.

– Então fica calmo... Respira. – E ela respirava alto do outro lado da linha, tentando me mostrar o ritmo.

Respirando junto com minha amiga, eu consegui diminuir a intensidade do choro e, assim, conseguir falar.

– Tá melhor, amigo?

– Uhum.

– Me conta... O que foi?

– Foi horrível, Mari... Foi horrível.

– Diz.

– Eu falei pros meus pais. Falei que sou gay.

– Oh, querido – ela tinha uma voz tão suave, que me deu vontade de chorar de novo – Quer que eu vá praí?

– Não! Quero só te contar... Pode ser?

– Pode. Conta.

– Eu falei pra eles, Mari. E eles ficaram em silêncio. Ficaram calados. Eu vi que meu pai parou de comer... Até o pedaço de pizza que tava na boca dele. Ele parou de mastigar. Era como se ele tivesse nojo de mim. Dava pra sentir!

– Ai, Gui...

– Minha mãe me perguntou "Como assim?". Disse que André era nome de homem. E eu disse que sim. Que eu tava gostando de um cara. E aí eles só evitavam meu olhar. Eu olhava pra eles, mas eles não olhavam pra mim... Foi muito ruim. Aí...

Eu comecei a chorar de novo. Respirei fundo. Inspira, expira, inspira, expira.

– Aí meu pai vira e pergunta "pra onde que você tá indo todas essas vezes que você sai? É pra fazer coisa de gay?". "Coisa de gay", Marina! Desse jeito! Ele nem queria saber quem era o André... Nem queriam me ajudar! Eles só tavam preocupados por eu ser gay. O fato de eu estar sofrendo era nada pra eles! Nada!

Machos AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora