Capítulo 10

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No outro dia, acordei bem cedo. Acordei cedo porque não tinha nem conseguido dormir direito. O que não significava que eu não tinha sonhado. Sonhei acordado a noite toda. Sonhei com o que tinha acontecido. Eu repassava em minha mente cada momento, cada segundo do dia anterior, e ficava feliz quando a história ia se desenvolvendo até chegar ao ponto perfeito entre mim e André. Na minha cabeça tudo fazia sentido agora. Eu nem me importava com a briga com meus pais ou com a Marina. Nem mesmo o castigo me fazia reclamar mais, porque tudo tinha sido uma pequena peça na constelação de acontecimentos que tinham culminado no momento mais perfeito da minha vida. Minha mente foi repassando essa história várias e várias vezes na semana.

– O que me diz, Guilherme? – disse uma voz.

Percebi que o professor e todos na sala olhavam em minha direção.

– Desculpa, o senhor pode repetir a pergunta? – respondi ao professor.

– Pois não... O que o senhor acha da – e ele falou alguma coisa ininteligível aos meus ouvidos.

– Eu... – procurei sem sucesso alguns olhos amigáveis na sala – Eu não tenho opinião sobre isso.

O professor apenas me ignorou e continuou a aula. Eu nem me abalei. O balanço, a areia, o peso, tudo voltava à minha mente... Peguei o celular e mandei uma mensagem.

"Bom dia! Bora matar o segundo horário?"

Alguns minutos depois.

"Bora! Te encontro no estacionamento?"

"Fechou!"

A aula acabou um pouco mais cedo e eu fiquei num banco em frente ao estacionamento. Tava lá esperando Dé e sentindo o vento refrescar um pouco o calor que já fazia antes mesmo das dez da manhã, quando vi Alex vindo em minha direção.

– Bom dia! Esperando a aula?

– Oi, Alex! Bom dia! Hoje não vou pra segunda aula não.

– Ah, tá! – se sentou ao meu lado – Tá tudo bem?

– Tudo e você? Aula de que hoje?

– Constitucional 2. Hoje tem revisão pra prova... Por que você vai matar hoje?

– Ah, a matéria é chata e eu e o Dé vamos passear.

– Hum... Bacana.

Eu olhava pro Alex e via que ele não tinha a menor ideia de que eu e Dé estávamos juntos agora! Como eu queria contar pra ele! Queria contar pra todo mundo!

– Eu vou indo lá então... Talvez a gente se vê mais tarde? Essa semana?

– Fim de semana talvez, ok? A gente se fala.

– Beleza! – me deu um beijo.

– Boa aula, Alex!

Ele foi embora sem saber... Mas pouco importava. Eu sabia e isso já me bastava! Pouco depois André chegou e buzinou. Fui pra perto do carro e conversei pela janela.

– Bom dia! – disse com um sorrisão.

– Sobe aí! – falou ele.

Entrei no carro e já fui dar um beijo nele. Ele me deu um beijo de lado, enquanto já fazia o carro andar.

– E ai? Dormiu bem? – perguntei.

– Dormi sim! E você?

– Também... – respondi – O que cê quer fazer?

– Sei não... Tem alguma ideia?

– Bora pra perto do Lago? No calçadão?

– Bora... – ele ligou o som pra tocar uma música qualquer do Chico e depois colocou a mão na minha perna.

Machos AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora